quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Dreamgirl



Em nome da terra

"Querida. Veio-me hoje uma vontade enorme de te amar. E então pensei: vou-te escrever. Mas não te quero amar no tempo em que te lembro. Quero-te amar antes, muito antes. É quando o que é grande acontece. (…) Não sei. O que é grande acontece no eterno e o amor é assim, devias saber. Ama-se como se tem uma iluminação, deves ter ouvido. (…) ou como quando se dá uma conjunção de astros no infinito, deve vir nos livros.” Vergilio Ferreira
No comboio de manhã, passou uma senhora e disse-me "muito boa leitura", respondi "sim, é maravilhoso".
Às vezes sozinho, com um copo de Gin, um cigarro, no nosso bar favorito é suficiente para que todos os nossos dramas da vida se congelem pelo tempo que duram os copos que vamos bebendo. E a vida parece mais alegre, mesmo por uns instantes.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Isabel II no Museu da Presidência da República


"A visita da Rainha Isabel II a Portugal, em Fevereiro de 1957 (em retribuição de uma visita oficial a Londres realizada dois anos antes pelo Presidente Craveiro Lopes) constituiu um momento singular na história da diplomacia portuguesa, não só pela sua importância estratégica no contexto das relações internacionais, como pela dimensão cerimonial, protocolar e mediática de que se revestiu.


Isabel II foi recebida pelo Presidente da República, Craveiro Lopes, e pelo Presidente do Conselho, Oliveira Salazar. O seu desembarque em Lisboa, no bergantim real que outrora servira o casamento de D. João VI e D. Carlota Joaquina, no longínquo ano de 1785, constituiu um dos momentos mais fulgurantes da visita. Desde o Cais das Colunas, engalanado com embarcações de vários tipos, ao Parque Eduardo VII, milhares de pessoas aplaudiram o sumptuoso cortejo no qual a Rainha e o Presidente foram transportados num coche do tempo de D. João VI.


Muitos outros momentos altos assinalaram a visita da Rainha Isabel II a Portugal: o faustoso banquete no Palácio da Ajuda onde brilharam os vestidos e os fatos, as jóias e as condecorações e se utilizou a Baixela Germain, do séc. XVIII; a récita de gala no Teatro S. Carlos, as efusivas manifestações populares de boas-vindas; a colorida recepção de campinos em Vila Franca de Xira, ou, ainda, a simbólica visita ao túmulo de D. João I e D. Filipa de Lencastre, no Mosteiro da Batalha, cujo casamento, em 1387, selou o tratado de Windsor entre Portugal e a Inglaterra.


A cobertura jornalística deste acontecimento, que marcou o arranque das emissões regulares da RTP, representou o primeiro fenómeno mediático à escala nacional. Paralelamente, vários jornalistas estrangeiros fizeram eco da visita na imprensa internacional, considerada, por portugueses e ingleses, um verdadeiro sucesso.

Passados cinquenta anos, o Museu da Presidência da República realiza uma exposição documentando e contextualizando historicamente esse acontecimento, dando a conhecer, através de objectos museográficos, fotografias e materiais audiovisuais, os momentos mais relevantes do programa oficial."

Museu da Presidência da República
24 de Fevereiro a 18 de Maio de 2007
Horário: Terça a Domingo das 10h às 18h

Não basta sê-lo, ... (II)

"Mandar o princípio da presunção da inocência às abóboras? Não lhe parece um bocadinho pidesco isso de a "mera suspeita" ser tão consequente? ai esta esquerda.... " she wrote
O correcto é que se aguarde pacientemente em casa (ou no Rio de Janeiro, que continua lindo...) pela decisão de Inocente ou Culpado, e então, o regresso (bem-vindo e em glória) ou renúncia ao cargo anteriormente ocupado.
São valores mais altos - os do colectivo - que estão em causa e interessam proteger. É esta noção de esquerda (interesse colectivo) para direita (interesse individual - agarrados como lapas ao poder) que não consigo engolir com ligeireza.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Não importa sê-lo, temos também de parecê-lo.

Deveria Haver um código ético de conduta para qualquer pessoa que ocupe um cargo público ou de nomeação pública.
Este deveria incluir um artigo "A suspensão imediata do cargo quando qualquer suspeita recaia sobre o ocupante do mesmo.". Talvez a Cicuta me ajude juridicamente a formular melhor esta ideia.
De qualquer forma, o que se passa em Portugal, em qualquer quadrante político, é vergonhoso.

David de Michelangelo


Há uns anos aprendi que conseguia viver bastante melhor com as pessoas se deixasse de exigir delas coisas que não podiam dar. No limite sempre que a mãe se chateava com o gato, por este estragar o tapete com um presente ácido, dizia-lhe, é apenas um gato e nós adoramo-lo por isso. Trata-se sempre de um jogo de expectativas. Esta semana concretizei uma, imensa, que suplantou a imaginação. Há, de facto, perfeição absoluta, na geometria da forma, no equilibrio e na beleza atingido neste David de Michelangelo.


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

O BE

Ficamos a semana passada a saber que a única Presidente de Câmara do BE, a câmara de Benavente, foi constituída arguida por qualquer coisa como licenciamentos ilícitos - as coisas a que os Presidentes de Câmara já nos habituaram. O que esta história tem de diferente é que nos restantes casos em que outros presidentes, de outros partidos, eram constituídos arguidos o BE vinha logo a terreiro dizer que era necessário um estado que punisse quem vai contra a lei, quem usa dinheiros públicos para proveito próprio, quem não sabe ocupar o lugar para o qual foi eleito. Mas o que desta vez ouvimos do BE foi «isto é tudo uma vingança», sem explicar de quem e sobre o quê. Já agora só faltou dizer que foi uma vingança dos «ELES» uma espécie de instituição do Mal que o BE criou e apregoa sempre que pode. É com este moralismo falso e rasca que o BE vê o mundo, age sobre ele. Pior, acha que todos devemos ser como eles, BE, e não a tal instituição anónima.
Ao contrário do que faz parecer, o BE não está acima do banal e comum da vida, não tem uma poder milagroso para ficar imune a arguidos e coisas ilícitas e por isso mesmo não lhe reconheço qualquer superioridade moral para se achar melhor ou sequer diferente. Porque o sr. Louçã sabe bem o que aconteceu na Câmara de Benavente e, sabendo como se financiam partidos em Portugal, basta perguntar pelas contas do BE.
É por isso que esses senhores não se aconselham.

A Katia faz hoje anos


E porque é a maior fadista portuguesa viva e dá-me a honra de ser muitíssimo minha amiga, aqui fica o meu público "parabém"!

Eu sei que ainda falta muito para o Natal...

... mas como ando a montar casa descobri estas colunas e estou mortinho para as ter! São de uma dupla de designers holandeses (é isto, não é Royal?) e eu, que tenho aversão a animais domésticos desde que o meu Coentro foi para o convento e lá morreu (o Coentro era um gato bem disposto e engraçado que o meu pai mandou para um convento de freiras), estou com o bichinho (literalmente) para comprar estes cães.
Pronto, era só isto...

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Rosas Vermelhas


O ramo de rosas vermelhas chegou na véspera do casamento. Soube imediatamente que eram dele, adivinhou-lhe a perversidade do gesto e o cinismo da mensagem.
Leu o cartão com raiva e desprezo. Leu as letras agudas que lhe juravam amor no momento em que decidia seguir sem ele. “-Vou esperar por ti. Vou seguir-te sempre.”
Rasgou o cartão e separou as rosas.
Deitou-as fora uma a uma, desfazendo a sua cor mentirosa e destruindo a sua arrogância.
Guardou a última, intacta, numa caixa plana e deixou-a no fundo de uma gaveta com o que não queria levar consigo.
Se algum dia a memória se apaziguasse, aquela rosa havia de lembrar que, em tantos anos, o único momento em que ele soube dizer que a amava foi quando viu que a tinha perdido para sempre. Que houve um momento em que ele soube dizer que a amava. Que houve um momento em que ele soube. Que houve um momento. Que houve.

O incrivel mundo do CDS

Ribeiro e Castro veio, ontem, dizer, que o partido se revigorou nos últimos dois anos, ou seja, desde que é presidente do CDS. «Neste ciclo, apesar de todas as dificuldades e contratempos, não bloqueámos. Não tivemos medo, não nos atrapalhamos. Enfrentámos e cumprimos todas as etapas. Não viramos a cara nem fizemos cálculos», afirmou Ribeiro e Castro.
Ora, agora percebemos todos o porquê deste estado do CDS. Não tiveram medo, Sr. Castro seja honesto sff! Então porque não foi em frente com a limitação de mandatos como tinha inicialmente proposto? Não se atrapalharam, Sr. Castro as minhas mãos não chegam para contar os disparates que disse e que podia ter evitado. Cumpriram todas as etapas. Pois de facto podem ter cumprido, nós é que não percebemos quais foram e se foram ou não cumpridas como diz. Não viramos a cara, isso de facto não fizeram, mesmo com o índice tão elevado de porrada, aqui a democracia-cristã seguiu um dos mandamentos, se te derem um estalo oferece a outra face. E não fizemos cálculos, Sr. Castro ai está o seu grande erro, já pensou que talvez o deveria ter feito, era importante e do mais elementar bom senso.
Ribeiro e Castro está de facto mais uma vez enganado e nem dois anos è frente do partido o fizeram ver o mais elementar e básico. Alguma coisa vai mal, será ele?

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

A não dizer

Há expressões que não se devem usar seja qual for a circunstância, mesmo quando nos referimos a uma coisa perfeitamente legitima e mesmo que não haja maneira ou forma diferente de dizer. E essa expressão é “Tenho a panela rota”, é sempre motivo de gargalhada e mesmo que tenha sido dito fazendo referência à panela do carro quem a ouve faz outro tipo de juízos e olha para trás de nós em busca de qualquer coisa estragada ou amachucada. Nunca dizer em público. Vão por mim.

Carnaval

Só para que conste, foi bom estar no sítio do costume com os de sempre a "curtir a ressaca" e a divertir-me com os risinhos tontos da Laura e da Joana sempre que aparecia o empregado (mascarado de Abelha Maia). Gostei do chá branco e do bolo de chocolate e vinho tinto. Gostei de ver a Laura a confessar que, afinal de contas, até gosta de crianças. Gostei de ver o Tiago e o João a jogar como se fossem crianças. Gostei de estar com os amigos enterrado naquele sofá verde como se o mundo não tivesse horas e aquilo fosse a nossa casa. Foi uma tarde bem passada.

POIS CAFÉ
Rua São João da Praça, 93-95 (à Sé, Alfama)
Tel: 21.886.2497
Horário: 11.00 às 20.00

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Desabafo(s)...


Já não escrevo há um tempinho!


Às vezes por falta de tempo, outras por… sei lá… Apetece-me escrever mais sobre a minha experiência com Deus, mas vêm-me logo à cabeça as reacções cada vez mais comuns de quando se fala no tema… Caras de enfado, de “ui lá vem seca”, “eh lá! Isso é do tempo da minha avozinha…”, etc etc. Enfim, seja como for, estou a chegar de 3 dias de retiro e quero falar de DEUS… Sim: DEUS! Bolas (para não dizer “Porra” porque é feio, politica e liturgicamente incorrecto - estamos num blog com bastante credibilidade - e não é fino, hmmm já houve uma Marquesa que o disse), não me considero tão retrógrado, tão old-fashioned, que não possa falar de DEUS sem que seja imediatamente enfadonho e secante…


Estamos numa sociedade cada vez mais laica, onde ser religioso não deve fazer parte dos cânones de quem se diz civilizado. Ou então, é in fazer daquelas experiências em que se arrumam as energias, flutuando-se numa camada espiritual que nos faz sentir leves e frescos… Acredito que pela cabeça, e pelo coração, de todo o ser humano já tenha passado a ideia de uma transcendência, dêem-lhe lá o nome que quiserem. Na verdade, as imagens de DEUS que as nossas culturas, as nossas catequeses, as nossas relações mais profundas ou de raspão pela Igreja, nos têm dado não têm sido das melhores… É verdade que, ainda hoje, ouvimos homilias em que quase sentimos o fogo do inferno a roçar pela face… É verdade que há dias, ou domingos, que, de todo, não apetece celebrar a Eucaristia, vulgo Missa, porque já não há pachorra para aturar o padre, ou ouvir o coro das velhinhas da paróquia… Estamos marcados pela obrigação, pelo tem de ser, sem se perceber um lado mais profundo da FÉ. Percebo isto muito bem! Há dias que eu também não tenho pachorra nenhuma!!! Mas será isso motivo para abandonar uma busca? Uma busca de algo mais forte que, antes de mais, passa pela descoberta de nós próprios levando-nos à relação com os outros?


Bolas, para não dizer já sabem o quê, DEUS não se confina a um espaço com mais ou menos metros quadrados, onde só lá entram os puros… DEUS é muito mais do que isso! Encontro-O numa conversa de amena cavaqueira com amigos, numa saída à noite, numa jantarada, num post de agradecimento aos amigos (Obrigado Pedro!), num site de design, nos resultados de uma eleição, nas várias páginas de um jornal, de um livro, de uma revista, numa coreografia, na música, numa poesia e sim, no mais óbvio, numa Igreja silenciosa, num momento de oração, numa leitura espiritual… Encontro-O ainda na minha fraqueza, na minha imperfeição, na minha impossibilidade de acabar com a prostituição, com o aborto clandestino, com a pedofilia, com a miséria e violência a que o ser humano está sujeito, na minha impotência diante da injustiça do mundo… Encontro-O no quotidiano da Vida, na Igreja que inclui TODOS sem excepção.


Hoje, com os meus Companheiros de Comunidade, renovei os Votos. Encontrei-O naquele momento… Não tive arrepios de pele, tremor interior ou exterior, não houve nenhuma lágrima a despontar… Encontrei-O simplesmente! O significado disto o tempo irá dizendo… Como escrevi lá encima (obrigado a todos os que chegaram até aqui!!), a FÉ em DEUS é uma busca e eu não sou diferente dos outros, também a busco…

Post especial

Este post é especial. É para todos os meus amigos. Para aqueles com quem estou todos os dias e para aqueles com quem raramente falo. Para os que gostam de mim de verdade e para os que só gostam assim-assim. Para os que estão sempre lá quando é preciso e para os que só aparecem de vez em quando. Para os que percebem a tristeza no meu olhar e para aqueles que acham que eu sou só um tipo divertido.
Quando ouvi esta música pela primeira vez fiquei diferente. Foi como estar ao sol num dia frio e sentir-me mais quente. O autor desta versão é um hawaiano chamado Israel Kamakawiwo`ole que infelizmente já morreu (há pouco tempo devido a obesidade mórbida). A música deixa-nos cheios de esperança - o futuro vai ser um lugar melhor, cheio de sol e de cor e de luz e de sorrisos. A tristeza vai desaparecer. É para vocês meus amigos. Para todos. Sem excepção. Obrigado pela presença.


sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

É hoje!


Teresa Salgueiro, a voz dos Madredeus, apresenta-se a solo com a Lusitânia Ensemble, grupo fundado por Jorge Varrecoso, em estreia absoluta HOJE, no Auditório Jorge Sampaio no Centro Cultural Olga Cadaval, pelas 22 horas.

Partindo da Península Ibérica, faz-se uma longa viagem pelo mundo. Portugal, Brasil, Itália, França e África estão na rota. Nesta aventura a bela sereia vai ouvindo e recolhendo canções de várias épocas e latitudes, e é através destas canções que a princesa dos mares chama e encanta os marinheiros. Pela mão de Teresa Salgueiro e da Lusitânia Ensemble, o espectador vai fazer uma viagem que o leva de país em país, de época em época, como se de um encantamento se tratasse.


TERESA SALGUEIRO não precisa de apresentações. Conhecida pelo grande público como a voz dos Madredeus, é considerada uma das melhores (senão) a melhor voz portuguesa. Com os Madredeus, tornou-se a maior embaixadora de Portugal no estrangeiro, através das inúmeras tournées que a levaram aos quatro cantos do Mundo. Desde o Brasil até ao Japão, Teresa Salgueiro é uma referência da música portuguesa. O seu carisma, a forma como interpreta, a sua voz, quente e cálida e o seu profissionalismo, fazem dela uma garantia de qualidade onde quer que se apresente.




Voz TERESA SALGUEIRO
Violino JORGE VARRECOSO
Violino ANTÓNIO FIGUEIREDO
Viola LUÍS CLAUDE
Contrabaixo e Piano DUNCAN FOX
Percussão RUCA

16 de Fevereiro de 2007
CENTRO CULTURAL OLGA CADAVAL
AUDITORIO JORGE SAMPAIO - Sintra


Cadeiras de Orquestra: 25.00€
1ª Plateia: 25.00€
2ª Plateia: 20.00€
Balcão: 15.00€

Six Feet Under



Fechado num quarto de hotel, durante um zapping sonolento, apanhei o início do episódio 61 "All Alone" da série 7 Palmos de Terra. Não um episódio qualquer: o choque, os preparativos e o enterro de Nate. Esta série, maravilhosamente pensada, interpretada e produzida, sobre um dos tormentos maiores desde o inicio do verbo, inúmeras vezes escamoteado, esquecido, não pensado, a Morte.

Brenda, prenha e de negro, em tudo, da postura ao lamento, a fazer recordar uma madre latina. Do outro lado, a contenção, mesmo que à beira da explosão, do luto anglo-saxónico. Perante algo que parece tão belo e tão grandioso, queremos ter com quem partilhar tamanho deslumbre.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

E porque hoje é dia dos namorados...

Eros (... podia ser Santos)

Nunca o verão se demorara
assim nos lábios
e na água
- como podíamos morrer,
tão próximos
e nus e inocentes?
De Eugénio

De Eugénio, que outro mais indicado?

É urgente o amor. É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.

Considerações sobre o relatório da Unicef - Educação


Considero mais grave a distância entre pais e filhos nos países Anglo-saxónicos e de alguma Europa à Ileteracia da outra Velha Europa. Talvez seja preocupação de alguém demasiado sensível a estas questões e ainda, nascido num país latino, católico e que põe a Família ao lado do Futebol. Contudo considero a Ileteracia algo bem mais fácil de vencer do que barreiras emocionais cuja génese reside na própria sociedade. A distância entre progenitores e crias pode trazer largos benefícios ao individuo enquanto ser (uno e indivisível) cuja aprendizagem das leis de sobrevivência da selva urbana é mais eficaz, mas no longo prazo, gera redutos egoístas e solitários, num animal que se quer social, a consequência é nefasta. Portugal sofre economicamente por ter este "feitio" familiar e de grupo, mas é mais feliz emocionalmente, isto é, se o deixarem ser. Temos é de parar de enfiar a cabeça na areia, à espera que o problema passe...

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Cartas de Iwo Jima


Estreia esta 5f o segundo painel de Clint Eastwood sobre a II Grande Guerra Mundial e, dissertação sobre a alma humana às turras num rochedo plantado em solo sagrado japonês. Se As Bandeiras dos Nossos Pais não é um grande filme (é bom apenas), este, Cartas de Iwo Jima, parece ter tudo para se tornar num dos épicos do cinema. Eastwood é o um Griffith renascido, mantém acesa a chama do cinema, reproduzir (não apenas o sonho) mas o Homem. Incendeia-nos, comove-nos, destroi alicerces, gera Homens-novos. Pessoalmente, acho os japoneses cinematograficamente absorventes. O que espero é que a classe e o classicismo de Eastwood renasçam (neste tempo vintage) num novo Kurosawa.

Porque o que faz falta é animar a malta

RECONVEXO por Maria Bethânia.
(Uma das minhas musicas favoritas. Tem o dom de me pôr bem disposto e a cantar sempre que a ouço - o ideal para uma segunda feira chuvosa...)

"Eu sou a chuva que lança a areia no Saara
Sobre os automóveis de Roma
Eu sou a sereia que dança, a destemida Iara
Água e folha da Amazônia
Eu sou a sombra da voz da matriarca da Roma Negra
Você não me pega, você nem chega a me ver
Meu som te cega, careta, quem é você?

Que não sentiu o swing de Henri Salvador
Que não seguiu o Olodum balançando o Pelô
E que não riu com a risada de Andy Warhol
Que não, que não, e nem disse que não
Eu sou o preto norte-americano forte com um brinco de ouro na orelha
Eu sou a flor da primeira música,
A mais velha e mais nova espada e seu corte
Eu sou o cheiro dos livros desesperados, sou Gitá gogoya
Seu olho me olha, mas não me pode alcançar
Não tenho escolha, careta, vou descartar

Quem não rezou a novena de Dona Canô
Quem não seguiu o mendigo Joãozinho Beija-Flor
Quem não amou a elegância sutil de Bobô
Quem não é recôncavo e nem pode ser reconvexo"


letra de Caetano Veloso

A terra acabou de tremer


Mais uma oportunidade frustrada para concretizar um sonho. E eu não senti. Mas, será um aviso dos céus?

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Não.

Já é oficial: o SIM venceu. Como apoiante do NÃO, não me sinto derrotado. Cumpri a minha parte. Votei de acordo com a minha consciência. Deixo apenas algumas notas:
- Cerca de 60% dos portugueses não se pronunciaram. Porque a campanha não os motivou ou muito simplesmente porque sentiram que a lei estava bem como estava.
- A vitória do SIM esta noite terá o seu custo. Daqui a um ano espero que possa fazer-se um balanço. Porque votei NÃO, quero saber o que mudou e acima de tudo, quero ter a certeza que as mulheres se sentem mais protegidas. Quero ter a certeza que o aborto livre não será um método contraceptivo. (A propósito disto, alongo-me um pouco mais. A minha mãe é ginecologista e obstetra. Esta semana, em conversa, contou-me que só no mês passado lhe apareceram duas mulheres cujas histórias clínicas incluiam 4 e 6 abortos respectivamente. Esperemos que sejam dois casos isolados.)
- Espero que o Estado não lave daqui as suas mãos e que o aborto livre não desmotive o incentivo à natalidade e o acompanhamento das mulheres que, no meio das dificuldades, escolhem a Vida em detrimento da solução fácil.
- E por último, temos ou não o direito de exigir um novo referendo daqui a 8 anos?

sábado, 10 de fevereiro de 2007

cru-a



"cru-a Tendências e comportamentos urbanos" é a nova revista portuguesa on line, da autoria de Ricardo Galésio, com um grupo de colaboradores muito diferenciado e muito interessante. Vale a pena ir dar uma espreitadela, saiu agora o 2º número. Aqui fica um texto interessante, de Sara Toscano, que se pode ler na revista:
"Sempre gostei de brincos.
E de ouvir: que bem que te ficam ou qualquer outro elogio que a bijutaria sugere: realçam-te os olhos ou o topázio citrino faz-te mais oriental.
O acessório de moda sempre foi para mim, só isso: um suplemento.
E porque me importa que entre mim e os meus colares seja eu quem se evidencia, no dia em que me disseram só que lindos os teus brincos partiram-me o coração: o elogio excluía-me. É o que faz o design: autonomiza os objectos, dispensa-me como a interlocutora de um estilo de moda ou de uma tendência da estação. Os brincos, lindos, são quem fala.
Foi com Frida Kahlo Chewing Gums que a bijutaria me superou.
Afinal, que feitiço é este chamado design? E que design é este chamado Frida Kahlo Chewing Gums?
Frida Kahlo Chewing Gums é isso: uma amálgama mastigada de tudo o que há no mundo que se possa converter em design e em acessórios que, no fundo, não são nada secundários: uma guache vazia, conchas apanhadas na praia durante o serviço militar na marinha, uma tarde de mau humor, um rosário, uma piada.
A pintora Frida Kahlo é uma inspiração e um impulso: torcer, moldar e recuperar as tristezas e miudezas que acontecem na vida. Usar o ornamento para traduzir algum confronto interior ou uma nuvem simpática que desliza no céu. Reconverter arames, sementes, moedas, negativos, contas de um colar partido da irmã, tudo criado através da reciclagem absoluta de acontecimentos e coisas.
Quando os objectos deixam de ser estéticos para serem histórias é como se arrebitassem. É improvável que não falem, que não conversem. Aliam-se-nos como companheiros, nunca como rivais.
Estes acessórios vêm da Grécia. Por medida. Fazem-se em casa. Combinam o lixo com a loja, o resto com o excesso. E são únicos.
Envie uma história, uma frase, uma fotografia e receba esse momento ou o seu conto convertido num acessório de design de desperdício. Porque se as histórias da nossa vida são bem mais do que acessórias, os acessórios da nossa vida não devem ser menos que isso… histórias. "
frida.chew@yahoo.gr

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Parabéns Moura!


Às vezes a vida reserva-nos boas surpresas. Em 2006 (mais ou menos há um ano) tive a sorte e a felicidade de conhecer a Moura. O encanto foi automático. De lá para cá tenho aprendido muito, tendo dado boas gargalhadas, tenho libertado algumas lágrimas, tenho conversado imenso e acima de tudo, tenho passado excelentes momentos na sua companhia.

Hoje a Moura faz anos. E por essa razão fica aqui o meu (pequenino) reconhecimento a uma recente mas grande amiga. Obrigado pela presença. Desejo-lhe um dia muito bem passado!

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007


"Quando vem a noite, estendo-me no leito e a multidão de cuidados pungentes, que me agitam e oprimem o coração, excitam, então, os meus suspiros."

Aquiles, Odisseia

Hoje acordei assim...

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

A Guardadora de Patos


Li num jornal que, na Alemanha, a inspecção-não-sei-de-quê deu com uma habitação onde vivia uma velhota com 8 gansos. Parece que ela os criava desde pequenos e que não se queria separar deles. Foi multada por manter os patos em condições que contrariavam a lei de protecção dos animais…! Em que diabo de mundo vivemos nós??

Orgulho!

Rostos Invisíveis da Violência Armada –
Um Estudo de Caso sobre o Rio de Janeiro
por Tatiana Moura



A forte presença masculina no universo da violência armada, seja como autores ou como vitimas, tem levado a que o poder público e a sociedade ignorem as causas e consequências do envolvimento feminino neste tipo de violência.
Rostos Invisíveis da Violência Armada – Um Estudo de Caso sobre o Rio de Janeiro, de Tatiana Moura, é o resultado de uma pesquisa de um ano e meio, desenvolvida pelo Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra e a ONG Viva Rio, com apoio da Fundação Ford. O livro aborda as diferentes faces do relacionamento entre mulheres e meninas e a violência armada. A primeira parte analisa formas de envolvimento do sexo feminino na violência e é fruto de uma pesquisa qualitativa realizada com mulheres e meninas detidas em penitenciárias e unidades de medidas sócio-educativas no Rio de Janeiro. Os impactos directos da violência armada na vida de meninas e mulheres e a presença da arma de fogo como instrumento de ameaça em situações de violência foram analisados através da análise de dados estatísticos e questionários aplicados às denunciantes que procuravam as Delegacias de Atendimento à Mulher (DEAM) no Rio de Janeiro. O livro traz também histórias de mulheres que têm a marca da violência em suas vidas. Histórias de mães e familiares de vítimas da violência armada, narradas na primeira pessoa, falam da dor de perder um filho ou um ente querido, mas também de estratégias de superação e da busca por justiça.
Rostos Invisíveis da Violência Armada será lançado pela Editora 7 Letras na quinta-feira, 8 de Fevereiro de 2007, a partir das 19h, na Livraria Museu da República (Rua do Catete, 153 – Catete), Rio de Janeiro, Brasil.

Sobre a autora: (além de ser a minha melhor amiga) Tatiana Moura é investigadora do Núcleo de Estudos para a Paz do Centro de Estudos Sociais (Universidade de Coimbra). É licenciada em Relações Internacionais pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, mestre em Sociologia pela mesma Faculdade e doutoranda no programa em Paz, Conflitos e Democracia na Universidad Jaume I, Castellon de la Plana (Espanha).

Regresa a menudo y tómame,
sensación bien amada.
Regresa y tómame
cuando la memoria se despierte,
cuando un antiguo deseo pase por la sangre,
cuando los labios y la piel recuerden
y las manos crean tocar de nuevo...
Regresa a menudo y tómame de noche
a la hora en que los labios y la piel recuerdan.

Constantin Cavafy

Daqui, a Eternidade?


Talvez há 5000-6000 anos, o Homem tivesse a habilidade de Amar eternamente.
"No tempo da maldade
Acho que a gente nem tinha nascido" C. Buarque
"Nunca mais
A tua face será pura limpa e viva
Nem o teu andar como onda fugitiva
Se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo a minha vida.
Nunca mais servirei senhor que possa morrer. " Sophia

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Dilema

A iniciativa de remeter para referendo a decisão de se alterar ou não a lei que vigora actualmente faz com que recaia sobre cada um de nós o dilema que a questão encerra. Seria mais fácil ficarmos a criticar deputados e partidos, no conforto e no engano de pensarmos que teríamos decidido melhor. Assim, não há como fugir à questão.
A tese do NÃO, agora reformulada nos termos muito bem descritos no mail que Pedro Cardosa da Costa apresenta e que o.insecto reproduziu, vem abrir um novo espaço, adiantando a possibilidade de se aproximar o regime ao de outros países que contemplam o aconselhamento das mães que recusam a gravidez. Aceito a tese, mas recuso a conclusão ou seja, que com o voto NÃO se pode abrir esse caminho. Como? Se o NÃO retira legitimidade para alterar a lei actual? Se esta permitisse esse acerto, porque não tê-lo já desencadeado ao longo dos últimos anos? Essa seria uma solução equilibrada,que se contrapõe à actual brutalidade civil de punir com prisão um crime que, se é qualificado como tal, porque põe termo a uma vida (seja lá o tempo de gestação que for) , deixa de fora todas as outras considerações que a pura humanidade deve ter como ponderosas. As prisões não servem para isso. Talvez depois de esta lei cair se possa então procurar uma solução justa, uma vez que o referendo não fecha a discussão, salvo de tudo ficar na mesma. E eu não quero ser parte desse imobilismo. Não desvalorizo o trabalho de todos, e são muitos, que têm dedicado parte da sua vida a apoiar estas mulheres, a orientá-las antes e depois do nascimento dos filhos. Mas acho que não é uma questão de caridade, o Estado deve assumir formalmente a sua parte. Não aceito um Estado que resolve o assunto com a cadeia e deixa o resto à solidariedade que se tenha a sorte de encontrar. Considero que o SIM, abrindo caminho à revisão da lei, é uma opção muito exigente, porque em nada fica desvalorizado o plano moral, pelo contrário, ele torna-se ainda mais importante nos seus argumentos e deverá incentivar a tolerância dos pais em relação às filhas que aparecem grávidas, a crítica aos homens que abandonam as mulheres grávidas, enfim, deve insistir na responsabilidade partilhada que a lei, hoje, desvaloriza.Recusar esta oportunidade e deixar que fique tudo na mesma, num falso sossego de consciências, é adiar por uns anos largos a oportunidade de melhorar o que hoje não serve a ninguém. Por isso vou votar SIM, porque acredito que é possível fazer melhor. Fazer, não cogitar.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

de Jorge de Sena

Diz-me devagar coisa nenhuma, assim como a só presença com que me perdoas esta fidelidade ao meu destino.
Quanto assim não digas é por mim que o dizes. E os destinos vivem-se como outra vida. Ou como solidão.
E quem lá entra? E quem lá pode estar mais que o momento de estar só consigo?

Diz-me assim devagar coisa nenhuma: o que à morte se diria, se ela ouvisse, ou se diria aos mortos, se voltassem.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Ansiedade


Um dia o sol emaranhou-se numa árvore deixando a terra mergulhada em escuridão. Para tentar salvar o mundo, um pequeno esquilo embrenhou-se entre os ramos da árvore, dia e noite, perdendo mesmo o seu pelo e a sua cauda devido ao intenso calor do sol. Trabalhou com afinco até que livrou finalmente o sol da sua prisão terrestre. Como recompensa, o sol concedeu o dom de voar à despida criatura e, desta forma, o pequeno esquilo transformou-se no primeiro morcego da terra.

Foi a este conto da mitologia dos indios americanos, cheio da esperança, de compaixão e de representação do que há de melhor em cada um de nós que Pina Bausch foi buscar parte da inspiração para “Fur die Kinder von Gestern, Heute und Morgen” (“Para as Crianças de Ontem, Hoje e Amanhã”).
É este espectáculo que a Wuppertal Tanztheater de Pina Bausch vai apresentar em Abril, no Teatro Camões, em Lisboa, para celebrar os 30 anos da Companhia Nacional de Bailado.

Em Outubro do 2005, Pina Bausch esteve com a sua companhia no Teatro São Luiz, em Lisboa, para apresentar os espectáculos "Ten Chi/Céu e Terra", projecto desenvolvido pela artista no Japão, e "Nelken/Cravos", coreografia dos anos 80, ambos sempre com salas esgotadas (de que tive a oportunidade de falar
aqui).

Foi com coreografias como "Nelken" e "Café Muller" que a artista, nascida na Alemanha em 1940, granjeou grande notoriedade, tornando-se uma das mais importantes referências e influências do meio internacional da dança.
As datas previstas são, segundo o Teatro Camões, de 5 a 8 de Abril. Mais informações aqui.

Supercalifragilistic


Gestos Simples


Aquarium


Aquário é o simbolo da Liberdade ou da Libertação do Karma. Começo já amanhã, entre Carcavelos e o Guincho, a celebrá-lo no elemento Água.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

44 anos

Segundo este site, a previsão para a data da minha morte é o dia 27 de Setembro de 2051. Restam-me pois cerca de 44 anos de vida, mais coisa menos coisa... Ainda há, portanto, tempo para fazer muita coisa!

Estamos na Era do Aquário


Aqueles é que eram bons tempos...

Pensou ontem o José Rodrigues dos Santos quando ao apresentar uma noticia, deliciosamente escorregou em "Presente no país António Guterres... (silêncio) perdão! ... Presente no paí o primeiro ministro José Sócrates..."