[Breves notas muito pessoais] Comecei a escrever pelas redes a partir do que chamei o género literário partilha. Ainda assim, estive hesitante se partilharia algo sobre o que tenho vindo a sentir. Não quero contribuir para o ruído, emotivismo, ou simplesmente porque fica bem partilhar com o tema candente. Há pouco, na Missa, percebi que o devia fazer.
Desde quinta-feira que quando paro para rezar, seja por breves minutos ou mais tempo, vem-me a comoção desde as entranhas. Uma tristeza profunda invade-me o ser. Mesmo agora, enquanto escrevo, os olhos humedecem. Não percebo nada de geopolítica, nem de relações internacionais, tratados e afins. Mas, o meu caminho interior, de luz e sombra, e sobretudo de escuta de tantas pessoas nos últimos anos, faz-me perceber um pouco de (des)humanidade.
Sinto-me pequeno ao ver as imagens de ataques vis em nome do poder que, desde idealismos megalómanos, apenas destrói. Sinto-me pequeno ao perceber que estamos, enquanto humanidade, reféns da deusa economia e do deus dinheiro. Sinto-me pequeno ante a fragilidade da vida, de sermos meros peões de um jogo de interesses. A ironia ou hipocrisia da realidade: quem preside o Conselho de Segurança das Nações Unidas é quem invade um país. Sinto-me pequeno. Mas um país é feito de pessoas e emociono-me ante a coragem de milhares que se rebelam e manifestam, mesmo sendo acusadas de traição com consequências nefastas, contra o que consideram a barbárie de um homem que se guia pela sede de poder.
Ontem, de noite, ajoelhei-me, fechei os olhos e voltei àquelas três horas em que rezei sozinho no Túmulo de Jesus. Naquele momento, com humildade, senti-me representante de toda a humanidade. Na minha pequenez, no meu pecado, enquanto tocava na pedra, pedi-Lhe a Paz. Mas Ele não dá a paz no etéreo. Deus conta com as nossas mãos, os nossos olhos, os nossos braços, as nossas pernas, os nossos corações, as nossas vidas para sermos homens e mulheres de e da Paz. Pensemos e repensemos as nossas acções, fazendo dos nossos gestos lugares de amor a nós mesmos e ao próximo, tornando-os oração por todos os que sofrem. Sejamos luz ardente na grande sombra que assola a humanidade. Sejamos Paz.