domingo, 31 de março de 2013

Deu-se a Passagem




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O Domingo de Páscoa também é desconcertante. Está muito viva na memória a brutalidade dos acontecimentos. Madalena chora no sepulcro... mas, ao escutar o seu nome, daquele modo único, especial, com aquela voz tão bem conhecida, permite-a ver de outro modo o Senhor. Deu-se a Passagem. Mais do que euforias, há a alegria profunda de que é possível crer na vida, aquela que vence. E de suave sorriso no rosto, como se dentro da “Manhã de Páscoa” de Caspar David Friedrich, surge o canto de aleluia.

sábado, 30 de março de 2013

Dia do "sem-chão"...




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À medida que aprofundo na fé em Deus, surge também o aumento do respeito por quem vive dúvidas, inquietação, confusão, ou mesmo a descrença neste tipo de fé. O Sábado Santo é para mim o dia de recordar quem vive estes momentos, em atitude, precisamente, de respeito. Hoje, no seguimento de ontem, é o dia do absurdo, do sem-sentido, do ficar “sem-chão”... ante o silêncio da morte de Deus em Jesus. A Ressurreição está garantida, sim. O respeito de Deus também.

sexta-feira, 29 de março de 2013

"tudo está consumado"




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Tenho-me perguntado o que significa isto de crer. Dou-me conta do difícil que é viver estes dias plenamente. Eles desmontam qualquer esquema de Deus. Por mais que se repita na nossa história, aquele silêncio do “tudo está consumado” rompe as entranhas da fé. Só me apetece ajoelhar ante a cruz [Sua, minha ou de outros] e fazer-me pequeno como Cristo, que Ama assim: entregando-se. 


quinta-feira, 28 de março de 2013

Frescos passos



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Cristão é quem tem olhar igual ou de baixo para cima. A sua vida [espiritual, religiosa, académica, biológica e social] é direccionada para o respeito, em serviço atento. Não há inferiores, apenas humanos que podem ver, escutar e sentir de forma diferente. Tenho pedido ao Mestre, que não se cansa de lavar os pés, para que essa frescura da água fique marcada na memória corporal e, assim, tornando-os cada vez mais verdadeiros, aumente o desejo e gesto de refrescar os passos de outras gentes: “não é o servo mais que o seu Senhor, nem o enviado mais que o que o envia”.

quarta-feira, 27 de março de 2013

fé [como interrogação]




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“Há que repetir uma e outra vez: a fé não é uma questão de problemas, mas de mistério, por isso nunca devemos abandonar o caminho da interrogação”. Tomás Halíck, em “Paciência com Deus”. Se se entende a Paixão (de Cristo ou nossa) como um problema, esta fica como que uma coisa estúpida, sem sentido. É que desta forma não tem mesmo sentido nenhum. A fé, nestes dias, impele à interrogação, ao desafio do silêncio, maturação e, depois, acção. Deus não é uma questão de solução, mas de dinamismo vital. 

terça-feira, 26 de março de 2013

Paixão sem heroísmo



Michael Wolf, da série Tokyo Compression

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Estes dias da Paixão são tão crus. E de crus que são têm tal densidade que apetece fugir deles. Uma possibilidade: afirmar a fidelidade ao modo heróico, sem pensar. Quando fiz os meus primeiros Exercícios Espirituais achava tão fácil sofrer como Cristo sofreu. Ingenuidade. “Negar-me-ás 3 vezes”. Há pouco, na oração, pedia ao Senhor para me ajudar a não ser herói.


segunda-feira, 25 de março de 2013

Amor [na Semana Santa]




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Não se pode viver a Semana Santa sem Amor, tentando não cair em perigos de quantificações, se se ama menos ou mais, deixando-se ficar pelo simples amar. Seria uma semana estranha, vazia, oca e desnecessária se não tivesse essa carga do amor tão intenso e incompreensível. Aqui tocamos a subtileza da fé que, em modo de nardo puro, se espalha pela vida humana se abrimos o coração a esse Mistério. A dor só pode ser vivida pela certeza de um Amor mais forte. 

[Esta música escutei-a hoje, enquanto rezava a proposta do passo-a-rezar.net para o dia de hoje]


domingo, 24 de março de 2013

Prepara-se o caminho...



Todd Hido

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Prepara-se o caminho da Morte e da Ressurreição. Mas antes, mais uma vez a revelação do sentido de tudo o que aconteceu e vai acontecer: o serviço. A credibilidade de Jesus surge, entre outras coisas, porque amou, em gestos e palavras, de modo especial os oprimidos e aqueles que não correspondiam aos parâmetros da época. Quem deseja um poder que exclui, separa ou anula o que lhe pode fazer sombra (mesmo em nome da fé), não compreende, nem vive, o dia que celebramos hoje. Jesus é Rei e Senhor “que veio para servir e não para ser servido”... o suficiente para baralhar qualquer sistema.


sábado, 23 de março de 2013

Semana Santa




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Aproxima-se a Semana Santa. Considero-a como o tempo do silêncio. Para alguns pode ser tempo de retiro, para muitos o quotidiano segue a sua normalidade. Crentes ou não crentes, necessitamos do silêncio para viver o profundo da nossa realidade. Mesmo na agitação citadina, a noite traz a experiência da reflexão. Esta Semana recorda-nos a Paixão e a Morte... onde a divindade se esconde, revelando da forma mais forte que não se impõe, vivendo em pleno as dores da humanidade.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Ainda a poesia...



Chema Madoz

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Há dias que não podem ficar-se só por 24 horas. Deixam fragrância e brilho. Ontem foi um deles. A vida sem poesia resume-se, por exemplo, à funcionalidade dos acontecimentos. A poesia é para todos(as). A poesia faz parte do respirar humano. Mesmo quem possa ser mais racional, terá sempre o encontro com os sentimentos. Na poesia, as palavras dão corpo ao sentir. Ser poeta: ser capaz de ver para além imediato.


quinta-feira, 21 de março de 2013

1.ª Homilia [Chamados pelo nome a dar vida]



Alex Wolkowicz

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Hoje de manhã, na capela da universidade, fiz a minha primeira homilia a partir dos textos do dia de hoje:



O nome traz a identidade, permite identificar a pessoa. Longe de ser uma designação convencional, expressava o papel de um ser no universo: o ser e a natureza através da missão y das acções que realiza. Deus, no livro do Génesis, cria, pondo nome a todas as criaturas, aos astros e pede a Adão que dê nome a cada um dos animais. O nome dado ao ser humano no nascimento expressava a actividade ou o destino que cada qual levava. 

A primeira leitura apresenta-nos uma mudança de nome: de Abrão a Abraão. Deus muda o nome porque fê-lo pai de uma numerosa quantidade de povos. Missão: paternidade. No entanto, Abraão é pai de um povo que prepara a vinda da paternidade de Deus: Pai de toda a humanidade através do seu Filho, Jesus Cristo. Jesus viu e viveu esse reconhecimento da paternidade de Deus na sua carne, na sua história. Pois é o Pai que o glorifica, permitindo que Jesus seja vencedor ante a morte. 

Se ser pai, ser mãe, é dar a vida, Jesus sendo glorificado pelo Pai tem autoridade para dizer que a sua palavra é garante, não de morte, mas de vida plena. A missão de Jesus é clara: dar a vida. Que tem isto que ver com o nome de Deus? “Antes de Abraão ter nascido, eu existo”, ou seja “Eu sou!” (cf. Ex 3,14). 

Pode-se fazer um interessante texto teológico, mas: onde se pode aterrar esta realidade? A Quaresma é caminho de libertação do que nos separa de Deus para chegar, a partir da morte e Ressurreição de Jesus, ao encontro com a vida divina. Isto é algo grande e ao mesmo tempo simples a partir da nossa história, do nosso nome: Deus conhece cada pessoa pelo seu nome. Temos sempre uma identidade com Deus, que se O escuto pode mudar. Ou seja, quando há uma disposição de coração, dá-se o encontro e entende-se a missão, a chamada, a vocação que Deus tem para cada ser humano. Assim, que este tempo que nos aproxima da Semana Santa seja ainda tempo para abrir o coração às mudanças que Deus convida e, “não apanhando pedras para atirar a Jesus” e a mais ninguém, seja oportunidade de escutá-Lo: “eu existo, no entanto, o meu existir é tão humilde que te peço colaboração para dar vida às pessoas que se aproximam de ti”. 

quarta-feira, 20 de março de 2013

Ser diácono [com humor]





Tenho estado ausente por estes lados, mas sorrio MUITO, assim, agradecido por tanto carinho recebido por mensagens e e-mail. Espero ser capaz de responder e de servir como sou chamado: sem super-heroísmos, mas com o caminho de respeito, acolhimento e ternura (como nos dizia ontem o Papa Francisco na sua homília).

Mas, se antes dizia em jeito de brincadeira, agora como diácono já digo com mais autoridade: “Oh meu’zamigos zzz zzz, Não habia nexezidade. O que é isso de andar a sorrir na Quaresma? Zzzz zzz. Toca a pôr ar sério e sofrido... zz zzz zzz”. ;) Um ABRAÇO grande!!


domingo, 17 de março de 2013

"Estupidamente" feliz




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Não posso ir dormir sem dar um agradecimento especial: a Deus e a vocês que estiveram presentes [seja que de forma for]. Estou com aquele cansaço de quem está “estupidamente” feliz e sereno. Houve abraços, sorrisos, lágrimas e muitos nomes a passar pelo coração e pensamento, enquanto estava deitado no chão, escutava a oração consagratória e recebia o Evangelho. Em resumo: sou diácono da Igreja, na Companhia de Jesus, para a Sociedade (como nos disse o Bispo). Mais resumido ainda: sou MUITO feliz.


sábado, 16 de março de 2013

Hoje [é dia de ser diácono]




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No meu coração há “dança oculta” a acontecer. Nem sei bem o que sinto. Só me sai a palavra “anestesiado”. Sairei agora em passeio, para receber a “aragem” deste dia em que Deus vai mudar o meu modo de ser Paulo e assim poder humildemente servir e anunciar a Sua palavra, a Sua vida, os Seus sonhos no mundo de hoje. Agradeço muito a vossa presença [seja ela de que forma for], carinho e amizade. Na ordenação, pedirei a Deus por vocês e para que a minha vida, como diácono, seja contributo de ar fresco, muito ar fresco, e movimento suave na Igreja e no mundo. 



sexta-feira, 15 de março de 2013

Leveza no ar



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Mesmo com muito a acontecer, há uma leveza no ar. Aquela sensação de sorrir por tudo e por nada. O abraço da mãe e do pai, o carinho dos amigos que começam a chegar e dos que não deixam de pensar à distância por mim, por nós, torna o dia diferente. Não vivo quotidiano, mas sei que será “pedra angular” para que o quotidiano (alegre ou triste, aborrecido ou cheio de movimento, com muito ruído ou silencioso) seja mais pleno de Deus. Sim, dá-se a beleza do amanhecer da nova realidade. 


quarta-feira, 13 de março de 2013

Habemus Papam [sj]




Alessandro Bianchi/Reuters

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Estavam 5 jesuítas a ter a entrevista com o Bispo que os vai ordenar diáconos no próximo sábado, quando começaram a soar a repique os sinos da Catedral da Almudena em Madrid. Olharam uns para os outros: “Tenemos Papa”. A entrevista acabou e dirigiram-se ao café mais próximo, pois não dava tempo de chegar a casa, para ver quem era pela televisão. Francisco, de nome, do outro lado do mundo, jesuíta. Da minha parte, é um turbilhão de emoções: agradecimento, surpresa, espera, comoção, muita comoção. É muita coisa a acontecer em pouco tempo. A imagem que tenho na cabeça: o Papa inclinado para receber a oração do povo.


Corpo, beleza e equilibrio




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Senhoras (e senhores também), deixemo-nos de tretas, façamos uma análise pessoal com mais carinho. Sabe-se que o aspecto de cada um(a) tem o seu peso na auto-estima. Ok, mas dá que pensar a rapidez com que se pensa e reconhece o que “não se gosta do corpo”, ante a demora a responder sobre o “que se gosta”: se o rabo está descaído, arrebita-se o sorriso, dando-se o equilíbrio. ;)



domingo, 10 de março de 2013

(...) [III]



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Desde que cheguei a Madrid, há dois anos e meio, esta imagem de Cristo tem-me acompanhado. Há pouco na Missa, nos momentos de silêncio, repassei a quantidade de sentimentos que passaram por mim enquanto o olhei noutras vezes: inquietação, alegria, frustração, tristeza, saudades (muitas), serenidade, dúvidas, raiva, paz, angústia, esperança, felicidade. Recordei o que pensei, desabafei, buscando o sentido quando por cá andavam. No momento de acção de graças fiz um pequeno resumo: “Obrigado por ser(es) humano”. 



sábado, 9 de março de 2013

[No pedir e agradecer]



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A base do pedir algo pode ser o agradecimento. Nestes dias tenho agradecido o que tenho, vivo e sinto. Acabo por depois saber o que realmente necessito para de seguida pedir. Nem sempre é assim, tudo tão equilibrado. Há momentos que me esqueço do que tenho, vivo e sinto e peço desmesuradamente. Descansa-me saber que as medidas divinas são diferentes e o Seu modo de responder também. 


sexta-feira, 8 de março de 2013

Para hoje...




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Mulheres: mães, perdão, diferentes realidades, capacidade de acolher, sensibilidade, entranhas. É isto, para hoje, sem muitas mais palavras. 


quinta-feira, 7 de março de 2013

Grito(s)



Chris Coekin

Há muitas formas de gritar. O grito histérico e ridículo de quem tem tudo e ainda se queixa. O grito forte dos que se acham detentores da autoridade e abusam da mesma. Há ainda o grito de susto, ante uma situação inesperada. Há o grito silencioso, através do rosto marcado pela violência também ela sem qualquer ruído, escondida, psicológica ou física, que só a sensibilidade mais fina pode detectar e ajudar. Como não falar do grito de desespero? Aquele grito ao jeito de Job que de um momento para o outro fica sem chão, como um farrapo humano... sem rosto, família, registo e, sentia ele, sem Deus? Sim, gritamos. Ou pelo menos ouço o grito de outros, muitos outros. 

Acabo de ouvir a intervenção da Joana Manuel. No fundo, um grito, sem dúvida educado, numa intervenção que se quer séria e com respeito... mas um grito. Fiquei a pensar que há pouco publiquei um post suave, daqueles que, vistos superficialmente podem ser purpurina mágica de afagar o coração. Sim, também tem esse lado. Mas, saindo da epiderme vou ao “Libertar os oprimidos”, ao jeito do desejo de algo renovado na nossa Pátria. Escuto a Joana Manuel, recordando tantos amigos que como ela gritam ao seu modo, outros que já partiram a caminho de países em busca de uma vida melhor, outros que na sua “eterna juventude” ainda vivem com os pais, alguns deles, tal como os filhos, também desempregados. Paradoxos do tempo: quem diria que o elixir da eterna juventude poderia vir da precariedade? 

Sim, pássaros a voar, também eles um grito. O desejo de querer viver para além da carga de ser um número que alimenta uma máquina estatal. O grito ao jeito dos profetas Jeremias, Isaías, Oseias, que clamam ante Deus a opressão do Povo. Por isso não acredito em espiritualismos bacocos, desligados da realidade, mas numa espiritualidade que encarna as dores e os gritos da gente: que quer o espaço da autonomia e não tem, por falta de justiça ante aqueles que ficaram com todos os espaços; que quer abrir o coração a uma família que não pode existir, pois as condições são cada vez mais diminutas (e de momento não quero saber de moralismos que... “antigamente as pessoas aguentavam-se e não precisavam de tantas coisas para ter filhos, agora querem é ter tudo arrumadinho”. Antigamente, as pessoas sofriam e gritavam de forma calada a precariedade. A minha avó Constança, que saudades tenho dela, teve 11 filhos, morreram 8); gritos de gente que quer simplesmente ser pessoa, no desejo de realizar o sonho que a modernidade desenvolveu a partir da diversidade de cursos tecnológicos, científicos, artísticos, dando assim a possibilidade de seguir vocações e não de matá-las à nascença, sabendo que o futuro não os chama. 

Falamos de Arte, ou de histórias que podem ser desenvolvidas a partir da capacidade do imaginário humano, da riqueza do imaginário humano, numa educação que vai para além de números e cifras. Sim, acredito numa espiritualidade encarnada por Deus que de algum modo sofre calado, à espera que aqueles que O seguem não deixem de gritar ao jeito dos profetas, pela justiça e pela verdade. Quando é que se tomará consciência que as pessoas, mesmo cantando a música dos Deolinda, não são parvas? Em vésperas de sexta-feira de Quaresma, deixo mais um grito. Eu não posso dar emprego(s), mas dou o melhor que tenho: o grito naquele que entendeu e viveu todas as dores. 

Assim, no desespero que acompanho de muita gente, usando as palavras de Bento XVI, acredito que: “Ama-se tanto mais eficazmente o próximo, quanto mais se trabalha em prol de um bem comum que dê resposta também às necessidades reais [das pessoas concretas]”, pois “todo o cristão é chamado a esta caridade, conforme a sua vocação e segundo as possibilidades que tem de incidência na sociedade”. O que esperamos? 


Sem utilidade




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A vida não se pode reduzir a um utilitarismo feroz. Há coisas que não têm utilidade nenhuma. Bem, a única que têm é ajudar a perceber que o belo da vida também passa pela simples contemplação. Nestes dias tenho reparado nos pequenos rebentos nas árvores... ou simplesmente no voo dos pássaros. 

quarta-feira, 6 de março de 2013

Solenidade e risco




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Faltam 10 dias. Cheguei há pouco de retiro. Telefonemas de preparativos. Trabalhos para fazer. O tempo avança mais rápido. Sinto-me pequeno, estranhamente pequeno. Sim, Deus tem uma grande pedagogia. Passo para a sensação de abandono. “Fé = confiar em” e “Esperar = confiar-se a”, dizia-nos o Toño García no retiro. Recordei Sophia: 

“Apenas sei que caminho como quem
É olhado, amado e conhecido
E por isso em cada gesto ponho
Solenidade e risco”.

domingo, 3 de março de 2013

A blasfémia de Moisés [repescado]



Lorena Guillén Vaschetti


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Escrevi “A blasfémia de Moisés” há um ano. Volto a ele. Pelo sentido que tem para a Quaresma. Começa assim:

A fé implica muita seriedade. Esta minha reflexão não tem que ver com uma seriedade moral ou integridade de uma perfeição, ou pureza, inalcansável, mas simplesmente com a capacidade da total possibilidade de verdade e transparência diante de Deus. A fé é exigente na medida em que obriga a questionar(-me), buscando uma renovação do amor, querer e interesse pessoais. As dúvidas de fé, quando vividas com maturidade, podem ser portas para o aprofundar da mesma. 

sábado, 2 de março de 2013

Protestos - 2 de Março





Hoje é dia de protesto por Portugal. Se aí estivesse sairia à rua. Diluído na multidão, sem qualquer uso da violência (a qual repugno, junto com aqueles que, infiltrados ou não, a possam impor) e conotação política, mostraria, por um lado, o desencanto e tristeza com a situação que tantos milhares de portugueses passam, por outro, que há esperança, que não vivemos a indiferença ante o afundar do país, que se exige o respeito pelas pessoas, que há o desejo de justiça, de verdade e de responsabilidade por quem nos governa. 


sexta-feira, 1 de março de 2013

"Losers"




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“Loser”, ou seja, falhado, tótó, maricas, atrasado mental, caso perdido, tristeza da sociedade, etc., etc., ...e pessoa. O “ser pessoa” devia vir em primeiro lugar, mas infelizmente não é assim. O tal desejo de sociedade perfeita (?), faz com que cada vez mais se “mate” pessoas por serem diferentes e não corresponderem a determinados padrões de beleza ou modos de estar. Já senti fortemente na pele ser considerado um “loser” e, por defesa, acabei por “matar” também. É um trabalho difícil este do respeito... mas, estamos na Quaresma: oportunidade de mudar de perspectiva (noutra linguagem, de conversão).