Tenho andado desaparecido. Entre Campo de Férias e Romarias, tenho publicado mais posts e respectivas fotos pelo Instagram. Torna-se mais fácil, sobretudo quando ando afastado do computador. Ainda vai ser assim por mais alguns dias. Quando estiver com mais tempo ao teclado de computador, publicarei por aqui o correspondente dos dias anteriores e escreverei de forma particular sobre o Campo de Férias. Foi muito especial, pelo imenso de humano tanto em animadores, como em participantes. No entanto, hoje, ao ver as fotos do Campo, deparei-me com esta. Foi numa surpresa que os participantes nos fizeram. Depois de terem estado grande parte do dia sozinhos no Campo, prepararam-nos uma recepção a partir dos sentidos. Tínhamos, tal como fizemos com eles, de nos abandonar e confiar, à medida que nos liam textos em modo de oração. Aqui estava o paladar, nesse saborear da vida. Nem sabem como me deram uma boa ajuda para a palestra TEDx que irei dar em breve… precisamente sobre os sentidos para além do sentir.
terça-feira, 30 de agosto de 2016
quinta-feira, 18 de agosto de 2016
Campo de Férias
Começou ontem o Campo de Férias. Lambretas II. 42 participantes. 15 animadores. Na primeira Missa, a proposta foi de colocar a impressão digital na cruz presente na capela. Cada um de nós é único, dando cor a todo o grupo. Todos estamos em Deus.
terça-feira, 16 de agosto de 2016
(Re)descobrir a vivência cristã… em sacramento
Texto publicado na edição Agosto/Setembro da revista Mensageiro do Apostolado da Oração
É tão estranho quando, também a partir da linguagem corporal, sente-se o mecanicismo em que se está lá porque “faz parte”, “sempre foi assim”, “lá me levanto e lá me sento”, “lá repito as fórmulas”. Nós, cristãos, somos chamados a ser autênticos animadores e não meros executores do ritual, que em vez de ser algo de vida vai-se esvaziando em ritualismo, resumindo-se num “fazer coisas”. O ritual bem vivido ajuda a que todas as pessoas se sintam participantes da celebração. Vivendo em ritualismo, a beleza da celebração perde-se, tornando-se artificial e mecânica. Não é fazer da celebração da Missa um espectáculo ou uma “festarola" para ser “fixe, moderno e atrair”: cai-se também no ridículo. Trata-se de ajudar a que se esteja lá plenamente a celebrar a vida de Cristo em comunidade. Às vezes basta começar por relaxar os ombros e respirar calmamente, permitindo trazer a vida, tal qual ela é, para a celebração. O que oferecemos como “fruto da terra, da vinha, e do trabalho humano” é, segundo a nossa fé, transformado em Cristo, que não é um executor, mas o animador por excelência. Essa nossa oferta é toda a vida, com as suas alegrias e esperanças, dores e angústias, para que Cristo possa dar-nos a graça que mais necessitamos para melhor vivermos a nossa relação com Deus e com quem nos envolve. Uma das grandes tentações é a de que apenas se vá à Missa em momentos pontuais e, quando se personaliza ainda mais, nos que estão carregados de dores e angústias, descurando os de felicidade. Todos, mas todos os momentos são de celebrar com Cristo. A Missa é encontro que nos permite participar da vida de Deus.
Há uns anos, numa sessão de Formação Humana e Espiritual, pedi ajuda ao grupo. Sem filtros, ou seja, a partir das entranhas, pedi-lhes que me falassem de Deus e da Igreja. O que achavam, o que sentiam, se lhes era indiferente, fossem crentes ou não. Houve respostas muito interessantes. Uma delas, pela forma tão sincera com que foi dita, deu-me bastante que pensar: “Deixei de ir à Missa quando já não me obrigavam. Acho que nessa altura até tinha deixado de acreditar em Deus. Um dia, depois de muito tempo sem ir, entrei numa Igreja. A Missa estava a começar. Decidi ficar todo o tempo. Fui comungar e vivi a presença de Deus. Tive vontade de voltar.” Perguntei-lhe se tinha consciência do que é que a fez voltar. Respondeu: “Não sei. Mas, senti que foi a partir de uma decisão minha e não de uma imposição.”
Participar na eucaristia dominical e de dias santos de guarda faz parte dos deveres de quem vive a fé católica. Mais uma vez, surge a sensação estranha de o encontro com Deus se dar a partir da obrigação. Até há, mais para a norte do país, a expressão da “desobriga”, quando se cumpre o que há a cumprir ao nível religioso. É certo que Deus manda-nos viver a proximidade com Ele em forma celebrativa, nos sacramentos, e relacional, nas obras de misericórdia. No entanto, esse mandamento não deve ser visto de forma paternalista e castradora, onde se dá o cumprimento por medo, infantilizando a relação com Ele.
A fé necessita ser alimentada, além da oração, por uma boa formação, em catequese de adultos ou cursos teológicos, pela leitura, participação comunitária, acompanhamento espiritual, para que possamos crescer, à semelhança de Jesus, “em sabedoria e em graça”. Ao fazer este caminho de crescimento pessoal e espiritual, apercebemo-nos da importância da vida em, com e por Deus, que liberta-se da ideia ou sensação de obrigação penosa, para passar a ser uma necessidade de encontro com Ele, fonte de vida. Esse encontro, tal como sugere Santo Inácio de Loiola nos Exercícios Espirituais, aumenta o conhecimento interno que temos de Cristo, com o propósito de mais O amar, seguir e servir. É um caminho de fé desafiante. Quem tem o desejo de o fazer, vai percebendo a força da travessia, com implicações a todos os níveis, em especial de transformação do modo como se compreende o mistério da vida de Deus e, por reflexo, do Ser Humano. O cristianismo é a vivência, o relacionamento, não com uma doutrina ou um conjunto de regras, mas com a pessoa de Cristo, em comunidade, a Igreja. Tal como vamos aprendendo a nos relacionar em família, em amizade e nos vários grupos de que fazemos parte, naturalmente surgem deveres que, de algum modo, fazem aumentar os vínculos, o afecto e o sentido de pertença.
Quando a fé em Cristo é mal compreendida, de modo mais ou menos inconsciente, põe-se em causa os deveres desse sentido de pertença ou, então, limita-se à superficialidade da sensação imediata: “sinto-me bem, vou; se não me é confortável, já não faz sentido ir” ou “estou a precisar, vou; se já estou bem, já não faz falta ir”. Quando a fé em Cristo é bem vivida, percebemos que, tal como aconteceu com os discípulos, podemos passar por questionamentos, revoltas, dúvidas, no entanto, sabemos que são passos na escalada espiritual. Há a recordar que a conversão também se dá a partir da nossa história, daquilo que somos. Não podendo mudar o passado, podemos aceitar e integrar o que cada um foi e é. Aí, consegue-se a força que nos agarra por dentro. À medida que o conhecimento interno de Cristo vai sendo cada vez mais presente na nossa vida, percebemos que Deus não pede o desencarnar do que fomos e de quem somos. Muito pelo contrário, convida a que cada qual seja o que é na sua máxima profundidade, entre luzes e sombras. No fundo, a coragem de sermos cada vez mais autênticos diante d’Ele. E tal é de se viver especialmente nos sacramentos da eucaristia e da reconciliação.
Mais do que uma prática, participar livremente nos sacramentos a partir da fé vivida, moldada e transformada por Deus, deixa de ser pela “desobriga”, mas segue os passos do desejo do encontro real com Cristo. No crescimento da relação, afastamo-nos do “sentir-superficial”, do simples apetecer, dando-se uma maior proximidade com o Senhor que nos quer fazer participantes da sua vida, para sermos, tal como Ele, vida para os outros.
segunda-feira, 15 de agosto de 2016
Final de Férias
Suzanne Rodrigues
[Secção final de férias] Isto do “ao sétimo dia descansou” tem muito que se lhe diga. Não só em fim-de-semana, independentemente de qual dia, como também em pousio final de época, há sagrado no restabelecer o curso das horas e das estações de corpo, onde se incluem todas as sua dimensões. É preciso desligar e, nesse tempo, simplesmente fazer nada. Houve momentos na praia em que contemplava Deus no mar. Sentia o silêncio crescer. Ainda vivia resquícios de tentação no formular palavras de agradecimento para aliviar o “tens-de-dizer-sempre-qualquer-coisa”. Sei de onde vêm, mas igualmente sei que faço caminho na contemplação deixando-me estar. E serenam-se as vozes, dando espaço ao silêncio. Terminaram estes dias. Já me encontro novamente em viagem.
sábado, 13 de agosto de 2016
Vício
Dotan Saguy
[Secção coisas de corpo] Este texto é escrito com a devida autorização, ainda mais por, em determinado momento, ter-me proposto que o escrevesse. “Paulo, por trabalhares as questões do corpo, gostava de falar contigo sobre algo que tem provocado muito sofrimento e tem sido terrível: tenho um forte vício ao sexo.” A conversa foi muito dura e intensa, para lá das três horas. A pessoa precisava desabafar, sem se sentir nem julgada, nem, sobretudo, gozada. É muito fácil entrar com a piadinha fácil. No entanto, diante de mim tinha alguém em profundo sofrimento. Perguntei-lhe se estava a ter acompanhamento. “A vergonha é muita!” Pois, mais uma vez não é tema fácil. Há que ter cuidado para não ir a extremos, ambos perigosos: nem ao conservadorismo que torna o sexo tabu, nem à banalização de uma realidade tão bela da dimensão afectiva do ser humano. “Começámos uma relação aberta, com a possibilidade de conhecer e viver coisas novas. Há quem diga que são os homossexuais que as têm, mas não é assim. O sub-mundo do sexo é assustador e, no meu caso, viciante.” Na actualidade, com o culto do corpo em crescimento, parece que se desperta ainda mais a animalidade sem afecto.
Ao longo da conversa, fui-me apercebendo de uma grande falta de amor-próprio.
- Que procuras?, perguntei-lhe.
- Sentir prazer! [Enquanto falávamos, todo o corpo se contraía, a fechar-se.]
- Pára. Não te mexas. Observa-te. Sente-te. Já viste como estás em total contracção de ti mesmo. Será que te procuras a ti? Ou algo mais forte de ti?
Fixou-me o olhar, começou a emocionar-se. Assim ficou uns breves minutos.
- Não… sei… quem sou!
Pedi-lhe para se concentrar, respirar com calma e voluntariamente perder a contracção do corpo.
Depois de um tempo de trabalho em tomar consciência de si, disse-lhe:
- Não és uma pessoa louca, nem sequer a pior do mundo. Tens um vício, para dares o passo de liberdade há que atravessar a vergonha. Não é fácil, mas mais difícil será se continuas como estás, nessa contracção e fechamento de ti. Agradeço-te a confiança, muito mesmo, aqui estou para escutar-te. Parece-me que precisas de ajuda mais especializada.
Sei que está a tê-la. Também continuamos a conversar. Aos poucos, na escuta que vou vivendo, vou confirmando a grande necessidade que há da educação dos afectos.
quarta-feira, 10 de agosto de 2016
Ajuda(s)
Ricardo Oliveira Duarte/TSF
São muitos os amigos em aperto, tanto no Funchal, como mais a norte, aqui no Continente. Por eles tenho pensado e rezado. Neste momento, facilmente o emotivismo surge. O que se diz e escreve, para quem não está no terreno, tem de ser muito bem pensado, ainda mais se se cai no risco de julgar decisões de quem lá está. Fora de zona de perigo torna-se fácil decidir com toda a lógica e ponderação. Também devem ouvir-se as declarações ditas em desespero com cuidado, respeito e, claro está, sem julgamentos. Neste momento, há que juntar o máximo de esforços para a ajuda nos locais, tanto a bombeiros que ainda estão a lutar contra as chamas, como às pessoas que ficaram sem as suas casas e locais de trabalho…. e, sim, também sem os seus animais de estimação ou de sobrevivência. Quem está próximo e possa, são sempre bem-vindos bens de primeira necessidade. Para quem está longe e possa ajudar financeiramente, a Cáritas criou uma conta “Cáritas ajuda a Madeira”: 0035 0697 0059 7240130 28, da CGD.
terça-feira, 9 de agosto de 2016
Bombeiros
Reuters
Aos Bombeiros, por este país fora, muito obrigado e muita força. A quem vive o sofrimento pelo drama dos incêndios, um sentido abraço. Neste momento, a minha oração.
Edith Stein - Sta. Teresa Benedita da Cruz
Edith Stein, mulher e santa muito interessante, por quem sinto bastante devoção. Judia de nascimento, ateia por convicção, estudou filosofia. Sendo discípula de Husserl, escreve a sua tese de doutoramento sobre “O problema da empatia”. Mais tarde lê o "Livro da Vida" de Santa Teresa de Ávila. Converte-se ao cristianismo. Baptiza-se e, anos depois, entra no Carmelo, tomando o nome de Teresa Benedita da Cruz. Morre nas câmaras de gás de Auschwitz a 9 de Agosto de 1942. Dos seus “Escritos essenciais”: “Para os cristãos não existem 'humanos estranhos'. O nosso 'próximo' é todo aquele que temos diante e que tem necessidade de nós, e é indiferente que seja nosso parente ou não, que nos caia bem ou nos desgoste, ou que seja 'moralmente digno' de ajuda ou não. O amor de Cristo não conhece limites”.
segunda-feira, 8 de agosto de 2016
quinta-feira, 4 de agosto de 2016
Tempo de maternidade e paternidade
Vivek Prakash/Reuters
Um dos temas a abordar nas próximas homilias de casamentos será o do respeito pelo tempo da maternidade e paternidade dos esposos. Nenhuma vida é totalmente pública. Nem deve de ser. Por isso, não se pode saber o que cada qual está a atravessar. No caso da maternidade e paternidade, há que ter muito respeito e cuidado pela forma como se aborda a questão. “Então, já há tanto tempo casados e nada de filhos?”; “Estamos numa de gozar férias prolongadas como marido e mulher, é?”; “Para quando os filhos?”… estas e outras perguntas do género podem ser extremamente dolorosas. A paternidade e a maternidade não deve ser uma obrigação, mas um caminho de decisão ponderada a dois, nessa entrega de amor. Pode acontecer que seja um tema muito delicado, por algum motivo que, para além de quem eles queiram partilhar, ninguém tem de saber. Quando se pensar em perguntar sobre filhos a um casal que ainda não os tem, que se pense, por respeito e educação, duas ou mais vezes se tal faz sentido. E se não souber que outro tema tratar, o cumprimento, seguido de silêncio, tornam-se sempre uma boa opção.
quarta-feira, 3 de agosto de 2016
Transportes [II]
Há dias, num post humorado, publiquei a foto do encontro com os Transportes Paulo Duarte. Tendo em conta os comentários, resolvi escrever-lhes, com a partilha do post, a agradecer o nome da empresa, já que são muitas as pessoas que pensam também em mim quando passam pelos ditos transportes. Tenho a pronta resposta que está na foto. No dia seguinte, pedem-me a morada para uma surpresa. Chegou. Será que o carteiro ficou baralhado com tanto Paulo Duarte? ;) E assim, de forma inesperada, surgem simpatias com piada. :) Obrigado, Transportes Paulo Duarte. O meu abraço! :)
Humanizar a morte
Achintya Guchhait
Ontem jantei entre conversas de anjos. Melhor, com anjos. No meio de tanto, falou-se, em especial, de humanizar a morte. Afinal, conhecemo-nos num encontro de formação sobre cuidados paliativos neo-natais. Há medo de falar da morte, em especial com quem está para partir ou quem está a cuidar. Talvez não se saiba como. Não é tema fácil, nem desejável. Mas atravessa-nos a todos, sem excepção. Exigimos a vida, ou coração a bater, em respiro, para dar aquele tempo de perdoar ou de ser perdoado. Em tanta gente os gritos são silenciosos e nada iguais. Quer-se libertar culpas e dores, mais que físicas, de alma. Não se executam técnicas, apenas, por vezes, são necessários o toque, a presença e nenhuma palavra. Os anjos encontram-se… e ontem partilhámos sobre a humanização da morte, nesse desejo de aproximar quem é cuidado e de quem cuida à Vida.
terça-feira, 2 de agosto de 2016
Infinito
Maria Rita,
que a tirou e pensou em mim, agradecida pelo que vou partilhando no facebook [e por aqui]
[Secção outros tons]
Silêncio
entre histórias.
Conduz-me Infinito.
segunda-feira, 1 de agosto de 2016
Paz | Esperança
Quando o coração fraqueja, a defesa impele ataques. No entanto, o medo pode ser anulado com a esperança. São tempos em que facilmente se generaliza, impedindo de ver que nem todos partilham de violência. Em Paris tive oportunidade de conhecer o Nassr, Íman. Ficámos amigos. De vez em quando trocamos palavras em orações. Partilhamos a dor sentida em cada atentado. Também a esperança de vivermos a fé no Deus de e da Paz. Ontem, em muitas Igrejas francesas, muçulmanos foram à Missa, prestar a sentida homenagem ao Padre Hemel.
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