sábado, 25 de novembro de 2017

Dia Internacional da Eliminação da Violência contra a Mulher




Sjiny G./Reuters

[Secção pensamentos soltos em Dia Internacional de Eliminação da Violência contra a Mulher] A propósito das minhas visitas a pessoas detidas no Centro de Internamento de Estrangeiros em Madrid, fiz uma formação com a ACNUR [Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados] sobre o tráfico humano, em especial de mulheres, para escravidão sexual. Os números são assustadores. Os grandes países de “consumo”: França, Alemanha, Espanha. Mas toda a Europa é porta de chegada de “sonhos de estudo e vida melhor”. Isto na saída de lá, das suas terras. Depois, à chegada, transformam-se em pesadelos de vidas anuladas em consumo sexual, com as ameaças de assassinato de toda a família. Instala-se o medo. É sempre o medo que envolve a vítima. Seja violência física, específicamente sexual, seja psicológica, são muitas as mulheres que ainda perdem totalmente a vida. Se não a perdem totalmente, a sua dignidade é gravemente diminuída com o desdém da sociedade ante a desvalorização de tantos casos de violência. Ainda mais quando são crime público. Recordo uma das Missas em que abordei o tema da violência doméstica na homilia. Nem conhecia bem a comunidade, por isso, ainda me sentia mais livre em fazê-lo, sem que houvesse a sensação de poder estar a dirigir-me a alguém. O silêncio era cortante. No final, na despedida à porta, muitas mulheres apertaram-me a mão com um “obrigado” acentuado. Infelizmente, a violência está mais presente do que se imagina. Por isso, infelizmente, ainda temos de recordar este dia, como caminho educativo e de ajuda.


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