[Secção pensamentos soltos sobre critérios para candidatos a emprego] Parece que cada vez mais aparece “capacidade de trabalhar sob pressão” nas ofertas de emprego mais generalizadas. Não se tratam de ofertas para “gabinetes de crise”, “gabinetes de apoio em situação de catástrofe”, mas para “designer”, “marketing”, “áreas administrativas”, etc.. Dá que pensar.
Quando se fala, tanto de temas fracturantes e polémicos, como de aparentes banalidades, há que ter em conta o ser humano na sua existência total, para lá da sua funcionalidade. Mas, tal não acontece. A pessoa na sociedade actual corre o risco de ser mais uma peça de engrenagem, desculpem a expressão, mas “carne para canhão” numa empresa ou gabinete. Trabalhar em pressão até pode ser motivador, estimulando a criatividade, em determinados contextos. Mas, em situação prolongada, a pessoa vai-se deteriorando rapidamente nas muitas dimensões do ser. Por isso, normalizar-se o “trabalho sob pressão” é, a meu ver, perigoso a vários níveis. Para empresas sem cuidado e atenção pela pessoa, quem sofre esgotamentos pela pressão, sai e é substituída. A empresa segue. Pois, somos pessoas e não máquinas.
Os últimos tempos têm sido totalmente atípicos, provocando alterações sociais sérias. Fala-se mais e bem de saúde mental. Mas, e sobre a saúde laboral? Normalizar “trabalho sob pressão” é contribuir para reduzir a pessoa a máquina ao serviço do sistema. E, repito, não somos peças, nem máquinas, mas pessoas, tanto quem busca emprego, como quem é emprega. A única pressão plenamente boa é a de um abraço ou aperto de mão a a afirmar que se está junto na colaboração para o trabalho ser mais humano e mais digno, dando tempo e espaço para contemplar e agradecer a vida.
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