Aconteceu: o despertador não tocou. Ouço movimentos pela casa e ainda tive a lata (ai o sono!) de pensar “que barulheira… esta gente não pensa nas horas?” Pois, as horas já eram adequadas para o normal barulho da hora que gosto de chegar à Igreja para calmamente preparar a Missa. Salto da cama. Despachar o mais rápido possível e chegar provocando algum atraso na Missa. Senti-me mesmo aflito. Não acho piada nenhuma ter pessoas à minha espera e neste caso, pior: MISSA! ;) Lá cheguei e celebrámos. Fecha-se o mês dedicado a Nossa Senhora e por estes lados franceses hoje é o dia da mãe. No final, chamei todas as mães à frente e, em nome de toda a comunidade ofereci uma rosa a cada uma. Já se imagina a emoção! Depois estive a confessar as crianças que se preparam para a primeira comunhão… em cada uma tive de me controlar para não rir. “Preferes falar em português ou em francês?” “Português!”, respondiam muito determinadas. “Então, vamos começar: o que é que gostarias de agradecer a Jesus?” “Moi, hmm, j’aimerais dire merci à Jesus pour…” [os meus neurónios baralhavam um bocadinho]. No final, claro, continuando em francês: “Alors, peux-tu dire l’acte de contrition?” “Oui.” Ajeitavam-se com muita solenidade e: “Meu Deus, porque sois tão bom…” Era todo um salto entre o português e o francês. Uma animação, portanto! Depois, a bela festarola com os catequistas e o coro. É bonito e muito bom ver como as pessoas nas comunidades dão o seu melhor, partilhando talentos. :) Também ao longo do dia, tal como rezei na Missa, pedindo a oração de todos, fui pensando nos tripulantes de cabine, neste seu dia mundial. Em honra, tendo em conta o meu atraso, no início da Missa, na altura de pedir perdão, fiz o discurso aéreo de “pedidos de desculpa pelo atraso”, que despertou algumas gargalhadas. ;) Agora, continuar nos estudos que, apesar de já ter entregue a teses, ainda faltam umas coisitas para terminar tudinho!! :) É isso: Haja animação!
domingo, 31 de maio de 2015
sábado, 30 de maio de 2015
Pais católicos com filhos de orientação homossexual
Michael George
Há umas semanas estive à conversa com uns pais católicos com um filho homossexual. Comentaram-me que desde há 6 anos que iam a um encontro nacional de grupos de casais que viviam esta situação e sentiam necessidade de partilhar entre eles os desafios de aceitação, acolhimento, compreensão e conhecimento da complexa realidade que é a homossexualidade, em particular dos filhos e/ou netos, e a fé. Foi hoje o encontro. Estavam casais, pessoas de orientação homossexual, religiosos e leigos enviados pelos bispos das respectivas dioceses a trabalhar esta dimensão da pastoral da família. Éramos cerca de 50 pessoas. Foi um dia de escuta de muitas partilhas. Uma palavra que saiu bastante foi “audácia”, sobretudo por parte dos bispos em arriscarem a conhecer e trabalhar com estas famílias. Outra, “prejuízos”, tanto da parte de Igreja, como da parte de homossexuais. É sabido que há feridas muito grandes, mas a que mais custa, como comentou um casal: “foi a rejeição que vivemos por parte de membros da comunidade paroquial.” No entanto, como comentou outro casal, há boas surpresas: “Houve o dia das famílias. No átrio da catedral puseram o stand do nosso grupo ao lado do das Equipas de Nossa Senhora [pelo que percebi, sobre estes temas seguem uma linha mais restrita]. Havia alguma apreensão, mas apercebemo-nos que havia muitos casais nesta situação, presos pela vergonha, medo, enfim, o que já tínhamos passado. Foi oportunidade de boas conversas. Um dos casais já se juntou ao nosso grupo.” Este último casal comentou ainda que vai haver uma peregrinação que juntará casais e respectivos filhos e amigos homossexuais, onde o bispo faz questão de estar presente. Ainda tenho muito a digerir deste dia. Sei que o tema é muito complexo, havendo reacções muito variadas. No entanto, os tais prejuízos de parte a parte são muito nefastos e impedem a possibilidade de Deus agir. Por isso, mais do que o combate à base de ataques e defesas, a escuta e o diálogo são fundamentais para a boa reflexão e caminho a ser feito.
quinta-feira, 28 de maio de 2015
Liberdade de encontro com o Pai
Steve Webb
Não me parece, de todo, que Jesus tivesse alguma obsessão. Ideologia? Muitíssimo menos. Primava, sim, pela liberdade. Nisso era radical, ou seja, além de ser plenamente livre, ía às raízes do que impedia a liberdade de encontro com o Pai e mostrava como as eliminar. Das grandes preocupações que tinha, muitas, para não dizer todas, relacionavam-se com a falta de amor ao próximo. É certo que nalguns momentos abordou, por exemplo, questões de temática mais sexual. No entanto, rapidamente “chutava o tema para canto”, de modo a ir ao essencial: a importância de cada ser humano na sua liberdade de encontro com o Pai. Diante dos muitos pios, que exteriormente eram imaculados no cumprimento da lei, foi duríssimo, recordando-lhes que punham as cargas pesadas nos ombros de outros e nunca nas deles. A sua morte, também resultado da condenação dos “imaculados” e que aparentemente foi uma grande derrota, revelou-se o momento em que abraçou todos os rejeitados, aqueles que hoje são vítimas, por exemplo, de escravidão, corrupção e abuso de poder. Esse abraço culmina com a ressurreição, que abre caminho à presença do Espírito… que sopra onde quer sempre com muita frescura, convidando não à condenação, mas à liberdade de encontro com o Pai.
terça-feira, 26 de maio de 2015
Entre cartas e anjos
Pablo Ponti
Entregam cartas
onde as palavras
são musicadas
de corpo,
verdade,
sentido.
O próximo é
tema constante,
a descobrir.
E assim se
conhecem
os anjos.
segunda-feira, 25 de maio de 2015
Testemunhos
Quando dou testemunho vocacional, revejo inevitavelmente a minha história. E se pode ajudar quem o ouve, também eu sou ajudado por mim mesmo, ao recordá-la com as suas alegrias e tristezas, vendo onde fui crescendo, amadurecendo e onde ainda estou estagnado. Por perceber a riqueza do (re)contar a história, do voltar atrás, aconselho os casais a fazerem o mesmo. Sim, surge a sensação de ridículo, do “não tenho pachorra ou idade para isso”, mas o segredo de recontar a história ajuda a tomar consciência do caminho feito até hoje. Recordar as alegrias, os momentos de crise, como foram ultrapassados (ou não), os momentos de desgaste, de abandono da relação, o que mantém a chama viva (mesmo que seja muito ténue), nesse desejo de não querer separar, pode ajudar a perceber e a tomar as decisões mais acertadas para o futuro de cada um e dos dois. Hoje li o que considero um testemunho vocacional da vida de casal, a partir da celebração dos 15 anos de casados. Conheço a Sónia e o Ricardo e na sua diferença têm feito caminho de complementarem-se “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença”. E a surpresa que a Sónia lhe preparou fez com que um e outro, de modos diferentes, fizessem uma viagem ao que já viveram. Parabéns a eles… como casal, pelos filhos e pela criatividade de vida a um, a dois e a seis. É a família Cocó na Fralda!
José Fernandes
É mais que conhecido o carinho e a amizade que tenho com a Mafalda. Hoje tive um dia intenso de boas conversas e há pouco, ao chegar a casa é que tive oportunidade de ler este artigo/entrevista. Mais uma vez, está no ponto e é de partilhar, claro. Aqui está uma tirada que dá que pensar: “[As crianças] são educadas como se todos fôssemos muito perfeitinhos. E não somos. Os pais protegem muito as crianças de lidar com pessoas como eu e isso irrita--me profundamente. Ou na família há alguém próximo com um problema semelhante ao meu, ou então a deficiência não existe até chegarem a adultos. E depois são preconceituosos. Os pais lidam muito mal quando numa escola, de repente, é colocado um miúdo portador de deficiência. Não têm paciência para as perguntas que os filhos lhes fazem sobre o assunto.”
domingo, 24 de maio de 2015
Pentecostes
Steve Bradburn
Tenho um carinho especial ao Pentecostes. Entre o gostar muito da leitura dos Actos dos Apóstolos, viver a presença do Espírito na sua ternura e força, no aconchego e no desinstalar, parece-me que este dia é muito marcante por convidar a abrir ainda mais horizontes. É difícil aguentar que o Espírito sopra onde quer, mostrando-me o valor do amor que impele a sair dos meus prejuízos e preconceitos sobre o ser humano (em geral e em alguém específico). Obviamente não é algo que acontece de um dia para outro, daí os ciclos de renovação e em mais um ano celebrar-se o Natal, a Páscoa, o Pentecostes. Acredito que nesses tempos algo novo acontece se tomo à séria a autenticidade da fé de Deus em cada pessoa, em mim. Apenas depende de nós aceitar as riquezas dos dons… e pô-los a render, nesse caminho de humanidade e divindade a que somos a chamados viver.
sábado, 23 de maio de 2015
Vocação [testemunho e acção]
Kelsey Gerhard
Esta manhã fui dar um testemunho vocacional aos alunos do 12.º ano do nosso colégio aqui em Paris. Falei sobre as alegrias e tristezas, os desafios, as dores e as riquezas e possibilidades da vida religiosa e, no meu caso, como padre. Avacalhei tanto… Às vezes penso que devia ganhar mais juízo, ou não. ;) No final, houve uns quantos que vieram falar comigo em particular, com mais uma ou outra questão. Já sabemos que este ano é muito importante pelas decisões de futuro. Houve um que me disse: “afinal, pelo que ouvi da tua história de vida, a decisão que eu possa tomar agora sobre o curso, universidade, etc., não tem de ser tipo ‘fim do mundo’. Sim, é importante, mas tenho muito de vida pela frente.” E outro: “bem, pelo que vi, a vocação religiosa não é nem triste, nem aborrecida.” Com um piscar de olho disse-lhe: “olha, pensa nisso para ti.” Ele: “Não me tinha ocorrido, mas vou guardar a questão.” Lá conversámos mais um bocado e foi uma animação. :) Que continua agora à tarde. Nestas vésperas de Pentecostes e em dia de beatificação do D. Oscar Romero, vou baptizar 4 crianças.
sexta-feira, 22 de maio de 2015
Nostalgia
Imogen Henderson
Estou a entrar naquela fase estranha em que a nostalgia começa a ganhar terreno. O tempo de Paris aproxima-se do fim. Há vontade de partir, sim. Cá em casa brincam muito comigo por tomar quase sempre o pequeno-almoço de pé. Digo-lhes que é de vocação, isto de estar disposto a partir, a ir. Por vezes há regresso, outras vezes não. Durante a viagem, passeio ou caminho vou encontrando tantas pessoas. Umas de passagem, outras que marcam: a relação ganha o forte contorno de amizade. Por isso, até mesmo nessa vocação de partir há aquele aconchego também na vontade de ficar, perpetuando momentos, conversas, silêncios, abraços que foram partilhados. Ao longo destes anos tenho descoberto que haverá sempre um ponto de encontro: a oração… que convida a uma mensagem, mail, telefonema. Pois, estou a entrar naquela fase estranha em que a nostalgia começa a ganhar terreno. Também é bom, por ser sinal de vida e de afecto.
terça-feira, 19 de maio de 2015
Falta de amor[-próprio]
Patrick Quinn
Tenho para mim que um dos grandes pecados é a falta de amor-próprio. As outras coisas que parecem pecado, serão apenas tristes consequências dessa falta de amor. Quando o “amar-se a si mesmo” não é cultivado, rapidamente o orgulho, a soberba, a necessidade de afirmação vão tomando espaço no ser e depois dá-se violência, muita violência, manchando nomes, instituições, comunidades. Quando há este amor, na aceitação de quem se é, até as comparações acabam por se diluir. Nestes dias, a pensar no envio do Espírito como advogado de defesa, dei-me conta que bastantes vezes acaba por defender-me de mim próprio, naqueles momentos em que deixo de acreditar em mim. Ah, e se surgir confusão entre amor-próprio e egoísmo, rapidamente se dissipa quando vejo que vivo mais a “amar o próximo” sem lhe exigir que seja como eu.
segunda-feira, 18 de maio de 2015
Tomorrow shall be my dancing day - entregue!
no metro, a caminho da faculdade
[Secção “tese”] Entregue! Agora espero pela defesa. O caminho deu-me que pensar, abrindo-me perspectivas… com algumas “dores de entranhas”. Sinto-me agradecido a muita gente, em especial ao Philip Endean, o orientador, que desde logo acreditou na minha intuição. Depois aos companheiros jesuítas e outros amigos com quem fui e vou tendo boas conversas sobre estes temas. O título é o primeiro verso de um cântico inglês de Natal… sendo Jesus a dizê-lo no dia anterior à sua encarnação. Depois, todo o cântico vai articulando a vida de Jesus até à Ascensão, onde na última quadra há o convite ao ser humano de participar na dança divina. Obrigado também a tantos vocês que foram dando apoio em mensagens. Estou contente. :) Vou dançar um bocadinho e rezar agradecido. :)
domingo, 17 de maio de 2015
Ascensão
Yves Vernin
Viajo,
deixando o mundo
do não mundo
e amo.
As raízes permanecem,
fazem voar.
Que os olhares
não se percam
em torcicolos
e ajudem-me
a atravessar a rua
de todos os dias
em busca de migalhas
de pão, de fé, de liberdade.
sábado, 16 de maio de 2015
Nelken
momento de Nelken
[Secção “outros tons”] Tenho o quarto voltado para um pátio interior. Os pássaros soam. Apenas lá longe ouço carros a passar. Nem parece que vivo em Paris. É estranho o contraste com o que ainda me ecoa de Nelken. Esta coreografia de Pina Bausch tem mais de 30 anos. Nos seus cravos perfeitamente alinhados, dá-nos um lugar quase idílico. Pouco a pouco as emoções afloram, tocando mais ou menos subtilmente a história de cada um e, de algo modo, a universal. Entre gritos, sorrisos, latidos, passaportes, batatas e cebolas, cadeiras e caixotes, os gestos dos bailarinos são tão firmes a contar algo de entranhas. Dificilmente se explica, apenas se sente. Se em Nelken busca-se lógica, com argumentos perfeitamente alinhados, vai haver desilusão, absurdo, estranheza, incompreensão… praticamente o mesmo que se vive, por exemplo, diante da tortura e do sofrimento que muitos passam. E o estranho mesmo, tão paradoxal: as estações do ano seguem harmoniosamente o ritmo.
sexta-feira, 15 de maio de 2015
Parágrafo final
momento de “Nelken” de Pina Bausch, a ver esta noite cá por Paris…
[Secção “tese”] Faltam os remates finais, mas o último parágrafo da conclusão já está escrito: “Por tudo isto, mais que alcançar uma conclusão, parece-nos que esta tese deve seguir aberta a partir do caminho feito. Ou seja, é um convite a explorar ainda mais as possibilidades da fundamentação entre a teologia e a dança, aprofundando na fé em Deus que ‘dança e grita de alegria por ti’ (Sf 3,17).”
quinta-feira, 14 de maio de 2015
Respiro em música
[Secção “coisas”] Às vezes basta o respiro de 4 minutos e 25 segundos, imaginando boas conversas acompanhadas com um bom copo de vinho, para de seguida voltar a escrever coisas teológicas, de corpo e de dança, com outra frescura. [Obrigado J. Acertaste! :) ]
quarta-feira, 13 de maio de 2015
[Des]acordo
Cezary Filew
Estou há quase 5 anos fora de Portugal. Em 3, aprendi algo de espanhol. Em 2, algo de francês. Em todos os anos, fui seguindo com o inglês. Mas, assim de um dia ao outro, fiquei a saber que não sei escrever português. O tal (des)acordo é totalmente obrigatório pelo que percebi, não é? Pois, parece que quando regressar a Portugal vou ter de aprender português. Coisa estranha… a vida, a cultura, os interesses económicos, a evolução. Ah, a evolução!
P.S. - Peço a vossa compreensão e desculpa pelos futuros erros ortográficos.
terça-feira, 12 de maio de 2015
A noite de 12 de Maio
Henriques da Cunha
[Escrito há um ano, mas actual. Ainda mais quando sei de tanta gente amiga que lá está]
Das imagens que mais gosto, quando estou em Fátima a 12 de Maio ou de Outubro, é o momento em que se elevam as velas durante o terço. Das várias vezes que lá estive, encontrei pessoas do mais variado que se pode imaginar: pobres de dinheiro ou de espírito, ricas de criatividade ou de vaidade, crentes em Deus ou na energia cósmica do Universo, descrentes na política ou na família, alguém na solidão estando rodeada do grupo que a acompanhou em peregrinação e alguém com o coração cheio de gente, depois de ter caminhado só, em silêncio, durante 5 dias para agradecer algo importante na sua vida. Na escuridão, não havia rostos, nem roupas, apenas a luz que cada pessoa, independentemente da sua história pessoal e de relação com Deus, elevava. Essas luzes iluminam sempre todo o recinto… e, atrevo-me a dizer, a humanidade. Gosto desse momento, pois não se pode fazer nenhum julgamento. E aí está um dos Mistérios da Fé!
segunda-feira, 11 de maio de 2015
Elogio e responsabilidade
Peter Essick
Há elogios que dão mais responsabilidade do que parece. Então: “Padre, é raro ir à missa. Não acredito em Deus e sou comunista. Vim cá porque era a missa por alma de um familiar. Nota-se bem que gosta das pessoas que aqui estão. Senti-me bem, ainda mais com tudo o que disse do amor. É isso há falta de amor. Olhe que por ser comunista não significa que não vejo o bem nos outros, por isso achei que cá devia dizer isto!” Da minha parte: “Bem, obrigado. O que nos caracteriza como pessoas é a humanidade e essa é que tem de ser trabalhada. As características por vezes acabam por ser acessórios que impedem a comunicação. Obrigado, mais uma vez!”
A Thousand Times Good Night
[Secção filmes] Em conversa desafiaram-me a ver o filme A Thousand Times Good Night com a Juliette Binoche. Vi-o há pouco. Depois de um tempo de respiro, partilho parte do que escrevi a quem mo recomendou: Há silêncio que se reveste de tanta conversa, assim, com muitas perguntas… ecoando silêncio como resposta. O silêncio vai ganhando corpo, as palavras rostos, ou simplesmente contrastes. Nem sei bem. Ás vezes o desafio é precisamente não saber, gerando a inquietude que faz duas coisas: agradecer e não ficar pequeno de horizontes. […] Ainda não consigo escrever ou falar sobre o filme em si. […] Apenas o óbvio de momento: como humanos somos tanto… do melhor ao pior. Ainda hoje escrevi um post sobre Deus é amor… e agora estou em modo repeat [acompanhado por Ane Brun]:
daring to love
oh love
la la la la la la la la la la la laa
and come alive
alive
la la la la la la la la la la laa
but most of all to be loved
domingo, 10 de maio de 2015
Isto de Deus ser amor é estranho
Gregor Pirih
Isto de Deus ser amor é um pouco estranho. Nem se compreende bem. Fica tudo demasiado simples. Seria mais fácil que fosse castigador, assim ao jeito de um tirano que decide tudo sem ter em conta o diferente, ou que exigisse cumprir regras e regrinhas, preceitos e preceitinhos, sobretudo a partir do sofrimento. E quanto mais melhor, assim pela dor haveria a certeza de se estar mais perto dele. Seria: "cumpri e, mesmo que continue infantil na fé, já está!" Mas não, Deus é amor… e o que nos pede é que amemo-nos uns aos outros como ele nos amou. Ainda mais chama-nos de amigos e não de servos. Convida à liberdade de amar, sem fazer acepção de pessoas. No fundo, diz-nos para desinstalarmo-nos do conforto do rigorismo para a beleza do encontro… com alegria. Isto de Deus ser amor é estranho... e ainda bem.
sábado, 9 de maio de 2015
Orelhas e humanidade
Prandoni Livio
[Secção desabafos] Actualmente vive-se de polémica em polémica. As redes sociais, com os seus algoritmos, ajudam. As polémicas tornam-se virais. De uma passa-se a outra, esquecendo-se a anterior. E assim de impulsos, ao jeito de explosão de chama de fósforo, vai-se vivendo… rasgando-se vestiduras em meia dúzia de palavras irreflectidas em comentários agressivos. No final, não se chega a ir ao fundo do(s) problema(s). Talvez não se queira, não dá jeito, é demasiado incómodo, a precisar de mais tempo que apenas de um clique de “like” ou “partilha”. Agora fala-se sobre o rapaz das orelhas grandes. Ainda me lembro das vezes que na escola me chamavam de Dumbo. E não era propriamente um elogio. Talvez por isso tenho estado mais atento a esta polémica. Não vou menosprezar o caso, que é de ser analisado com atenção… mais um aliás. O que não gostaria é que, como de costume, as questões de fundo passassem demasiado depressa. Ao jeito de bode expiatório, descarrega-se culpas: neste caso, começa logo a ser no programa. Mas o programa é demasiado abstracto, então, no júri ou às pessoas da produção que lá na régie ridicularizavam em nome do gozo que vai dar audiências. “É coisa que o povo gosta!” Desta vez correu mal, estalando a polémica. A SIC escreve uma carta, vai apoiar a família, porque se vê apertada com a situação e, óbvio, não quer perder audiências. Mas será que vai perder? Afinal, para chegar ao ponto de ridicularizar é porque sabe-se que as audiências dos programas que alimentam a estupidez humana são elevadas. Quanto mais gozo, agressão, ordinarice em gestos ou palavras, melhor. Ah, então a culpa já não é só do programa, ou dos programas, mas também de quem vê, de quem, tornando a sua vida como telenovela, muda os ídolos para pessoas que tem a formação reduzida ao estímulo da polémica. Li que se devia promover mais fiscalização nestes programas e que se devia ter em atenção “a violência da caricatura”. Quando existe formação de valores básicos humanos, por exemplo, de respeito e compreensão, não há necessidade de mais fiscalização, para além da mínima de convivência social. Quanto à “violência da caricatura”, não pude deixar de sorrir. Viva a liberdade de expressão! Ela é fundamental. Isso não significa, como claramente se entende, que tal como qualquer dimensão humana não tenha limites. É difícil regular os limites da liberdade de expressão e muitas vezes esse é o grande problema, mas se houvesse mais formação dos tais valores básicos humanos um dos limites seria, p. ex., o bom senso. Mesmo sendo demasiado subjectivo, o bom senso ajuda a perceber o que é ajustado no respeito ao outro, sabendo-se pôr no respectivo lugar. Enfim, continue-se a menosprezar a educação, a formação humana, o profundo sentido de liberdade de consciência e expressão, alimentando-se a ignorância e o terrível poder que a saberá usar. Pois, isto não é uma questão de orelhas, mas de humanidade.
quarta-feira, 6 de maio de 2015
Dá-se silêncio.
Brice Portolano
Ando com esta do silêncio. Fazer silêncio. Resulta de uma conversa, melhor, de várias que vão sugerindo encontro silencioso. Como fazer silêncio? Parar ou calar, parece ser a resposta imediata. Mas é pouco, muito pouco. Não se trata sequer de esvaziar a mente, mas de enchê-la… de corpo, de vida, de Deus. Há dias numa das aulas de dança, a Diana propunha-me descobrir o espaço à volta. Depois, sentir simplesmente o toque entre o corpo e a roupa, deixando fluir o movimento. Essa era a informação, no sentir com tacto que cala as palavras, permitindo únicamente a existência. A indicação seguinte: “reza com o corpo”. Regulo a respiração e volto, literalmente, as costas ao ego, ao agradar, ao mostrar, ao provar. Fito o horizonte e dá-se silêncio. Só assim se escuta livremente o envio.
terça-feira, 5 de maio de 2015
O espaço do silêncio
Ed Kashi
[Secção outros tons] De momento, talvez o melhor espaço seja o silêncio. Ou o voo de poesia, onde as palavras escondem ou transformam esse pensar e sentir que tenho do entorno, em pessoas ou terras, de mim, de Deus em carne. Escrevo noutras margens o movimento. Descubro os pés, nesse apoio de chão em contacto até ao sagrado. E respiro a alegria e a dor, de cá e de lá. Nesse silêncio, aceito o convite, saindo até ao desconhecido.
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