Hoje celebramos Sto. Inácio de Loiola. Este homem, a partir da realidade, da sua experiência de vida, encontrou-se com Deus de forma muito forte e deixou-nos um grande legado escrito, em particular os Exercícios Espirituais. A partir da espiritualidade inaciana muito foi desenvolvido. Juntando à filosofia e à teologia, as várias ciências e artes estão também em destaque. De Portugal fomos expulsos 3 vezes. No mundo, houve a supressão da Companhia. Foi restaurada há 200 anos. Neste dia penso em muitos companheiros que conheço, pessoalmente ou por leituras ou partilhas das suas histórias, portugueses, estrangeiros, que trabalham em muitas áreas, muito ou pouco amados, controversos, assassinados recentemente, ou ainda raptados. Agradeço o que Sto. Inácio nos deu e ainda dá, sobretudo o convite à conversão em ver Deus em todas as coisas, mesmo onde, de todo, não se espera.
quinta-feira, 31 de julho de 2014
terça-feira, 29 de julho de 2014
Fico-me pelos rostos que entrego.
Kátia Viola
[Secção outros tons] Fico-me pelos rostos que entrego. Um após outro circulam em memória de tempos presenteados. Em solene perfume de incenso, que faz do Mistério aquele arrepio que anula a ausência, deixo-me perceber em Corpo e em Sangue. Ajoelho-me, de braços postos no regaço. Agradeço. Levanto-me. O rosto desvela-se e abre caminho.
segunda-feira, 28 de julho de 2014
Pagela da Missa Nova
Pagela ou “santinho” é o nome que se dá à recordação da ordenação e da Missa Nova. Sobre a da minha Missa Nova, muita gente perguntou qual o significado. Para mim tem o significado da Amizade. Pedi ao João Delicado, grande Amigo, como um irmão, que me fizesse a pagela. Confiei-lhe tudo. Concepção e escolha da frase que me irá acompanhar a vida. Quando a vi não tinha palavras, apenas aquele sorriso estúpido (ele sabe qual é!) de: “Isto sou eu!”… em tudo! O João, ontem, escreveu um post a explicar os passos da concepção e mais em detalhe o significado. Estou-lhe muito agradecido e também à Marta (da martisses). Aqui vai o link para a "A bandeira do senhor padre, como é?" (sim, sei que sou suspeito ;) , mas vale muito a pena ler!!): http://verparalemdolhar.blogspot.pt/2014/07/paulo-duarte-sj-padre-jesuita-missa-nova.html
domingo, 27 de julho de 2014
Agradecimentos [na Missa Nova]
Uma das muitas surpresas que me prepararam... uma rede de pesca, com conchas, recordando o Mar, que suporta inúmeras fotos (algumas quais bons “tesourinhos deprimentes” que me fizeram rir bastante)... já nem me lembrava que tinha feito a 1ª Comunhão de All Stars... ;) ramos de oliveira, sim andam a ler os meus posts... eheheh
[Este post é longo. Partilho o texto que li ontem, dando os agradecimentos neste tempo da minha vida, em especial na Missa Nova]
Este momento, em que vou dedicar-me aos agradecimentos, tem como inspiração uma grande mulher: a Mafalda. Ela gostaria muito de estar aqui, mas os seus ossos (ela tem a doença dos ossos de vidro) não permitiram que desta vez fizesse uma viagem até cá. É uma mulher de força e inspiradora, com um desejo imenso de cá estar. Trago-a desta forma: há uns anos escreveu um texto “Obrigado”... e assim, começo...
Obrigado Senhor por seres quem és, em mistério que se revela Corpo que se dá em alimento. Obrigado por não cessares de criar… e provocando-te sorrisos ou lágrimas, alegrias ou dores dilacerantes, continuares a confiar na humanidade.
Obrigado pela Igreja, esta concreta, constituída por homens e mulheres concretos que põem a render os dons e, apesar de por vezes os desperdiçarem por medo, vergonha ou abuso de poder, continuarem nesta procura da tua vontade, dando o seu melhor no serviço.
Obrigado pela Companhia de Jesus, por tantos companheiros que consciente ou inconscientemente me ajudaram a ser quem sou e que, em especial os formadores, foram confiando em mim nesta entrega. Agradeço-te de forma especial pelo Carlos, pelo Frederico, pelo Gonçalo, pelo João e pelo Pedro: cada um ao seu modo me revela a amizade e o companheirismo nesta graça do sacerdócio. Gracias por Nacho Boné, por Toño García y, aunque ella no sea jesuíta, por Asun: en mi vida también hay un antes y un después de me haber encontrado con ellos.
Obrigado pela minha mãe Maria e pelo meu pai José. Mesmo não sendo eu Jesus na terra, foi e é graças a eles, que O fui descobrindo e tento participar cada vez mais da Sua vida. Obrigado pelo seu exemplo de força, de determinação, de humor, de capacidade de encaixe, sobretudo quando a vida dá voltas que eles não esperam. Obrigado por, apesar de não terem netos biológicos, estarem sempre dispostos a receber de braços abertos os inúmeros netos de amizade.
Obrigado pela Suzanne, pela Letinha, pelo Deli, pelo Luís Amaral, pelo Hugo, pela Emília, pela Maria Luísa, pela Patri, pela Esther, por nesta amizade com contornos de laços alargados de família, condensarem todos os familiares e amigos presentes nas mais variadas formas, na sua diversidade de crenças, aqui ou por esse mundo fora, como o Pablo Kramm, no Chile, ou virtuais, como no facebook ou blogues, também na oração, como as amigas carmelitas, e por no pensamento ou no abraço, todos, mas todos, me fazerem recordar tantas conversas, voos, encontros contigo, gargalhadas, “likes”, comentários, estupidezes, choros, aulas, histórias, dúvidas, sonhos, petiscos, danças.
Obrigado pelo P. Mário, que na amizade e serviço, também condensa esta comunidade paroquial aqui em Portimão. Obrigado por desde o primeiro momento escutar da sua parte: “não te preocupes com a organização, recorda que esta também é a tua casa”. Obrigado pela Dra. Isilda, por, na qualidade de Presidente da Câmara, ter mostrado toda a sua disponibilidade e colaboração para que esta festa seja de todos, já desde a viagem até à ordenação, em Coimbra. Sim, obrigado por toda a entrega destas pessoas que também, seja pela música, como o Coro, seja nos comes e bebes no Salão dos Bombeiros, ajudaram a que esta festa se tornasse fruto de partilha da comunidade, ao jeito da multiplicação dos pães…
Obrigado pela minha fé, esperança e caridade. Sem interessar a quantidade, vão sendo diálogo entre o teu dom e a minha resposta, umas vezes com mais encontrões e tropeços, outras em velocidade de cruzeiro. Obrigado por este novo dom do sacerdócio. Que nunca me canse de te dar graças por ele e, sobretudo, pô-lo ao teu serviço, nesta dádiva de vida na paternidade espiritual, em especial por aqueles que mais sofrem e estão afastados da Tua casa.
Senhor, é isso, agradeço-te por seres quem és.
E agradecendo ainda o carinho, protecção, o Sim de Maria para acolher o Filho no seu seio, rezemos uma Avé-Maria a Nossa Senhora da Conceição.
sábado, 26 de julho de 2014
Missa Nova [Homilia]
Termino o dia com cansaço agradecido. Foi um dia de muita acção de graças. Não escrevo mais de momento. Já que está online (mais um agradecimento a quem gravou) partilho a homilia da minha Missa Nova... :)
sexta-feira, 25 de julho de 2014
Infinito de Mar
É um misto de sensações. Sinto a tristeza do que se passa no mundo, naquela impotência que tenho comentado, deixando-me ficar em pequenos momentos de silêncio orante pedindo a paz: não só nas zonas de conflito, como aos corações das pessoas que vivem a dor dilacerante das perdas humanas de forma tão bruta. Também sinto aquela felicidade inexplicável do dom recebido por Deus, desta entrega de dar corpo, no serviço aos outros. Hoje fui ao “fim de terra”, olhar o infinito do Mar, numa zona tão especial para mim desde muito novinho: o promontório de Sagres. Aí, sentindo a força do vento a empurrar-me, escutando as ondas a rebentar na costa, rezei a Deus que se confia nas nossas mãos para sermos portadores da Sua paz. Naquele silêncio preenchido pela História de tantos que, com garra e medos, partiram em busca de novas terras, pedi ao Senhor que me dê um coração sábio, mantendo a autenticidade que vou descobrindo, e possa, ao jeito de São João Baptista, apontar ao Infinito que dá vida. E recordando São Tiago, pedi-lhe para fazer dos meus passos peregrinos um meio de encontro entre Ele e quem o busca.
quinta-feira, 24 de julho de 2014
Infelizmente... mau uso do poder
Nadya Kulagina
A propósito de recentes acontecimentos políticos, confirma-se que para alguns senhores no poder o que interessa é a economia e aumentar o seu próprio poder… o resto, tipo as pessoas e a sua dignidade, pelos vistos “algo” pouco importante, são para eles “palha que o vento leva” ou, pior, “coisas” ao serviço do seu poder. Lá vou eu ao post de há 3 dias: reduzo-me ao silêncio… da oração.
quarta-feira, 23 de julho de 2014
Rostos
Shahnewaz Karim
Tenho a mania de olhar rostos. Aperceber-me dos detalhes, das características que marcam a pessoa a partir do rosto. Nota-se o cansaço, a felicidade, a tristeza, a dureza do muito que passa ou passou, o desejo. Se os olhos são “o espelho da alma”, o rosto, como Emmanuel Lévinas afirma, é o infinito do outro. Cada vez mais me convenço: o que cada rosto segreda é o desejo de ser amado. Isto não é coisa pouca… há quem sofra e faça sofrer por isto não acontecer. As variantes são inúmeras. Volto ao mesmo: “como a si mesmo, amar o próximo”. E a dignidade humana, se mais passos houver neste sentido, ganhará novos contornos… mesmo sendo nós mais de 7 mil milhões no mundo.
terça-feira, 22 de julho de 2014
Agradecido
Co-celebrei com o P. Belchior, que presidiu e celebra este ano 50 anos de sacerdócio, na Missa de encerramento do ano lectivo no CAIC. Foi para mim oportunidade de dar graças pelos 2 anos que muito me ajudaram a ser quem sou. Sim, agradeço muitas vezes, mas hoje foi especial: tornei o agradecimento sagrado, pedindo também pela vida e intenções de tantos amigos, sejam docentes, não-docentes ou alunos. Os dois tínhamos um bolo original: o P. Belchior gosta das suas caminhadas... e eu fui recordado pela minha entrada de mota, vestido de Pai Natal, na festa de Natal há 5 anos, que dançou à fartazana enquanto distribuía as prendas às crianças. Sim, olhando para este dia, melhor, para estes dias, volta-me ao pensamento a passagem do Cântico dos Cânticos que se leu hoje: "encontrei Aquele que o meu coração ama".
segunda-feira, 21 de julho de 2014
Reduzo-me ao silêncio
Reza
Reduzo-me ao silêncio perante muitos acontecimentos brutais que acontecem no nosso mundo, ainda mais quando são fruto da estupidez e da ganância de poder. Desde o avião abatido recentemente, passando pelos bombardeamentos na Faixa de Gaza, não esquecendo as outras inúmeras zonas de conflito armado pelo mundo, juntando ainda o aumento da escravidão e tráfico humano. Reduzo-me ao silêncio, por não poder fazer mais que rezar ou pensar nas pessoas que vivem estas situações. Ou então, tentar trazer Paz às pequenas guerras do dia-a-dia, muitas vezes desnecessárias, ou fazer caminho para que seja a vida, e não o poder, a prevalecer nas minhas decisões e relações com os outros.
sábado, 19 de julho de 2014
Entre o destruído e o novo
Alfredo Henriques
Passei pela Igreja de S. Domingos, ao lado do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa. Para mim é passagem obrigatória quando cá venho. Gosto de recolher-me por lá e sentir-me rodeado pela força de contraste entre o destruído e o novo. Nem é o renovado, é o novo mesmo, nesse choque de que as marcas não se apagam, apenas poderão ser integradas nas mudanças que acontecem. O faustoso foi esmagado pelo fogo, ficando o silêncio das pedras e dos pilares. Não se deixou de celebrar Missa por lá… mesmo com chuvas e ventos. Hoje em dia, esta Igreja rodeada de História faz-me agradecer a simplicidade e alertar para o sentido das coisas… e, mesmo sendo os inícios, estar atento para não desvirtuar a missão que me foi e é confiada.
quinta-feira, 17 de julho de 2014
A entrevista no programa Boa Tarde - SIC
As palavras, hoje, deixo-as sair a partir da entrevista. ;)
A DEF, a Chique e o Padre
O prometido foi devido: li-te, Mafalda, na última crónica do "mafaldisses" reservada para ser lida depois do “abraço nosso suavemente apertado”, já não escrito ou dito, mas dado “suavemente apertado”. Depois de ler, adormeci, agradecido à Vida: tua, minha, nossa de humanidade com tanto para dar. Sou de sono pesado, sobretudo quando ando mais cansado. Mas, qual 04h03, despertei recordando as nossas gargalhadas, ralis de cadeira de rodas pelo Vasco da Gama, momentos de “selfies” com a Suzanne, e dando graças a Deus por tanto bem recebido através de vocês. Não te recordavas da última crónica, mas é, precisamente, “(+1 semana)_Antes Que Me Pegues ao Colo”. Ri-me, só de ler o título. E, claro, mais uma crónica daquelas de ficar tempos a digerir. Voltei a sentir nos braços o teu corpo, leve de biológico, forte de Ser. Recordei a Fé em Deus que também nos une, nesta amizade desenvolvida de Paris a Lisboa, que apontará Portimão dentro de dias. Pois, a dada altura, pelos olhares e reacções, acharam que andavam 3 parvos à solta: uma DEF, uma chique e um padre… com momentos que despertaram sorrisos, daqueles que sussurram ou gritam que a Vida não é para os perfeitos, mas para quem se deixa amar como é e sabe saborear e agradecer. [Já agora, para conhecer um pouco mais sobre a força desta mulher, aconselho ganharem 14 minutos a ver esta palestra da Mafalda: http://youtu.be/EFNf95hjWSE ]
quarta-feira, 16 de julho de 2014
Programa "Boa Tarde" - SIC
[Coisas extra-quotidianas da vida de um padre com pouco mais de uma semana] Vamos ver. Eu cá não sou dado a intrigas. Nem pensar nisso. E o que vou aqui dizer, para esclarecer uns assuntos pendentes, não é para dizer a ninguém. Fica aqui, entre “nózes” no “blogger”. Ok? “Prontes”, cá vai… mas, segredo!!! Diz qu’amanhã, 5.ª feira, 17 de Julho, vou estar no programa Boa Tarde, na SIC. Pelo que percebo começa pelas 15h50. Vamos falar sobre a minha vocação e assim. Mais a relação com Deus. ;) E isto de ter sido comissário de bordo e agora ser padre. Enfim, coisas da vida. “Prontes”, é isto. Agora segredo, ok? ;)
Nada de especial
Nada de especial. Uma cadeira iluminada pelo reflexo de um vitral. À frente, uma carmelita que reza. Nada de especial. Porque se repete em cada dia, nessa entrega silenciosa que traz nomes, acontecimentos, deixando que a vida contemplativa impeça que o ritmo voraz da vida citadina absorva a essência das coisas. Tenho uma relação de muita amizade com estas mulheres que fazem da oração o seu quotidiano. Neste dia de Nª. Srª. do Carmo, nada de especial. Uma cadeira iluminada pelo reflexo de um vitral. À frente, uma carmelita que reza.
segunda-feira, 14 de julho de 2014
Entrevistas
[Coisas extra-quotidiano na vida de um padre com uma semana] “Agora anda pelo corredor até àquela porta. (…) Entra na capela e aproxima-te do altar. (…) Desce as escadas e põe a mão no corrimão. (…) Agora fazemos um plano em que estás a olhar os aviões. (…) Olha o televisor com as informações das partidas e chegadas. (…) Vai até aos balcões de check-in (…)” E no meio, duas entrevistas: uma no CAIC (Colégio da Imaculada Conceição) e outra no aeroporto de Lisboa. Amanhã ou depois darei mais novidades. :)
domingo, 13 de julho de 2014
Fruto... em abundância
Cheryl Bezuidenhout
[Secção: outros tons] Fiquei adormecida. Em espera. No silêncio que aguarda o tempo. Amadurecer: junta-se a emoção e a razão, onde o momento da fragilidade, ou até mesmo morte, faz-me tomar consciência que sou algo mais. É duro. Não quero. É fácil habituar-me ao tipo de conforto que não passa de um incómodo resignado. No entanto, serei mais uma. No dia que decidir deixar de o ser, revelarei o esplendor e crescerei. Tenho de aprofundar o meu húmus, a terra que me envolverá as entranhas. Aí darei fruto, ao meu modo, em abundância.
sábado, 12 de julho de 2014
Gargalhada no confessionário
Momento em que voltava a pentear o meu farto cabelo, depois de me ter despenteado ao vestir a casula ;)
Escutava uma pessoa. Era tão engraçada a falar. Daquelas pessoas com natural bom humor. Ao início, fiz um esforço para não me rir, tentando manter a seriedade. Chegou uma altura que não aguentei, e começa-me a saltar o meu humor também. Chorávamos os dois… de rir à gargalhada. O que vale é que os confessionários em Fátima são muito bem insonorizados. No final, depois da absolvição, vira-se para mim: “Oh, Sr. Padre, já saí de algumas confissões a chorar, mas a chorar de rir é a primeira vez”. Respondi-lhe: “Olhe, se não fosse a loucura, daquela boa, a vida seria muito aborrecida”. “Oh, a quem o diz, a quem o diz!” Lá foi outra gargalhada. :D
quinta-feira, 10 de julho de 2014
As primeiras confissões
Réhahn Croquevielle
E assim de repente (dois dias, diga-se) confessei muita, mas muita gente… homens, mulheres, crianças, em português, em espanhol, em inglês, em francês. Presenciei lágrimas de dor e muitas de alívio. Houve muitos momentos de me sentir pequenino diante da humildade das pessoas. Os sorrisos no final do sacramento foram bastantes e também aconteceram gargalhadas. :D O sacramento da reconciliação leva a isso: da dor à alegria do encontro com Deus. Também à compreensão do que é verdadeiramente pecado. Tenho para mim que atravessou-se uma teologia ou um modo de espiritualidade que punha pecado em tudo… por isso, também houve oportunidade de dar esclarecimentos, a partir da vida, da misericórdia e do amor de Deus. Estou com aquela sensação de cansaço bom. A imagem que me vêm à cabeça é a de ajudar, com a graça de Deus, a tirar valentes pesos de cima das pessoas para continuarem a fazer caminho. E isto é só o começo… :)
segunda-feira, 7 de julho de 2014
Agradecido
Paula Merelo Romojaro
Gratidão. Fico em silêncio com este sentimento. Ainda atordoado com os muitos outros que circulam por mim. Foi um sábado intenso: de Deus, de família, de amizade, de dádiva e entrega. Nomes, voos, histórias, vida condensada no Dom que recebi, em Igreja, em conjunto com os meus 5 companheiros, na Companhia de Jesus. Sou padre… quero ser sempre um dador de Vida, com olhar e gestos de misericórdia. Aos poucos partilharei um pouco mais. De momento, gratidão, muita gratidão: a Deus, aos meus pais, à Igreja, em particular ao D. Virgílio que com muita amizade nos ordenou, à Companhia de Jesus, ao Carlos, Frederico, Gonçalo, João e Pedro que foram ordenados comigo, a tantos, mas tantos amigos (com ou sem farda… ;) ). Também são todos estes que me ajudam a ser padre. Fico em silêncio agradecido e habitado pelo Dom que me foi confiado… para dar a Vida de Deus.
sábado, 5 de julho de 2014
sexta-feira, 4 de julho de 2014
Um ramo de Oliveira
Uma das minhas árvores preferidas é a Oliveira. “Tenho-a” no nome. Faz-me recordar a família, também pelo azeite da minha avó Constança e as azeitonas preparadas pela minha avó Teresa. Apanhei este pequeno ramo no retiro de há dias. Pensei no tanto que simboliza e pode simbolizar. Tenho desejos de paz. Vivo-a neste momento. E na oração, pensava que, enquanto ungido sacerdote com azeite perfumado (é um dos momentos do ritual de ordenação sacerdotal), também quero ser mensageiro de paz: de corações, de famílias, de relações, de vidas, de povos. Sendo-o, também convidarei a que outros o sejam. Sim, a Oliveira tem grande força. Este ramo irá comigo amanhã.
quinta-feira, 3 de julho de 2014
Ver para crer
Ruta Balciunaite
Às vezes é necessário pôr a fé em causa, no questionar acertado, tentando tirar as dúvidas que, se não saem, podem ficar a amargurar a alma. Ver para crer, tal como Tomé, pode ser mote para conversão. Tento pôr-me na pele daquele homem: depois da brutalidade dos acontecimentos, dizer-lhe a frio que o Senhor está vivo é de sentir, mais que desconfiança, que gozam com a sua cara. Põe em causa, porque, parece-me, o desejo de encontro ainda lateja no coração. O Mistério não se fecha num granito imutável... surge em caminhos incertos e pode implicar questionar para descobrir o que pode abrir ainda mais horizontes. Há dois anos arrisquei um poema, depois de rezar a famosa passagem do encontro de Tomé com o Ressuscitado. Volto a ele... e nisto retoco a fé.
[Jo 20, 24-29]
Não sei se são contos.
A morte não foi um jogo.
O véu rasgou-se, sim,
mas o corpo,
em tarde eclipsada,
foi acolhido em braços caídos.
O desalento, a cor, o silêncio,
o retumbar da pedra
na escuridão da gruta,
foram testemunhas do fim.
Pedem-me para crer?
Depois de tanto vivido,
estou cansado de fantasmas,
de histórias desencantadas,
de entusiasmos gastos
pelo etéreo sem mundo.
Apenas peço que os sentidos
doados ao nascer
sejam o registo
desta minha forma de fé.
Eu quero crer.
Escuto o meu nome.
Obediente estendo a mão.
No ver toco as marcas
da História viva.
Será paz o que me envolve?
Ou a certeza de que sou atendido
nas preces da agitação?
Creio, Senhor.
quarta-feira, 2 de julho de 2014
Depois do retiro...
Não estou preparado! Entre outras, saio de retiro com esta sensação. E é bom sentir isto. Passaram-me muitos nomes pelo coração, enquanto caminhava pela quinta de Soutelo (a casa de retiros). Diante de Deus revi a minha incapacidade e os meus pecados. Depois, em risos, enumerei-lhe e agradeci-lhe os dons que me dá directamente ou através dos acontecimentos da vida e de muitos rostos que também formam o ser quem sou. Recordo muitas pessoas: crentes; mais ou menos beatos; não crentes; consagrados; solteiros; casados; divorciados; com muitos ou poucos estudos; de tantos países do nosso mundo; artistas; com dúvidas; em caminho de vida; homossexuais; políticos; refugiados; doentes ou cheios de saúde; felizes; em busca de si mesmo; em luto ou a celebrar o nascimento de alguém. É isso, não estou preparado… e, faltando 3 dias, dá-me imensa serenidade. Afinal, se aqui estou, assim feliz, é porque Deus envia-me como sou a servir estes rostos com nome concreto e outros ainda por conhecer. E deixo que seja Ele a preparar-me, ao modo de Cristo e inspirado pelo Espírito, para esta nova realidade na minha vida: ser padre. :D
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