segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Sobre a amizade



[Secção pensamentos soltos sobre amizade] No Evangelho de S. João, num dos seus discursos, Jesus diz aos discípulos que já não os chama de servos, mas de amigos. Muitas das vezes as relações revestem-se de utilitarismo. Por algum motivo são úteis ou dão jeito. Quem não as vive, que atire a primeira pedra. O tal “servo” implica essa utilidade que a amizade vai descascando. 


Ser-se amigo é ser-se livre. Dão-se passos sérios de gratuidade, de deixar de lado qualquer cobrança sobre coisas ou tempo. Abre-se espaço para a presença que vai para lá do físico. As conversas sem horas ou o simples fazer nada lado a lado é construção de caminho a dois, cada um na sua individualidade. Assistimos ao crescimento interior, de onde a meninice atravessa a adolescência e tornamo-nos adultos a deixar o outro ir vivendo a fé que fica. Sim, na amizade os amigos ficam sempre. 


Depois há aqueles que vivem outro passo de existência. No mesmo Evangelho de S. João, Jesus ressuscitado diz a Maria Madalena para ir avisar os “meus irmãos”. A amizade com cor de irmandade. Partilha-se ADN afectivo e espiritual. Se ser-se amigo é ser-se livre, ser-se amigo-irmã(o) é ser-se reflexo de amor a desejar a profunda felicidade do outro. E estas amizades de irmandade terrenas espelham momentos de céu. 


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