Narciso Contreras
[Secção pensamentos soltos] Expressões como “deves de achar que sou preto!” e similares, traduzem o que vai no inconsciente colectivo sobre o que significa ser “preto”, a saber, escravo(a), criado(a), etc. e tal. Nem vale a pena dizer, “oh, é a brincar. Nem sou racista.” Ok, então que se pense com calma na expressão, sabendo que a linguagem tem força, e deixe-se de dizer. Com as recentes, assustadoras e vergonhosas notícias sobre a venda de escravos na Líbia, em conjunto com tantas experiências sociais que revelam o racismo encapotado, percebe-se mais uma vez a importância da reflexão séria sobre o que é ser humano. Percebe-se também o porquê de milhares de pessoas desejarem fugir de países que as aniquilam como seres humanos, tornando-as instrumentos de trabalho. Na homilia das Missas de Turma que celebrei há pouco, recordava como facilmente podemos ter ídolos que nos cegam humanamente, tirando o peso da dignidade e dividindo-nos. Por exemplo, o dinheiro e o poder. Acrescento, a diferença, numa supremacia branca que demarca seres superiores e inferiores. A história ensina-nos que houve péssimos entendimentos de humanidade. Tal, continua. Tristemente continua. Não tenho assento em locais de decisão política, mas, nos de educação, sim. Assim, que se viva o educar, independentemente da idade, para a linguagem e para o respeito pela diferença, dando os passos possíveis no caminho para humanidade.