Brice Portolano
(Versión en español en los comentarios)
Infelizmente celebramos o dia da Mulher. Infelizmente, já em pleno séc. XXI, ainda há que chamar a atenção para a igualdade em dignidade da mulher em relação ao homem. Infelizmente ainda há tantas mulheres que recebem menos que os homens pelo mesmo trabalho. Infelizmente ainda há tantas mulheres que são abusadas: no trabalho, em casa, no seu Ser. Infelizmente ainda há tantos homens que consideram a Mulher como o objecto ao seu serviço. Infelizmente ainda temos de celebrar o dia da Mulher.
Há muitas considerações sobre a criação da mulher a partir da costela de Adão. No relato do Génesis (2, 21-25) pode parecer, numa leitura meramente superficial, que aquando da criação há uma superioridade do homem em relação à mulher. Engano, se se segue essa leitura! O relato mostra-nos a criação do ser humano como comunidade. Mais do que se completar, ambos, mulher e homem são complementares um ao outro. Quando o homem expressa que a mulher que acaba de ser criada é “carne da minha carne, ossos dos meus ossos”, afirma que a mulher, tal como ele, é igualmente frágil (a ideia de carne como fragilidade, como aquilo que é temporal) e igualmente forte (a ideia dos ossos como força, como duradouro). Pode-se dizer que esta formulação corresponde a uma aliança... a tal complementaridade.
Sim, infelizmente temos de celebrar o dia da Mulher. Não deveria ser necessário. Mas já que o é: um abraço a todas as mulheres da minha vida, agradecendo tudo o que delas recebi e recebo.