domingo, 1 de novembro de 2020

Santidade em dia de Todos os Santos



[Secção pensamentos soltos em dia de Todos os Santos] Viver a santidade que nos vem de Deus é viver o silêncio, a escuta e o anúncio. Os tempos actuais estão carregados de ruído. A quantidade de informação e contra-informação, as emoções a gritarem por atenção, a sentirmo-nos desorientados com o desconhecido desajusta o pensar com serenidade. É preciso ganhar distância e fazer silêncio. Os santos sabem fazer silêncio, permitindo que a suave voz de Deus se aproxime. O silêncio ajuda a lucidez no pensamento e abre a possibilidade de escutar adequadamente os sinais do tempos.


Os santos sabem escutar. A escuta abre a atenção ao que circunda. O coração sereno é capaz de escutar a realidade sem necessidade de defesas ou ataques. Se escuta que é preciso ajudar, ajuda no que pode. Se escuta que é preciso retirar, retira-se sem imposições. Se escuta que é preciso dar opinião, porque tem conhecimentos sobre a temática, partilha da sua sabedoria. Se escuta que é preciso abdicar da sua ideologia em nome da vida do outro, vive a humildade e liberdade em relação a si mesmo. Se escuta que é preciso colaborar, mesmo sabendo que a tradição não pode ser cumprida em nome do cuidado do outro, contribui no que for melhor para todos.


Ser santo é anunciar, depois do silêncio e da escuta, a mansidão, a misericórdia e a paz. O testemunho de santidade passa por mãos que acolhem e corações que iluminam os pequenos gestos de vida no quotidiano. Os dias actuais pedem santidade no quotidiano. Cada um de nós é chamado a fazer a parte que lhe corresponde, com gestos e palavras de autenticidade, em profundo respeito por si mesmo e pelo outro. Não se trata de ser mais ou menos puro diante de Deus, mas cada vez mais de coração de carne, onde todas as petrificações foram e são transformadas em Igreja de nomes e rostos amados e amantes. E a vida plena acontece e espalha-se em mãos abertas, com luz, muita luz.


Sem comentários:

Enviar um comentário