[Secção conversas em I Domingo de Advento]
- P. Paulo, porque é que não sou como toda a gente a viver fervorosamente a fé, libertando-me do ridículo das minhas dores e sofrimentos?
- O que é para si “toda a gente”? Já viu a imensidão que representa “toda a gente”?
[Fixa o olhar em surpresa ante a constatação.]
- Sim, mas Deus tem mais com que se preocupar do que comigo.
- Acho que Ele tem esta capacidade de exclusivamente se preocupar com cada um de nós, como se fossemos únicos. É das belezas do Seu mistério.
- Mas há quem sofra muito mais que eu e estou nesta lamúria.
- Já pensou falar dessa lamúria directamente a Deus?
- Oh, é ridículo.
- Porque julga tão rapidamente esse ridículo? O mundo pode estar a cair à nossa volta, mas quando temos um pico de cacto no dedo a provocar uma dor impressionante, não há descanso enquanto não retiramos esse pico. Quando olhar de frente para o que significa a lamúria, dando-lhe luz e atenção, é muito provável que se vá desvanecendo. Depois, torna-se uma aprendizagem no estar como se é, seja com quais forem as dores, diante de Deus.
[Baixando a cabeça]
- Nunca me tive muito em consideração.
- É sempre tempo para começar. Deus tem plena consideração por si. O Advento está aí à porta. É um bom tempo para se abrir à vinda de Deus…
- …E deixá-Lo finalmente nascer em mim e assim libertar-me para me dar aos outros.