domingo, 30 de setembro de 2007

Série Músicas que arrepiam XXIII

Cansaço
(Amália Rodrigues)
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carregar AQUI para ouvir

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"Por trás do espelho quem está
De olhos fixados nos meus?
Alguém que passou por cá
E seguiu ao deus-dará
Deixando os olhos nos meus.
Quem dorme na minha cama,
E tenta sonhar meus sonhos?
Alguém morreu nesta cama,
E lá de longe me chama
Misturada nos meus sonhos.
Tudo o que faço ou não faço,
Outros fizeram assim
Daí este meu cansaço
De sentir que quanto faço
Não é feito só por mim."

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Sporting - SLB

Preferi ontem suportar o dilúvio a entrar protegido na Luz pelo único blusão (Encarnado) que tinha em casa para a chuva.

O Benfica consegue causar um ou dois sustos no início, mas depressa nos apercebemos que Camacho tem razão, falha a concretização e nem em ameaça se torna.
As equipas têm de entrar em campo para vencer, o Sporting pode reclamar superioridade, mas não foi isso que foi à Luz mostrar.

Muitas bolas no ar, em várias ocasiões os jogadores de futebol pareciam ginastas ritmicos. Momentos de tédio.

Há alguém em Portugal a treinar lances de bola parada?
E jogo aéreo?

E árbitros? Katsouranis domina a bola com a mão na grande área encarnada, isto é o quê, crochet?

Miguel Veloso: porque não assinamos um acordo vitalicio com ele? Vai ser mais uma perda enorme para o clube.

Yannick Djaló a precisar de ficar uns tempos no banco para recomeçar a jogar com garra. Esforçado e no sitio certo, recebeu 2 ou 3 passes que o colocaram numa situação de xeque-mate a Quim e Falhou.
Sempre um dos melhores em campo, Polga um dos mais temíveis defesas do momento, é perfeito. Admirável a calma e tranquilidade do seu jogo.
Nuno Gomes foi dos melhores jogadores em campo ao serviço do Sporting, recebeu uma ovação por falhar a baliza aberta.
O voo da águia no início do jogo é das coisas mais bonitas que vejo. As majorettes axe girls são ridiculas e não acredito que alguém escolhe um roll on ou ou um spray a pensar nelas, é um modelo norte-americano importado, um daqueles casos de o que resulta lá fora não pega cá dentro, nem distrair conseguem. Quem é que quer ver babes quando há uma primeira parte inteira para falar?

Dois consensos no estádio: quando os Lobos entraram no intervalo e quando o Rui Costa sai perto dos 90m. Aplausos.

Os Diabos Vermelhos mostram que sabem ser sincronizados, entrar no tom e no tempo certo, afinados. Mesmo leão, reconheço ser bonito ouvir, sempre que há pontapé de baliza, o sonoro Filho da **** da claque. Podiam ir dar umas lições ao coro de São Carlos.
Os very lights continuam a passar pela segurança. Mesmo com policias paisanos no meio, não conseguem fazer frente a uma claque. Vergonhoso.

sábado, 29 de setembro de 2007

A paz sem vencedores e sem vencidos






Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
A paz sem vencedor e sem vencidos
Que o tempo que nos deste seja um novo
Recomeço de esperança e de justiça.
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Erguei o nosso ser à transparência
Para podermos ler melhor a vida
Para entendermos vosso mandamento
Para que venha a nós o vosso reino
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Fazei Senhor que a paz seja de todos
Dai-nos a paz que nasce da verdade
Dai-nos a paz que nasce da justiça
Dai-nos a paz chamada liberdade
Dai-nos Senhor paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos


Sophia de Mello Breyner



Medo... Muito medo...

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

467 anos



Companhia de Jesus

Aprovada por Paulo III em 27 de Setembro de 1540



Estou com os monges da Birmânia

Incrivel:
«Myanmar: mortos e pânico na rua
Foram tiros para o ar, de advertência, para dispersar cerca de 70 mil manifestantes. Mas há vários mortos, entre eles um repórter fotográfico japonês. Soldados usaram gás lacrimogéneo e polícia agrediu com bastões cerca de mil pessoas que protegiam quatro monges. Durante a noite terão sido detidos entre 200 e 500 monges budistas.»

Ora pensem lá

Are You the Favorite Person of Anybody?

Hibernar

Deviamos poder dizer e fazer:
Vou hibernar, volto depois de 15 de Abril. Até lá....

Infelizmente é o que temos

Amanha é a votação no PSD e apenas uma ideia se retira desta campanha eleitoral: aparentemente, há índios nos cadernos eleitorais, ou que estes são falsos, manipulados ou confeccionados à medida de um dos candidatos e , e uma conclusão: não temos oposição, nem da esquerda e, muito menos, da direita.
O PSD não tem uma ideia para o país, e quem o pretende dirigir não se preocupou em defender uma, qualquer que ela seja. A única coisa que se retira destes meses de campanha, do maior partido da oposição, é que preferem discutir cadernos eleitorais e questões indígenas a olharem, analisarem e proporem qualquer coisa de útil para o país.
O BE perder o histerismo juvenil, o PCP está velho e acabado, o CDS deve estar, com certeza, em profunda analise ao desaire eleitoral nas eleições de Lisboa.
E assim vai o PS, fresco e fofo, comandando os destinos da nossa tão ditosa Pátria…

Pedro Santana Lopes



Pedro Santana Lopes, ontem, em entrevista à SIC Noticias decidiu abandonar a entrevista depois de ter sido interrompido por um directo sobre a chegada de José Mourinho ao aeroporto de Lisboa.
Foi uma decisão com a qual concordo na totalidade. Não me parece correcto que se interrompa um ex-primeiro-ministro para um directo com um treinador de futebol, quando, mais para mais, ele era convidado para aquela entrevista.
Os jornalistas acham que podem fazer o que bem entendem. Porventura, José Mourinho interessa mais aos portugueses que Pedro Santana Lopes e foi essa a decisão editorial. Mas depois não podem vir os órgãos de comunicação social queixar-se da fraca cultura portuguesa e do pouco ou nenhum interesse pelos destinos do país. Bem, parece que este foi um exemplo do muito mau que temos no país, um exemplo do mau jornalismo que Portugal tem e com o qual tem de acordar todos os dias.
Contudo, Pedro Santana Lopes não é um santo e não tomou a decisão de abandonar a entrevista a meio por pura inocência. Santana Lopes conhece bem o funcionamento do mundo mediático e quais as consequências da sua atitude.
Apesar disto, nada justifica o que a SIC Noticias fez.
Boa Santana!

Flop Televisivo

A cena de Santana Lopes ontem na Sic Notícias é memorável e seria bom se levasse os media a reflectir. Fica a dúvida se Santana Lopes, eximio na arte de sugar os media, ali reagiu sentindo a sua aurea de vedeta nº1 atingida ou se indignado, como ele diz e muito bem, com o estado dos media em Portugal. Talvez tenha feito mais naqueles poucos segundos por Portugal do que o seu Governo. A ver as implicações, se é que vão haver!

Aqui ou aqui.

Cimeira dos Açores


Uma fotografia que envergonha e para a qual, com certeza, ainda não estão esgotadas todas as consequências da mesma.
A lembrança surge na sequência da divulgação de uma acta secreta de uma reunião entre Aznar e Bush. Mas nem precisava, todos os dias somos lembrados através de imagens do Iraque, deste triste acto.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Lobos

Está a decorrer uma votação a nível internacional para eleger a equipa que mais impressionou no mundial de Rugby. Neste momento Portugal está em 2º lugar atrás da Namíbia. A Selecção Portuguesa foi a única equipa amadora presente no Campeonato do Mundo.

Wich of the RWC 'minnows' impressed you most? Para votar no site http://www.planetrugby.com/, mesmo ao fundo da página!

Alturas e baixezas

O espectáculo a que se tem assistido no PSD é uma desolação, não consigo perceber onde é que se pretende chegar com este desgaste permanente e demolidor, o candidato Luís Filipe Menezes parece achar que é melhor queimar tudo a deixar o lugar a outros. Marques Mendes pode não protagonizar uma oposição brilhante, - mas quem é que foi um opositor brilhante? - mas foi um governante responsável, uma pessoa com sentido de Estado e que muitas vezes teve um papel importante na história do partido em momentos bem difíceis. Menezes aparece sempre a provocar confusão, a atirar-se para a frente sem ver o chão que pisa, um dia diz uma coisa, no outro o contrário, no seguinte o que for preciso para desfazer a embrulhada. Pelo caminho, um rasto de danos difíceis de reparar. Se está a fazer um bom lugar em Gaia, que se deixe lá estar. Não chega aos calcanhares de Marques Mendes, mesmo que tenha mais um palmo de altura.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Não parece melhorar...

Pelo que tem sido o elevado debate para as eleições do futuro presidente do PSD e quer ganhe um ou outro candidato, diria que se qualquer um deles fosse eleito primeiro-ministro uma das suas primeiras medidas só poderia ser a “limpeza” dos cadernos eleitorais do país. Pelos vistos, sobre esta matéria têm elevada experiência…

Não é sexta feira mas com esta música bem podia ser!


Superstars II
(David Fonseca)

Da Coerência

"Ahmadinejad foi a Columbia. Espantaram-se uns, indignaram-se outros. Não foi o caso de John Coatsworth, Dean da universidade. Coatsworth assegurou que teria convidado Hitler para ‘debater as suas ideias com os estudantes’. Como se verá, há uma espécie de coerência metodológica nas acções e desejos de Coatsworth.

Quando Ahmadinejad garantiu que não havia homossexuais no Irão, a plateia local riu-se. No entanto, quando Ahmadinejad assegura que o programa nuclear iraniano não se destina a fins militares, a plateia global leva-o a sério. É possível –até provável– que entre os presentes no auditório predominasse um sentido de humor macabro. Alguns poderão até ter sido movidos pela mesma curiosidade que atraía multidões aos freak shows vitorianos, agora para ver o ‘monstro de Teerão’.

O presidente de Columbia manifestamente não achou graça nenhuma e disse a Ahmadinejad: ‘when you come to a place like this, this makes you quite simply ridiculous. You are bracingly provocative and astonishingly uneducated." Eu também não percebo a piada; menos ainda compreendo que nenhum daqueles estudantes tenha pedido a Ahmadinejad para explicar por que razão não existem homossexuais no Irão –ou opositores à teocracia islâmica. Como este género de questão parece ser difícil para os estudantes de Columbia, dou uma ajuda: as cerca de 250 execuções políticas no Irão –só desde Janeiro deste ano– registadas pela Boroumand Foundation e recordadas hoje por Anne Applebaum mostram que a teocracia iraniana adoptou uma bem conhecida solução para o problema colocado pelos indesejáveis políticos e sociais.

Afinal, a presença de Ahmadinejad em Columbia não é descabida e permite compreender melhor a acções e desejos de Coatsworth: Ahmadinejad foi o convidado possível de uma série de conferências que gostaria de ter realizado, começando com Hitler e continuando eventualmente com Stalin, Ho Chi Minh e outros criminosos políticos. Por isso, perguntar se Ahmadinejad devia ou não ter estado em Columbia é um problema de segunda ordem. O problema primordial é que indivíduos como Coatsworth não são hoje chamados pelos nomes que teriam –colaboracionistas, hipócritas– se há meio século atrás se lembrassem de convidar Hitler para fazer propaganda em anfiteatros académicos ocidentais.

Este perigoso equívoco taxinómico e político vai alimentando as ilusões de indivíduos possuídos por visões de cataclismos purificadores, que eliminem de uma vez homossexuais, judeus e todos os que não terão lugar no paraíso na Terra. Alguém devia ter explicado aos estudantes de Columbia que também eles constam da lista de indesejáveis de Ahmadinejad. Quanto a explicar a Coatsworth o que é que aconteceria aos seus pares em Teerão caso tivessem a peregrina ideia de convidar o presidente americano para um debate académico, não creio que valha a pena: o problema não é falta de informação; é falta de carácter."

Galerias Romanas

As Galerias Romanas da Rua da Prata, que só podem ser visitadas uma vez por ano, vão abrir ao público nos dias 28, 29 e 30 de Setembro, no âmbito da programação das Jornadas Europeias do Património. O monumento poderá ser visitado gratuitamente entre as 10h00 e as 18h00 e a entrada será feita pela Rua da Conceição, junto ao nº. 77. O acesso às galerias será feito em grupos de 30 pessoas, orientados por técnicos do Museu da Cidade, que irão dar a conhecer uma rede de galerias perpendiculares de diferentes alturas, provavelmente utilizadas na época imperial romana para armazenamento e trabalhos técnicos.
Descobertas 16 anos depois do Terramoto de 1755 no subsolo da Baixa de Lisboa durante os trabalhos de reconstrução da cidade, as Galerias Romanas terão sido edificadas entre o século I a.C e I b.C, tendo em conta as suas características arquitectónicas e construtivas.
Mas atenção: a última entrada é às 17h30 e, dependendo do número de visitantes, a fila poderá encerrar antecipadamente!

sábado, 22 de setembro de 2007

Quatro ícones para os Exercícios Espirituais

Quatro pinturas para as quatro semanas dos Exercícios espirituais, de Josep Asunción e Gemma Guasch, Barcelona. .
"Vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus." (Col 3, 3) . É possível ver uma silhueta, tanto masculina como feminina, porque Deus assumiu a totalidade da condição humana, abrangendo tudo e todos. Foi inspirada numa talha amputada de um Cristo românico. Os braços têm de ser completados por nós assim como os traços do rosto. .
1. "Sentir o conhecimento interno das desordens das minhas operações." [EE 63] O caos inicial. Forças ascendentes e descendentes, impulsos contrapostos, manchas, coágulos, núcleos densos por libertar no interior de cada um. .
2. "Pedir conhecimento interno do Senhor que, por mim, se fez homem, para que mais o ame e o siga." [EE 104] A emergência da silhueta humana. Também a de Cristo o modelo da humanidade-divina. Mas também a gestação quase como um feto recoberto pelo sangue de uma placenta. .
3. "Considerar como a divindade se esconde." [EE 196] A noite e a escuridão onde nos perdemos. Ao mesmo tempo, o meio por onde avançamos para além de nós mesmos e das evidências em que nos poderíamos instalar. .
4. "Considerar os verdadeiros efeitos da ressurreição." [EE 223] Finalmente, a luz. Branco sobre branco donde a Vida e a Palavra começam de novo. Esta irrupção é o resultado de complexos processos que ao fim rasgam o véu do Desconhecido.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Série Músicas que arrepiam XXII


Avec le temps
(Léo Ferré)

"Avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
on oublie le visage et l'on oublie la voix
le cœur, quand ça bat plus, c'est pas la peine d'aller
chercher plus loin, faut laisser faire et c'est très bien
avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
l'autre qu'on adorait, qu'on cherchait sous la pluie
l'autre qu'on devinait au détour d'un regard
entre les mots, entre les lignes et sous le fard
d'un serment maquillé qui s'en va faire sa nuit
avec le temps tout s'évanouit
avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
mêm' les plus chouett's souv'nirs ça t'as un' de ces gueules
à la gal'rie j'farfouille dans les rayons d'la mort
le samedi soir quand la tendresse s'en va tout' seule
avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
l'autre à qui l'on croyait pour un rhume, pour un rien
l'autre à qui l'on donnait du vent et des bijoux
pour qui l'on eût vendu son âme pour quelques sous
devant quoi l'on s'traînait comme traînent les chiens
avec le temps, va, tout va bien
avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
on oublie les passions et l'on oublie les voix
qui vous disaient tout bas les mots des pauvres gens
ne rentre pas trop tard, surtout ne prends pas froid
avec le temps...
avec le temps, va, tout s'en va
et l'on se sent blanchi comme un cheval fourbu
et l'on se sent glacé dans un lit de hasard
et l'on se sent tout seul peut-être mais peinard
et l'on se sent floué par les années perdues - alors vraiment
avec le temps on n'aime plus"

.

José Saramago juntou-se ao músico catalão Jordi Savall para uma edição de luxo, a gravação das Las 7 últimas Palabras de Cristo en la Cruz de Haydn com reflexões do pensador português a partir do evangelho.

"... Les Sept Dernières Paroles du Christ sur la Croix" de Joseph Haydn, voici une des œuvres musicales les plus représentatives du "Siècle des Lumières".
"Revenant au contexte originel dans lequel furent créées ces compositions de Haydn et leur association directe à une réflexion sur les sept dernières paroles du Christ, il nous a paru juste de confier cette responsabilité à deux grands maîtres de la pensée spirituelle et humaniste de notre temps; Raimón Panikkar et José Saramago complètent les brèves citations du texte évangélique par des énoncés et des commentaires qui reflètent leurs profondes convictions spirituelles et humanistes. Ces réflexions d'une beauté et d'une profondeur intenses nous permettrons, au-delà ou peut-être grâce à leur différence radicale, de percevoir de manière rénovée le message spirituel et esthétique qui est inhérent à ces émouvantes Sept Dernières Paroles du Christ sur la Croix, converties par la force de la sensibilité, de la compassion et de l'empathie, en Sept Dernières Paroles de l'Homme..

Haydn é dos homens mais sortudos dos tempos, foi amigo de Mozart e mestre de Beethoven.

O Cristo de Saramago é o Cristo Homem, com certeza o que se enfurece com toda a maldade. Não sei, a ler ainda.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

0-1


Força Leão

O Sporting joga hoje com o Manchester United. O que eu quero? Quero primeiro que o Sporting ganhe, quero depois um grande jogo e uma grande exibição. Depois quero não sentir o que o Ronaldo e o Nani nos fizerem! Quero também para eles o aplauso que o Rui Costa recebeu ontem ao regressar à sua casa em Milão. Depois quero acabar a noite a comemorar.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Estive na arena do Coliseu para assistir ao 5º ou 6º regresso dos Massive Attack a Lx. Esta banda que reinventou a música, fazendo por Bristol o que os Beatles fizeram por Liverpool e os Nirvana por Seatle (e JC por Belém... ai blasfemo!), veio experimentar em Lx um novo som e novas músicas. O som está mais puro, perfeito em palco, parecendo haver uma separação nitida entre as vozes (são 5, entre elas o melhor reggae actual de Horace Andy ao cristal de Elizabeth Frasier dos Cocteau Twins) e a violência em que a melodia electrónica resvala entre os acordes do rock reinventado pelos Smashing Pumpkins. Muito bom mesmo e a valer a eterna resistência de sair do burgo e deslocar-me a lx.

Esta coisa de definir o maior numa área tão dependente de opções estéticas ... é pelo menos o meu Favorito

Hairspray




Acabei de chegar do cinema… Fui ver o Hairspray.


Curioso como um filme, à partida light, pode dar tanta informação saudável. De facto, mais do que a imagem que possa transparecer, importa o que sou e o que posso dar. Hoje somos bombardeados com glamour e imagens a seguir, que em muito pouco são compatíveis com a verdade mais profunda da integridade do ser humano. Ter o corpo esbelto, esta ou aquela cor, até mesmo uma orientação sexual (para recordar os posts sobre o Brokeback Mountain), não faz ninguém nem melhor, nem pior ser humano. A diferença ao nível humano, seja ela qual for, não deve representar nem inferioridade, nem superioridade.


Já quando vi o The Devil Wears Prada fiquei com a sensação de ser um bom filme para mostrar, sobretudo aos mais novos, em como há coisas a não abdicar por uma carreira melhor, porque de facto pode-se ter tudo, mas no fundo ser nada…


Enfim, filmes sem grandes argumentos, mas que também me serão úteis no futuro…





segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Sobre a visita do Dalai Lama

Não quero defender aqui qualquer recusa em recebe-lo, apenas chamar a atenção para algo que parece passar ao lado nos comentários que tenho ouvido e lido. O Dalai Lama foi recebido na AR por Jaime Gama e por uma comissão parlamentar. Jaime Gama enquanto Presidente da AR continua a ser o n.º 2 na escada hierárquica nesta triste república. Se ninguém lhe dá importância, esse já é outro assunto.

Série "Músicas que arrepiam" XXI


He was a friend of mine
(Willie Nelson)

Ontem na RTP

"(...) passou o Brokeback Mountain de Ang Lee (...). Brokeback Mountain possui o "concentrado" típico da tragédia clássica. Ao longo de vinte anos dois homens mantêm, apesar dos filhos e das esposas, uma relação "nascida" no acaso de um trabalho solitário a tomar conta de ovelhas numa remota montanha americana. Depois cada um segue a sua vida familiar, de trabalho e de mentira, incompreensivelmente (do ponto de vista deles) apaixonados um pelo outro até ao pathos final. Não é, por isso, um filme "maricas" sobre "maricas". É um filme sobre a solidão humana e o medo do desejo do "outro". Brokeback Mountain é um lugar para o qual dois homens fugiam da vida como ela estupidamente é. Para um deles, ainda havia o "México", a rua anónima. Numa dessas escapadas, Jack é, par delicatesse, liquidado fisicamente. Não tinha, aliás, andado a fazer outra coisa senão rodeos com a morte, a designação em carne viva de uma vida impossível. De facto, aos mortais nada é dado de graça."
.
por João Gonçalves in Portugal dos Pequeninos

30 anos de silêncio

Maria Callas in Pasolini's 'Medea'
.
Faz hoje 30 anos que Maria Callas morreu sozinha no seu apartamento de Paris, onde se recolheu após a morte de Onassis em 1975. A tristeza dos últimos anos, a solidão e o desencantamento fizeram de Callas a heroína na sua própria tragédia, depois de anos a dar voz aos tormentos alheios.

domingo, 16 de setembro de 2007

Ainda no registo do amor...



Foto: Isabel Gomes da Silva




O meu amor não cabe num poema – há coisas assim,

que não se rendem à geometria deste mundo;

são como corpos desencontrados da sua arquitectura

ou quartos que os gestos não preenchem.


O meu amor é maior que as palavras; e daí inútil

a agitação dos dedos na intimidade do texto –

a página não ilustra o zelo do farol que agasalha as baías

nem a candura da mão que protege a chama que estremece.


O meu amor não se deixa dizer – é um formigueiro

que acode aos lábios como a urgência de um beijo

ou a matéria efervescente dos segredos; a combustão

laboriosa que evoca, à flor da pele, vestígios

de uma explosão exemplar: a cratera de um corpo,

a levantar-se, deixa sempre na vizinhança de outro corpo.


O meu amor anda por dentro do silêncio a formular loucuras

com a nudez do teu nome – é um fantasma que estrebucha

no dédalo das veias e sangra quando o encerram em metáforas.

Um verso que o vestisse definharia sob a roupa

como o esqueleto de uma palavra morta. Nenhum poema

podia ser o chão da sua casa.


Maria do Rosário Pedreira

sábado, 15 de setembro de 2007

O amor tem sempre dúvidas, mas só não resiste aos silêncios

"tu m'aimes parce que je suis là. Mais s'il faut traverser la rue pour me rejoindre, tu serais perdu" (não me lembro em que filme ouvi, ficou gravada a despedida...)

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

E a alma possuirá esse esplendor prometido nas formas que perdemos

"O amor quer expor-se a si mesmo, quer fundir-se com a sua vìtima como o vencedor com o vencido, sem abrir mão das prerrogativas do vencedor." Charles Baudelaire




Há relações em que um tem um carácter mais vulnerável e sensível. Na maior parte das vezes, é ele o elemento disturbador da relação, é dele que emana o perigo. Ao mesmo tempo, ele desvaloriza o perigo, enquanto que na outra parte, o sentimento de tristeza e desentendimento vai crescendo até que um dia estoira. Há um basta que surge! O processo é lento e doloroso. Não está nem nunca estará em causa o Amor, esse julga-se eterno, e de facto será. Está em causa um pormenor mas em si mesmo uma condição necessária. Quando se dá a ruptura, o vulnerável é apanhado de surpresa! É algo que não esperáva porque em si, sabe que o Amor, o Desejo e a Paixão estão lá.


Fico incrédulo assistir a isto tudo, ver acontecer sem que o manto de passividade seja rompido. Parece simples bastar corrigir o que está errado! Porém, para o vulnerável o bem mais precioso, embora essencial, não é o Amor. Por isso esta coisa de quase o desprezar, não lhe atribuir importância. O Forte, percebe então que o Amor não é invencível.


O Forte almeja o Amor e o Vulnerável secundariza-o. Faz sentido!

Post Transição

É sempre difícil escrever a seguir ao Paulo SJ. Tinha coisas que de repente pareceram fait-divers. Pensei no meu Sporting, do regresso da Companhia das Rosas da Anne Teresa de Keersmeker no CCB, até no murro de Scolari (e aqui, bastante mais importante do que o murro ou do gesto atacante, é esta coisa de perdoar, perdoar porque o que Scolari mostra é: não há alguém que esteja isento de um dia perder a cabeça). A melhor transição é Sophia e ela mesma, a alavanca para o próximo post. Esta outra coisa de julgarmo-nos eternos no Amor.

Se todo o ser ao vento abandonamos

E sem medo nem dó nos destruímos,

Se morremos em tudo o que sentimos

E podemos cantar, é porque estamos

Nus em sangue, embalando a própria dor

Em frente às madrugadas do amor.

...

Mas por tudo de quanto ressoei

E em cujo amor de amor me eternizei.

Partilhando sobre estes Exercícios Espirituais...




Foto: Pedro Mendes Bastos



A presença dos céus não é a Tua,

Embora o vento venha não sei donde.



Os oceanos não dizem que os criaste,

Nem deixas o Teu rasto nos caminhos.



Só o olhar daqueles que escolheste

Nos dá o Teu sinal entre os fantasmas.



Sophia de Mello Breyner




O essencial...



De regresso…


Ontem cheguei dos meus Exercícios Espirituais (EE) anuais. Uma semana de retiro em silêncio… Pensei, reflecti, meditei, contemplei…


Sem querer acabei por reler (mais uma vez) durante os EE “O Principezinho”. Estive na casa dos meus pais, em Portimão, e tinha-o lá na estante do quarto. Resolvi trazê-lo para Braga, acabando por levá-lo para os EE. Santo Inácio começa os EE por dizer, entre outras coisas, que não é o muito saber que sacia a alma, mas o saborear as coisas internamente. Além dos textos bíblicos, saboreei o livro… Lia dois ou três pequenos capítulos por noite e deixava-os entrar cá dentro. Desta vez, tocou-me a tónica da Amizade. Cativar é criar laços lá diz a raposa…


Tenho pensado em muitas coisas dentro da minha vocação. Uma delas passa precisamente pela Amizade. Nestes quatro anos tenho conhecido muitas pessoas, seja de forma mais ou menos esperada, seja de forma completamente inesperada. Nada de extraordinário, à partida. Mas para mim, acaba por ser… Dou cada vez mais importância ao relacionamento entre as pessoas. Vou sentindo o quanto a dimensão afectiva é importante. E não no sentido "melodramático-meloso"… No sentido mesmo profundo da Amizade, em que contamos com alguém e esse alguém se torna especial por este ou por aquele motivo na nossa vida. Em que se pode rir, chorar, estar simplesmente no silêncio a passear na praia, a descobrir os últimos acontecimentos da vida de cada um. E dizer, mesmo do fundo do coração que se Ama a outra pessoa. E não ter nada que ver com paixão, mas simplesmente Amar porque a outra pessoa é alguém especial na sua vida. E dar aquele Abraço que marca… Que diz, mesmo que não nos vejamos daqui a uns tempos, Estamos Juntos.


Afinal só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos…


Para os meus amigos, com quem me sinto cativado e de forma especial para o Pedro, agradecendo as boas conversas que tivemos enquanto passeávamos pela praia.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

INACREDITÁVEL!

Uma vergonha! O murro de Scolari a Dragutinovic atingiu a cara de todos os portugueses. Comportamentos destes não podem ser tolerados e menos ainda se partirem de quem deve dar o exemplo. A miserável prestação da Selecção Portuguesa em campo terminou com um acto vergonhoso. Scolari devia pedir desculpas aos portugueses e concluir que o seu trabalho por aqui está terminado. O orgulho deu lugar à desilusão.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

The Police


Falta pouco para o que já se avizinha como uma data que irá ser lembrada por muito tempo. Um dos grupos fundamentais da história da música, passados 25 anos, com outra postura em cima, reúnem-se para nós. Foram 5 álbuns perfeitos para 6 anos de existência e de conflito entre egos. A voz supersónica e o contrabaixo de Sting, Andy Summers na Guitarra e Stewart Copeland na Bateria. Criatividade, talento e musicalidade a rodos, tanta que não cabia em tudo o que desejavam fazer. Mistura de Jazz, Reggae e Punk, com letras saídas da imaginação erudita de Sting (o último álbum Synchronicity é inspirado em Carl Jung). A explosão dá-se logo de início com Roxanne. O resto é a nossa história, tanto que da familia, vamos estar lá pelo menos 3 gerações, naquele dia pelo menos sem qualquer gap generation.

11/9


É curiosa a forma como cada um guarda o 11 de Setembro. Chegou a haver discussão em torno de "como é que este dia iria ficar conhecido?". Ficou o September eleven. Há desde logo um aproveitamento abusivo do que se passou. EM vez do espectáculo, guardo a inquietação quanto ao que se seguiria. Tal como foi menos o que aconteceu do que o gerou, está mais presente 6 anos de Bush, aeroportos, insegurança, n atentados depois, milhares de mortos, do que propriamente aquele dia. E porque foi muito violento, houve um momento em que já parecia demasiado. O mundo Ocidental não estava preparado para assistir a tanto. Dois aviões em NY, outro na Pennsylvania, ainda o Pentágono, as torres a desabar, todo o relato ao vivo na televisão e por amigos e colegas. Estava em causa um momento de puro desconcerto, por um momento ninguém podia saber o que se seguiria. Puro desnorte.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Bravo, brevíssima


A Paula Rego vai ter uma mega exposição, uma retrospectiva da sua obra, no Centro de Arte Rainha Sofia em Madrid. É mais do que motivo para 5h de condução!

Regressa

Vuelve a menudo y tómame,
amada sensación, regresa y tómame.
Cuando la memoria del cuerpo despierta,
su viejo deseo vuelve a rodar en la sangre;
cuando los labios y la piel recuerdan
mis manos sienten como si tocaran de nuevo.
Vuelve a menudo y tómame, en la noche,
cuando mis labios y mi piel recuerdan...
Versão de César Conti


O poema é de Constantin Cavafis, em castelhano quase que mais erótico. A lingua portuguesa presta-se pouco ao erotismo. Ou talvez esteja enganado e falta-me conhecer ainda muita coisa.

Breves

Depois do empate de sábado o animo subiu com 3 belos momentos.


Asafa Powell bateu-se a si mesmo, no record da velocidade nos 100mt. Feito ainda maior porque numa eliminatória e não numa final.

A máquina Federer ganhou o 4º open dos Estados Unidos em Flushing Meadows - e quem não vê este homem jogar não sabe o que é assumir o controle total da situação, técnica perfeita e nervos de aço dão-lhe tudo o que precisa para ser o melhor tenista de todos os tempos.


Hino nacional cantado pelos Lobos.

E os Lobos que são como os Uvas, a levarem muitos a viajar até França, para apoiar esta presença histórica fora de portas. E aqui ouve-se de tudo, na maioria das vezes são as habituais invejas que prevalecem. "São amadores mas são uns betinhos porque podem dar-se ao luxo de não trabalhar!". Tretas e o espirito fraco tuga, Parabéns à selecção e o "empurrãozinho" da CGD na publicidade está aí para mostrar o valor deles.



A começar, o Vasco Uva leva o prémio de melhor jogador em campo. O porquê é simples: amor à camisola, empenho e dedicação! Parece que os betinhos têm bastante para ensinar a todos! De Parabéns é pouco, exige-se Comenda!

O Pintor de Batalhas


Acabei ontem de ler “O Pintor de Batalhas” de Artur Peres Reverte, que conta a história de um fotógrafo de guerras que durante muito tempo julgou que a sua intervenção era puramente exterior aos acontecimentos. As guerras eram palcos onde ele se movia com a sua máquina, com a sua técnica, escolhendo planos e imagens que depois divulgava como se a tanto se resumisse a sua acção. Mero espectador, mero divulgador. Enganava-se, e o livro é uma obra de análise intensa da sua evolução interior, do modo como foi sendo obrigado a reflectir e a encarar a verdadeira natureza da sua profissão.
Retirado da sua vida profissional, o fotógrafo tenta resumir a sua vida pintando um painel onde estão todas as batalhas, as que atravessaram todos os tempos e todas as técnicas de matar, que não têm fim nem princípio e por isso é circular. Além disso a tela é um muro de um moinho abandonado, num ermo a que ninguém chega, numa expressão simbólica de que afinal tudo continua a ser ignorado, essa amálgama terrível de atrocidades numa paisagem de quietude e isolamento que só é encontrada por quem quer, ainda, matar.
Vale bem a pena ler, é uma brilhante reflexão sobre a comunicação, a força da imagem, as falsas isenções, ainda que inconscientes, de quem ouve, vê e transmite.

Descascar a Cebola

O Público de ontem, dá largo destaque à autobiografia de Gunter Grass. O nome é excelente "Ao descascar a cebola". Remete para a desconstrução matemática de um plano, dissecado à unidade minima, precisamente a ideia de Primitiva! Freud também andou às voltas com esta ideia, formulando um dos primeiros modelos do psiquismo. Pela acidez do fruto, a cebola é uma óptima parábola.
Do mais interessante e matéria suficiente para um livro, é uma passagem muito breve, a transcrever aqui em breve, e que aguça o espirito. Gunter Grass descreve aquando do seu cativeiro pelos norte-americanos, no pós-guerra, um soldado bávaro que lhe recitava em voz baixa Santo Agostinho. Grass quase não tem dúvidas ao afirmar, que este é hoje o actual Papa Ratzinguer.

About M.

As notícias multiplicam-se à volta deste caso. Veicula-se informações que podem estar ou não certas. Eduardo Pitta de forma subtil lança uma teoria conspirativa. A mim, nada disto já interessa, não fosse as notícias em massa e o interesse generalizado que este assunto traz, seria apenas mais um. Mais um, no requinte de sordidez e maldade que o género humano consegue atingir. É o tipo de assunto por excelência que anulo da consciência, não quero saber pormenores, já é suficiente saber que há pessoas capazes de cometer actos tão hediondos.

sábado, 8 de setembro de 2007

Seguir em frente

A última oportunidade da partida, foi desperdiçada pelo pé chato de Miguel. Antes Ricardo desprotegido e meio franga/ azar permite a igualdade. Ronaldo desfecha com um pé de ouro a jogada brilhante de Quaresma. Uma primeira parte quase de arrepiar e de alto nível de jogo de Portugal logo no início do segundo tempo. No final, tudo na mesma na classificação por equipas e menos uma hipótese para segurar as expectativas de Ganhar o Europeu.


Falta ter fé até ao fim e já agora ajudava uma preparação fisica mais eficaz, um controle de energia. Ou talvez seja da comida, recordando a má prestação inicial de Astérix e de Obelix nos JO de Atenas 45ac, os atletas não estão a ser bem alimentados, há que ver o que os javalis andam a comer, o piso não é o melhor, ... . As desculpas de sempre, a tristeza fica. Se estes rapazes jogassem para a felicidade/ bem comum, com isso em mente, talvez ganhassem mais.


Fica o regresso em grande de Maniche com um golo, os 21 anos de João Moutinho na luz, a beleza e eficácia de jogo do Quaresma e o grande jogo do Deco.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Pavarotti é o último de uma geração de tenores, tal como os nosso avós os viam, e muitos de nós nos habituámos a crescer, a figura imponente e altiva, dada pelo porte fisico e de pertencer a um circulo restrito de inspirados, que servem e são admirados pelas elites. Era imagem de marca o lenço na mão ou o ser transportado de carro dentro dos teatros pela dificuldade em mover-se. Ficará célebre o seu debute pelos teatros de todo o mundo, jovem com um timbre de voz maravilhoso e também as inúmeras óperas em que participou ao lado de Mirella Freni, muitas estão por aí à venda. Mas, enfim, Pavarotti sempre teve um defeito, a dicção não era a melhor. No final transformou-se num objecto Pop, com coisas boas e outras más. Pessoalmente será sempre o Canio da belíssima ópera Il Pagliacci!

E porque é sexta feira


"The 80's"
(David Fonseca)

Breves

"É mais fácil para ti! Embora te faça falta, é-te inantigivel.
Quanto a mim, é incrivelmente doloroso viver, livrar-me de ti."

"Quantas vezes por dia pensamos um no outro"

Estas apanhei-as não sei de onde. Parece made in qualquer coisa entre a escrita corrida e sem graça do Pedro Paixão e uma aproximação ao mergulho escatológico de Vergílio Ferreira. Em breve vou voltar à 4ª leitura das Memórias de Adriano. Tenho pensado naquela parte final, os fragmentos, recolhidos e escritos durante anos por Yourcenar. Estava distraído ou é mesmo recente. Há mais uma tradução da dupla Guerra ao serviço de Dostoiewski, é um conto e chama-se Cadernos do Subterraneo, e é do melhor.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Verdade

«O oposto do amor não é o ódio, mas indiferença.»
Elie Wiesel

A inspiração de Clinton

Luis Filipe de Menezes em declarações na entrevista que dá hoje, 6 de Setembro de 2007, à revista Sábado, comprova que as suas fontes políticas e referências históricas que influenciam o seu discurso e pensamento político são mais vastas do que poderíamos achar. Ora então vejamos, à seguinte pergunta:
«Já mentiu em política?
Responde:
«Talvez sim, mas sem intenção»
Esta bela declaração não vos faz lembrar Bill Clinton? Ainda se lembram de Bill Clinton a responder à pergunta: já fumou droga?, responde, fumei mas não inalei!
O nível das resposta está igual. Fantástico. Clinton fez escola e em Portugal, pelo menos ou só. Pena que as mentiras não se possam fumar e éramos, porventura, mais felizes…

Ontem vi Humildes e soberbos


Ontem liguei a televisão ao acaso e dei com um filme sobre a vida de Madre Teresa de Calcutá, que acabou por volta da 1h da manhã. Um belo filme, centrado nela, na sua maneira desconcertante de olhar as coisas, de enfrentar os problemas, de usar a suavidade de gestos e palavras com a força de um vulcão. Um filme sem exibicionismos, a deixar espaço a que cada um tirasse as suas conclusões.
Gosto daquela maneira humilde como Madre Teresa abordava a fé, como um dilema que não a tolhia, antes a empurrava para a frente. Não sei se a religião foi para ela um pretexto para se impor, um argumento para desviar as atenções da sua vontade de ferro e, invocando o Altíssimo e o Amor de Deus, levar aos homens uma mensagem profundamente humana, que os mais pobres, os que não sabem ler nem nunca tiveram coisa nenhuma, apreendiam sem ser preciso explicar. Para ela, a religião foi uma forma de comunicar, de chegar aos outros, não uma obrigação moral nem um exercício de arrogância.
Há um diálogo fantástico entre ela e um pobre velho moribundo, deitado no chão da rua, a gemer na sua solidão enquanto a multidão se desviava dele com a indiferença de quem contorna um obstáculo de pouca monta. Ela verga-se até ele, com um silêncio respeitoso, para o fazer beber um pouco de água. Ele entreabre os olhos e pergunta-lhe se ela procura alguém. Responde: “Procuro o meu Senhor. Preciso d’Ele e Ele não me vê, não sei se o meu trabalho lhe agrada”. O farrapo humano faz um esforço para falar. “Os patrões sabem sempre reconhecer um bom serviçal. Se não lhes dizem nada mas os deixam continuar a servi-Lo, é porque confiam que podem tirar dele ainda mais trabalho e mais esforço. O silêncio do teu Senhor não é reprovação, mas estímulo para fazeres melhor”. Do mais simples dos simples ela obteve a resposta.
Ontem vi o Padre João Seabra a fazer malabarismos dialécticos para explicar que Madre Teresa não tinha dúvidas nenhumas de Fé. E dava exemplos patetas para explicar o que agora se lê nas cartas publicadas, como se falasse com pobres estúpidos que não conseguiriam jamais atingir as alturas da Bondade indecifrável de Deus. Ela-não-disse-aquilo-que-alguns-podem-pensar-que-ela-disse-apesar-de-ter-dito-mas-eu-sei-o-que-ela-quis-dizer.
Há pessoas que deviam ter visto aquele filme. Ou então ficar caladas.

*A imagem foi tirada do blog http://www.danielserrao.com e tem o título "Madre Teresa a ajudar o Papa num gesto carinhoso"

Luciano Pavarotti (1935 - 2007)

Quando faltam apenas dez dias para se comemorar o 30º aniversário da morte de Maria Callas, eis que acordo com a notícia de que Luciano Pavarotti, morreu hoje de madrugada em sua casa, aos 71 anos, em Modena, Itália, após uma longa luta contra um cancro no pâncreas.
Gostava mais de Pavarotti quando ele interpretava Donizetti, Puccini ou Verdi. Não gostava nada quando o via em duetos com as estrelas pop, as mesmas que lhe permitiram ser escutado por milhões de pessoas a quem os clássicos nunca interessaram.
Calou-se uma grande voz. Este é um silêncio que entristece...

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

"Adeus poesia"

Stabat Mater vai voltar a estar em cartaz mas infelizmente não passa por Lisboa. Para aqueles que querem assistir a um assombroso desempenho de uma grande actriz, as datas e os locais que se seguem. É mesmo a não perder!

13 a 16 de Setembro - Porto - Teatro do Bolhão
27 a 29 de Setembro - Coimbra - Museu dos Transportes (Manel, não percas!)
5 a 7 de Outubro - Rio de Janeiro - Festival Rio Cena Contemporânea (Tati, tens mesmo que ir!)
12 e 13 de Outubro - Viseu - Teatro Viriato
19 e 20 de Outubro - Faro - deVIR/CAPa
3 de Novembro - Loulé - Convento de Santo António
30 de Novembro - Portalegre - Centro de Artes do Espectáculo

STABAT MATER de Antonio Tarantino.
Tradução Tereza Bento
Com Maria João Luis
Cenografia e figurinos de Rita Lopes Alves
Luz Pedro Domingos
Encenação Jorge Silva Melo

Mais informações através dos números 961 960 281/ 707 234 234
ou info@artistasunidos.com