João Paulo II era o Papa que conhecia. Quando comecei por estes caminhos de fé, para mim não havia outro. Era destacado o seu carisma com a juventude. Sobre João XXIII, o meu desconhecimento era total. Tive de chegar ao estudo da Teologia, mais precisamente à disciplina de Eclesiologia, para começar a entrar no imenso que foi a vida deste homem. Não só a vida, mas a arriscada decisão, temida por tantos, de convocar uns dos Concílios inovadores na História: o Vaticano II. Considerou a decisão inspirada por Deus. O que não significa repentina. Antes de ser Papa, Angelo Giuseppe Roncalli, entre muitas coisas, foi núncio apostólico em Paris, visitador apostólico no Oriente e professor de Historia da Igreja, com grande relação com o meio social, político e religioso (ao nível ecuménico e inter-religioso). Até a escolha do nome de João XXIII tem muita sabedoria. Tinha, sem dúvida, grande e profunda visão da realidade do mundo. Como Patriarca de Veneza organizou um sínodo com o tema que se tornou pano de fundo do Concilio que convocou: aggiornamento [actualização]. Quando os cardeais o elegeram, pensaram num Papa já com idade. Foi considerado um Papa de transição. E, graças a Deus, foi mesmo um Papa que levou a Igreja à transição, à actualização. Para os tempos que correm, em que tudo tem de ser para “o ano passado”, parece que a actualização na Igreja é lenta ou inexistente… no entanto, também graças a São João XXIII, muito foi feito e acredito que mais acontecerá. Se lhe pedirmos a intercessão, poderá responder como no seu famoso discurso à lua: “Caros filhinhos, oiço as vossas vozes. (…) A minha pessoa não conta para nada, quem vos fala é um irmão, que se tornou pai por vontade de Nosso Senhor, mas tudo junto – paternidade e fraternidade – é graça de Deus, tudo, tudo. Continuemos, pois, a amar-nos, a querer-nos bem, a querer-nos bem; olhando-nos mutuamente no encontro, recolhendo aquilo que nos une, deixando de lado qualquer coisa que nos possa criar dificuldade. (…) E assim, todos juntos, animemo-nos, cantando, suspirando, chorando, mas sempre, sempre cheios de confiança em Cristo que nos ajuda e nos escuta, para avançarmos e retormarmos o nosso caminho. E, agora, tende a gentileza de atender à bênção que vos dou e também à boa-noite que me permito desejar-vos.”