terça-feira, 31 de julho de 2007

Notas Soltas sobre "Ópera" de Tiago Guedes

Porque, aparentemente, tenho necessidade de agradar a alguém ou alguma coisa, ficam algumas razões para ter gostado do novo espectáculo do Tiago Guedes, "Ópera", uma adaptação coreográfica de «Dido e Eneias» de Henry Purcell com libreto de Nahum Tate:
.
A omnipresença da música.
A subtileza dos gestos.
O desconcerto dos figurinos.
A importância do rosto.
O movimento dos lábios.
A expressividade/inexpressividade dos olhares.
O riso inesperado.
A penumbra.
A ausência.


O quê: "Ópera"
Quem: Tiago Guedes e Maria Duarte
Quando: de 30 de Julho a 5 de Agosto, 21h30
Onde: Negócio/zdb (R. de O Século, 9)
Quanto: 10€

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Hoje: cinema em casa!

Intimacy

Intimacy was a lie we told ourselves.

Aprendam com esta senhora sff e deixem-se de disparates

«Quando se percebe que Che Guevara participou directa e pessoalmente nos fuzilamentos em Cuba, a pessoa chega à conclusão de que não pode ter um poster de Che Guevara em casa.»
Zita Seabra, ex-dirigente do PCP, actual deputada do PSD

Pure

Trying hard to think pure.

Secretly

(…)
You wanna do someone else, so you should be by yourself,

Instead of here with me,
(…)
You had to do someone else, you should' ve been by yourself,

Instead of here with me
Secretly.

Skunk Anansie, in "Secretly"

Walk alone

My shadow's only one that walks beside me
My shallow heart's the only thing that's beating
Sometimes I wish someone out there will find me
Til then I walk alone

Green Day, in «Boulevard of Broken Dreams»

Clareza de Espirito

Sinal dos tempos, hoje o exibicionismo de certos atributos, começa a ser visto como: Estupidez.
Gastar dinheiro em vão já foi sinal de riqueza, hoje é de estupidez.
"Estás preto" era sinal de beleza, excesso de praia (neve) e lazer, hoje é de estupidez.
p.s. Este já agarrado pela publicidade, mas desta vez com efeitos benéficos. O spot do "Vais ao minipreço? Porquê, tu não?"

Ingmar Bergman (1918-2007)

Bergman morreu esta manhã aos 89 anos. Chega ao fim o percurso de um dos mais geniais realizadores europeus. Começa mal a semana. A obra de Ingmar Bergman compõe um dos mais ricos e essenciais capítulos da história do cinema. Como poucos, o realizador soube apropriar-se da linguagem para realizar um conjunto significativo que transcende a própria experiência cinematográfica. Abordando temas intrínsecos à existência humana – como o desejo, a morte e a fé –, o cineasta rompeu as fronteiras do cinema sueco e atingiu a universalidade através da sua obra feita à base de rostos, gritos, silêncios e murmúrios. Agora sim, o silêncio...

domingo, 29 de julho de 2007

Série "Músicas que arrepiam" XVII (para a Tatiana)

Romaria
(Elis Regina)
Lisboa, Teatro Villaret em 1978

"Como eu não sei rezar
Só queria mostrar
Meu olhar. meu olhar, meu olhar..."

.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Hoje ouvi na rádio um jovem chamado Adolfo e que escreve no blog com o nome mais bonito da blogoesfera A Arte da Fuga, traçar a nova imagem do político português, referiu os nomes de Santana, Portas, Meneses e Sócrates. Ele falou como se tratasse de uma evolução positiva. Mudei imediatamente para a Radar.
De manhã, durante uma entrevista não sei a quem (da Rosa), no Rádio Clube, referiu-se:
"Sócrates veio da jsd"
"Correia de Campos foi ministro do companheiro Vasco"
"Não há nenhuma figura de proa do PS hoje no Governo que tenha estado na Alameda - referia-se suponho à maioria silenciosa"
Justificando a actuação e o espectro do autoritarismo que por aí paira, quanto a mim, traduz-se apenas em maior rigor e numa adaptação ao exercicio do poder. Lirismo. Espantosa afirmação de Sócrates "o meu Socialismo não é o vosso Socialismo".
De repente, a entrevista do nosso pm, onde me encontro, onde apenas chega o som, convenceu-me que era o Contra-Informação. Pelo tom peculiar do pm e pelo discurso claro - verborreico.

Há frases que não beneficiam quem as diz, muito pelo contrário…

«Tive uma paixão pela Pipi das Meias Altas. Apesar de magricela como o diabo e de não ser propriamente gira, atraia-me aquele ar rebelde».
Manuel Monteiro, in Sol.
Em comentário ao comentário, Moura afirma:
«não me lembro MESMO de nenhum líder da oposição do PSD (ou de outros partidos) que tenha tido algum reconhecimento enquanto na oposição».
Moura,
Este é de facto um dos grandes problemas do nossa Democracia. Passo a explicar.
Se formos analisar a eleição dos últimos primeiros-ministros constatamos o seguinte facto: nenhum foi eleito por mérito próprio, pelo seu trabalho enquanto líder na oposição ou pelas propostas que apresentou ao eleitorado. Vejamos os factos: António Guterres foi eleito pelo desgaste da governação de Cavaco Silva, Durão Barroso foi eleito pelo desastre da governação de Guterres e Sócrates foi eleito pelos disparates da governação de Santana.
Não vou ao período antes de Cavaco Silva, pois não vale a pena analisar tanto disparate governativo. Mas desde últimos anos fica a conclusão que os portugueses elegem os seus primeiros-ministros não por aquilo que eles valem, não pelas propostas que têm e apresentam, não pela sua capacidade, mas sim por aquilo que o anterior representa. Votam apenas sob a vontade de mudar e de mudar seja lá para onde for, desde que se mude.
Isto acontece ou porque o povo é mau ou porque os partidos não prestam?
A base de uma democracia é a educação do seu povo. É isso que nos permite ser mais livres e mais responsáveis. Educar um povo não é controlar um povo, é permitir que ele escolha livremente e à classe política apenas lhe resta permitir que seja a sociedade e as famílias a organizarem-se para a educação do povo. Não haverá verdadeira educação enquanto cada um de nós, individualmente, não tenha a liberdade de escolher o seu caminho, a sua escola, a sua educação. O Estado aqui não se deverá substituir à família.
Saímos de um regime autoritário para uma democracia, não sem antes passar por um PREC, será que ainda vivemos, na educação, tempos desses?
Por isso, não elegemos os melhores, elegemos o menos mau.
Não haverá coisa pior que termos uma democracia que elege o mal menor?
E os partidos políticos não deixam de ter a sua grande responsabilidade nesta matéria.

Alô férias! Good bye

As férias são uma pausa, não uma fuga. Para serem bem gozadas, não podem trazer novas correrias, mais aturdimento, sobretudo têm que permitir um reaproximar da vida comum de maneira a que o regresso não seja contrariado, mal humorado, a olhar com azedume mais um ano preso àquelas rotinas.

As férias devem servir para fazer as pazes com o nosso dia-a-dia. Sacudido o cansaço, livres das tarefas, com tempo para flanar por onde queremos e quando nos apetece, é natural que se comece a pensar que vai saber bem reencontrar o nosso canto, ver as caras de todos os dias, bater à porta do colega do lado "então bom dia! Que lindo sol está hoje, da sua janela vê-se o rio!"

As férias não são uma ruptura, um artifício intercalar e enganoso numa rotina. São uma continuidade, uma forma de ganhar força e ânimo para viver com alegria os compromissos, os horários, a atenção para os outros. Mas também o gosto de fazer um trabalho bem feito, de saber que precisam de nós, que com o nosso esforço e talento podemos fazer a diferença. Ali, no nosso trabalho, na nossa vida de todos os dias, no centro do nosso tempo.

Irritam-me um bocado as pessoas que querem encafuar em poucas semanas o que não puderam fazer num ano inteiro. As férias são para saborear, para apreciar devagarinho, dia a dia, sem pressas, até termos saudades de voltar ao ritmo do costume. Nas férias, temos que sentir passar os minutos, o tempo tem outra dimensão, cada dia tem a sua densidade e divide-se em manhã, tarde e noite. Assim mesmo, devagarinho.

Já tenho saudades do meu trabalho, dos meus amigos, da minha actividade toda, tenho tido umas óptimas férias e já consigo apreciar de novo o muito de que disponho ao longo de todo o ano.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

O que sei de cor

Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos

Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.

Aqui, deposta enfim a minha imagem,
Tudo o que é jogo e tudo o que é passagem.
No interior das coisas canto nua.

Aqui livre sou eu, eco da lua
E dos jardins, os gestos recebidos
E o tumulto dos gestos pressentidos
Aqui sou eu em tudo quanto amei.

Não pelo meu ser que só atravessei,
Não pelo meu rumor que só perdi,
Não pelos incertos actos que vivi,

Mas por tudo de quanto ressoei
E em cujo amor de amor me eternizei.

Sophia de Mello Breyner Andresen
(meio brazileirado...)

The big Issue

A partir do momento que as populações são afectadas em larga escala (New Orleans e hoje Inglaterra), o Ambiente e as Questões Climáticas, deixam de ser uma questão de miopia governamental.
Há a obrigação de o povo, o orgão que legitima o poder, exigir medidas imediatas, mas não apenas exigir, tem de ser o povo o primeiro a praticar o que exige.

A Global Warning...

Live Earth Video

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Isto é o caos


Estamos mais descansados

PGR: equipa de Maria José Morgado vai continuar
A equipa que investigou os inquéritos conexos ao processo Apito Dourado vai manter-se ao serviço da Procuradoria-Geral da República (PGR), disponível para investigar qualquer caso complexo.
in Diário Digital

Preparem-se, vem ai

Europa: Calor faz mais de 500 mortos e muitos incêndios
A canícula que se abateu sobre o sudeste da Europa, com temperaturas superiores a 40 graus, foi responsável pela morte de 500 pessoas na Hungria, segundo cálculos do chefe dos serviços de Saúde nacionais hoje divulgados.
Na Roménia, esta nova vaga de calor já provocou 30 mortos, enquanto a Itália, Macedónia e Sérvia vivem o flagelo dos fogos florestais. Em contrapartida, no norte da Europa, o Reino Unido continua a ser assolado por inundações.
in Diário Digital

terça-feira, 24 de julho de 2007

A Hibernar

Um canal da tv cabo passa A Noite da Iguana de John Huston, baseado numa peça de Tenesse Williams com Richard Burton, Ava gardner e Deborah Kerr entre uma galeria de secundários de luxo. O grande cinema abandonou a RTP.

Mesmo no cinema, com o fim do Ávila - onde bastava ter exibido Robert Mitchum em “A Sombra do Caçador” de Charles Laughton para ganhar um apoio vitalício da CML - e para quem não pode gozar dos horários da Cinemateca ou não quer esperar pelas raras sessôes de clássicos no Nimas, onde podemos ir... será que há mesmo pouco público ou apenas uma fraca visão do mercado?

Férias

Ouço toda a gente à minha volta a falar de férias, escolher destinos, a sonhar com fins de tarde junto ao mar. Há os que já foram, há os que estão e há os que vão. Para todos os gosto, como nas farmácias. Normalmente encolho os ombros sem saber o que dizer quando me perguntam quando vou de férias. Ainda não marquei férias. Não sei sequer quando vou de férias. As férias deveriam servir para descansarmos. Do trabalho. Da cidade. Das pessoas. De tudo. Quando a razão do cansaço somos nós próprios valerá a pena tirar uns dias? E já que não posso livrar-me de mim, para onde hei-de ir comigo atrás de mim?
É nas relações actuais ou mais recentes que nos vingamos das maldades das relações anteriores?

...e vão três!


Enquanto o Tiago Card dá contribuições positivas para a remodelação do Governo eu já me cansei de acompanhar o desporto nacional do tiro ao alvo em que andam entretidas as hostes do PSD. Em menos de dois anos já elegeram 2 vezes o Marques Mendes, primeiro num Congresso, depois porque sem directas não valia, depois houve directas e afinal era só se ganhasse as eleições intercalares que houvesse pelo caminho, agora é porque afinal não ganhou a Câmara e o Carmona coitadinho devia ter sido deixado por lá a aboborar até ao fim...
Vamos lá a ver se à terceira é de vez, daqui até às legislativas ainda se há-de inventar mais uma eleição qualquer que garanta as primeiras páginas dos jornais ao PSD enquanto primeiro partido da oposição...a si próprio! Não há pachorra. E se Marques Mendes os mandasse passear e passasse à oposição da oposição? Talvez não ganhassem para o susto, tantos valentões que matam sete de uma vez...

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Há pedidos que deviam ser acolhidos


Na revista do 24 Horas, de 22 de Julho de 2007, domingo, em entrevista José Cid declara «Gostaria de ser Ministro da Cultura», não sei porquê mas acho que teríamos ainda mais diversão, pelo menos garantida e como diz um amigo meu, bastava-lhe ter bons assessores e a coisa estava garantida.
Há pedidos que deviam ser acolhidos, assim como assim, o caos está há muitos anos instalado e, ao menos, tínhamos animação e da boa.
Não há quem não se lembre do «como o macaco gosta de banana, eu gosto de ti» e a bela capa de álbum em que José Cid nos presenteia tal qual veio ao mundo.
Garanto tudo seria mais divertido e a Cultura poderia conhecer caminhos até agora desconhecidos!

Música Popular Portuguesa


"Xaile é um novo grupo musical português que, ao fim de dois anos de trabalho, está agora a revelar-se a pouco e pouco em concertos (...) e num álbum de estreia editado em Junho pela Universal.
Raramente, na música portuguesa, se arrisca fazer da pop popular e do popular pop. Quando pop e popular deviam ser, sempre, sinónimo ou, pelo menos, palavra filha uma da outra. E quando isso acontece algo de importante acontece na música portuguesa. Aconteceu com a Banda do Casaco. Aconteceu com António Variações e os Heróis do Mar. Aconteceu com os Sétima Legião, os Ocaso Épico e os Madredeus. Aconteceu com os Trovante e, mais tarde, os Sitiados. Acontece, agora, com projectos tão diferentes como A Naifa, os Dazkarieh, os Chuchurumel, os Mirandum, Uxu Kalhus ou os Dead Combo, entre alguns poucos outros. Por caminhos diversos, através de abordagens diferentes, seguindo uma ou outras vias, todos eles procuram a essência da música portuguesa, abrindo-a a novas influências e avançando convictamente para o futuro.
Xaile, um novo grupo de música portuguesa - de «música planetária portuguesa», diz Johnny Galvão, um dos fundadores do grupo - inscreve-se facilmente nessa antiga e nova linhagem. Porque é música portuguesa de raiz e é muita, tanta, música à volta. Mas com tudo isto a fazer sentido, de canção para canção e tudo dentro da mesma canção, movimentos perpétuos de canções dentro de canções, dinâmicas, variações, surpresas constantes em que chulas e malhões, fado e canto alentejano podem coexistir com o hip-hop e o jazz e o funk. Em que ecos de José Afonso, Sérgio Godinho, Fausto, Banda do Casaco e Madredeus namoram com a música dita celta em jigs, reels e airs (e a sua renovação através de nomes como Clannad, Enya ou Capercaillie), com o flamenco, a música árabe, africana ou brasileira. Sem barreiras, sem pudores, sem vergonha, o que também quer dizer, com um sentido pop raríssimo no nosso país. E com uma alegria, um brilho e uma criatividade constantes.
Depois, pormenor que está reservado para este terceiro parágrafo: à frente do Xaile estão três cantoras, três belíssimas cantoras, todas elas irmanadas num sonho comum, solidárias e complementares, tão diferentes mas tão iguais na maneira como se entregam à sua arte. Chamam-se Marie, Lília e Bia e são as três cantoras e instrumentistas e bailarinas. Marie, luso-francesa com um pé em Paris e outro no Algarve, a fazer um mestrado em Literatura Oral Tradicional, fez parte durante alguns anos dos Alambique, Dazkarieh e Avalon Ensemble. Hoje, faz investigação no Centro de Tradições Populares Portuguesas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e está de corpo e alma no Xaile, onde canta, toca gaita-de-foles galega, variadíssimas flautas de Bisel e adufe. Lília, portuense mas transmontana de coração, estudante de Artes do Espectáculo também na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tem formação em dança, pertenceu a um rancho folclórico e participou em vários espectáculos de teatro e televisão. Teve várias propostas para gravações a solo mas prescindiu delas em favor do Xaile, grupo do qual diz ser «o meu sonho». No Xaile, Lília canta, toca harpa céltica e percussões. Bia é açoriana, arquitecta, e passou por grupos rock e tunas universitárias (refundou a Arquitectuna, na Faculdade de Arquitectura de Lisboa) e está no Xaile, com paixão, onde canta, toca guitarras, cavaquinho e percussões. E quem ouve o álbum de estreia do grupo percebe a química, a união, a diversidade e complementaridade destas três vozes, mas ao vivo tudo isto ainda é mais visível. Vêem-se as três juntas e pensamos nas finlandesas Vartinna, nas belgas Lais, nas galegas Leilia, nas «multinacionais» Zap Mama... Isto é, num grupo em que as vozes femininas, por muito boas que sejam individualmente, e são!, valem muito mais porque fazem todo o sentido quando ouvidas assim, em conjunto.

Marie, Lília e Bia são as três pontas do Xaile. Mas falta falar de quem teceu, primeiro, o tecido de que o Xaile é feito. Na base, na origem, da história estão dois músicos e compositores, Rui Filipe Reis e Johnny Galvão. Rui Filipe, compositor das músicas e co-letrista, produtor, arranjador e instrumentista (teclas, programações, acordeão) do Xaile, tem formação clássica em piano, trabalhou como instrumentista e arranjador durante vários anos com Dulce Pontes, participou em musicais com Pedro Osório e José da Ponte e, desde há dois anos, é um dos responsáveis pela produtora Raga, em que desenvolve projectos próprios de composição e produção. (...) No Xaile, Johnny Galvão é produtor, arranjador, guitarrista, co-compositor das músicas e autor das letras. Letras que remetem para um imaginário tradicional português. No Xaile, há frases, expressões, citações que ajudam imediatamente a situar a música num território mítico, nosso, feito de canções antigas, lenga-lengas, jogos infantis ou poesia popular. No Xaile escutam-se palavras nossas, tão nossas, na voz das três cantoras - «giroflé», «pouca-terra, pouca-terra», «vai de roda», «entre as brumas da memória», «sape gato lambareiro», «rei, capitão, soldado, ladrão»... - em novos contextos, com novos significados, em novas harmonias. E até, no único momento em que se usa uma língua estrangeira, o inglês - «Far away, far away from here...» -, as palavras são de Fernando Pessoa. Palavras ditas, no disco do Xaile, pelo inglês Russell Nash (...).
O álbum de estreia do Xaile, homónimo, foi editado em Junho através da Universal Music Portugal. Do alinhamento, constitituído unicamente por originais, fazem parte os temas «Ai Linda, Ai Linda», «A Ver o Mar», «Assim-Assim», «Encontro Marcado», «Onde For o Amor», «Roda da Alegria», «A Minha Circunstância», «Aquele Maio», «Ao Luar», «Haja Saúde», «Até Me Encontrar», «Jardim Celeste», «Lá de Onde Eu Sou» e «Não te Vás Embora». O primeiro single, «Ai Linda, Ai Linda», começa por estes dias a rodar nas rádios. Para dar um novo significado à sigla MPP."

António Pires in Raízes e Antenas

Gelado de Verão

Foste a frescura da minha sede
Andei contigo na minha mão
Foste a frescura da minha sede
Andei contigo na minha mão
Pintei a boca de rosa e verde
Foste o gelado do meu verão
in Gelado de Verão, António Variações

sexta-feira, 20 de julho de 2007

E agora o SUL

O mar pela manhã

Deixem-me estar aqui.
Que também eu contemple,
um pouco, a natureza - o mar, nesta manhã,
o céu azul sem nuvens, de um e de outro a luz
onde se alonga amarelada praia.

Deixem-me estar aqui.
Que eu pense que isto vejo
(não é que o vi um instante, quando aqui parei?)
Tudo isto só - e não, também aqui, visões,
memórias, e os espectros do prazer antigo.

Levanta-te e Anda

Convenhamos, toda a gente reclama e se mostra indignado e ofendido, mas fá-lo sentado na sua secretária ou à mesa de café. O que gostamos mesmo é de conjurar, dizer mal. Acção, fazer alguma coisa para mudar, ir para a rua e lutar, é com os outros. Tricas e golpes palacianos, conluios, lobbies e grupinhos é bem mais ao nosso jeito, mesmo que pequemos pela falta dele em quase tudo.
Curiosamente, embora conotados como um país de poetas, ou não lemos (bruxo) ou a consciência e clarividência que estes nos deviam transmitir, está algures sentada à espera da sua deixa para entrar em cena. Isto tudo porque lembrei-me de Sophia.

Razoabilidade

Haverá mesmo um excesso de autoridade ou uma autoridade excessiva que conduz ao abuso?
Relativamente ao médico no posto de saúde, ao professor ou ao blogger processado, os funcionários públicos instigados a cumprirem regras, o novo sistema de avaliação de carreira, ..., sejamos razoáveis, será que pode-se fazer e dizer o que se quiser, em nome da liberdade de expressão ou da continuidade de más práticas?
Ou, será da génese do povo português, tão pouco habituado a perfis como o de Sócrates, a conjurar para mandar o homem passear e voltar a ter lideres de um tipo mais frouxo e que nos deixam fazer o que queremos?
Não nos enganemos, toda a gente já esperava um perfil do tipo do Cavaco, bastante mais anglo-saxónico do que latino e, limitativo do espaço de liberdade que ocupamos, talvez não estivessemos era preparados para o receber.
O português, como o seu antepassado lusitano, tem uma dificuldade enorme em acatar ordens, menos do que aceitar um chefe é, seguir religiosamente o que este tem para dizer. Há este carácter de combater, tudo o que lhe venha perturbar a pretensa, tranquilidade mundana de nada fazer.

Boa Educação

A educação que recebemos dota-nos com um lato sentido moral e ético.

Má educação é sinónimo de patifarias futuras, na vida e em tudo o que ela mexe. Por isso é bom, que saibamos avaliar muito bem o grau de educação de alguém com quem nos relacionamos (não confundir com boas maneiras, isso qualquer um aprende...), podemos a partir daí, usar de toda a nossa intuição e imaginação para o que se segue.

Quer tenha ou não a bela gamba acima do lábio!

Copy paste Sócrates style

O brasileiro Anderson faltou à comparência no aeroporto, para embarque para mais um jogo de pré-época. O Anderson pareceu-me do mais sensato que tenho ouvido. Primeiro mostrou-se surpreendido por algo que tem vindo a esconder dos media - a doença e especulação em torno do filho - seja agora público; depois, em ter optado por não abandonar a mulher e o filho em detrimento de um jogo de pré-época; ainda, cumprindo os deveres de alguém nesta situação: avisar e explicar a ausência. O que se espera: compreensão e desejos de rápidas melhoras.

O que teve? O homem da gamba por baixo do nariz, Luís Filipe Vieira, no seu estilo Jardinesco, chega-se à frente e mostra a ausência de educação. Torna a notícia pública, desrespeita a privacidade do jogador e ameaça com sanções disciplinares.

Pergunto ... será que o perfil Sócrates está a alastrar pelo país? Acima de tudo, isto denuncia uma ausência de moral e ética brutal.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Conflito diplomático

A Rússia anunciou que vai expulsar de Moscovo quatro funcionários britânicos.

Paint it Black! (Poupança de energia no Motor de Busca )



A google criou um motor de busca, bastante mais bonito e amigo do ambiente. Manda os outros às urtigas e substitui por este.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Telmo Correia, agora na SIC Noticias, queixa-se de não ter tido o apoio de Maria José Nogueira Pinto, quando ele próprio na última campanha para a Câmara de Lisboa deu-lhe todo o apoio. Não vamos chorar, pois não?

Eleições em Lisboa

Tivemos eleições intercalares em Lisboa. Uma campanha que de tão secante que foi gerou tédio, desprezo e desrespeito dos eleitores perante os seus candidatos.
O único dia animador de todo este processo eleitoral foi a noite das eleições e mesmo assim ficou longe das minhas expectativas e da compensação necessária ao tédio que foi a campanha no seu total.
Mas mesmo assim destaco, então, os dois momentos mais entusiasmantes, na noite eleitoral:
1. a demissão de Telmo Correia: que não sendo eleito pelo CDS, se demitiu de líder parlamentar. Demissão que ficou, em número, longe do exigível. Mas onde estão as demissões das respectivas estruturas partidárias que apoiaram a candidatura de Telmo Correia, quer seja a estrutura concelhia, quer a distrital? Pois, não foram essas mesmas estruturas que apostaram, apoiaram e incentivaram a sua candidatura?
2. a marcação de eleições directas no PSD por Marques Mendes: eleições a marcar em Conselho Nacional. Mas o relevante é que Marques Mendes não pediu um Congresso antecipado, que exigiria uma Comissão Organizadora de Congresso e eleições de delegados e que tem como consequência uma maior incerteza no momento da votação do líder e a óbvia perca de “controlo” sobre os votos. Mendes quer continuar a ser presidente do PSD e não se pode dar ao luxo de perder o “controlo” da secretaria.
Como se pode concluir nem a noite das eleições foi, pelo menos para mim, excitante. Se bem que todos os partidos perderam percentagem e número de votos, as consequências das eleições trouxeram pouca excitação nos partidos. O PCP mesmo depois de ter sido passado a ferro mais parece que nada lhe aconteceu. O BE, no seu estilo juvenil, continua a gritar sem que seja ouvido. O CDS só teve uma demissão. E o PSD nem Congresso tem.
Uma maçada.

Não tenhas medo do amor

"Não tenhas medo do amor. Pousa a tua mão
devagar sobre o peito da terra e sente respirar
no seu seio os nomes das coisas que ali estão a
crescer: o linho e genciana; as ervilhas-de-cheiro
e as campainhas azuis; a menta perfumada para
as infusões do verão e a teia de raízes de um
pequeno loureiro que se organiza como uma rede
de veias na confusão de um corpo. A vida nunca
foi só Inverno, nunca foi só bruma e desamparo.
Se bem que chova ainda, não te importes: pousa a
tua mão devagar sobre o teu peito e ouve o clamor
da tempestade que faz ruir os muros: explode no
teu coração um amor-perfeito, será doce o seu
pólen na corola de um beijo, não tenhas medo,
hão-de pedir-to quando chegar a primavera."

Maria do Rosário Pedreira

Uma oferta do meu grande amigo Paulo.

Série "Músicas que arrepiam" XVI (esta é só para ti...)

The blowers daughter
(Damien Rice)

Selma Lagerlof


O nome é fácil de fixar. Consta nas listas de 1909 com o nobel da literatura, o primeiro atribuído ao sexo feminino. Nada disto seria extraordinário se eu a não tivesse descoberto (achado?). Um livro "O Tesouro" devorado nas dunas do Guincho, numa tarde sem nada para fazer e, agora o segundo, "A saga de Gösta Berling", um pouco mais volumoso e a exigir outra atenção. O leit motif será um dos mais velhos da humanidade, a luta entre o bem e o mal, como chega lá é que se torna surpreendente. Agarra e mistura a mitologia europeia com a realidade conhecida, baralha e convida o diabo para se sentar ao lado do Padre, que cedendo à bebida resvala nos pecados que lhe seguem. Se há uma continuidade narrativa ela é apenas visivel na nossa memória, o que me parece, à semelhança do D. Quixote, é que podiamos começar num qualquer capitulo que nada se perdia. A maravilha da prosa, por inteiro e que poder o da literatura nas mãos dela.

A editora Cavalo de Ferro que começou por ter das capas mais bonitas do mercado, agora cedeu às vendas e fez uma montagem com a efige da Greta Garbo. Nada a apontar a não ser que parecem livros da Europa América.

Erros nos exames nacionais

{} - Em matemática chama-se a este simbolo conjunto vazio.
Vazia é também a prática nas direcções de educação, ministérios ou de quem quer que seja a responsabilidade, vazia de assegurar que algo é bem feito. Para mais, quando o critério é o de avaliar outros sobre o conhecimento. Vergonhoso, raios, é pouco. É também desconcertante. Haveria um lado bom nisto tudo, se os erros sucessivos tirassem do pedestal o papel do professor, não como um Je sais tout mas, como alguém que ensina a pensar - Algo bastante mais valioso.

Visita ao Hospital

Ultimamente tenho-me demorado no Hospital Amadora-Sintra. As peripécias vão desde chamarem Manel a Miguel, ou dizer que o jovem nasceu em 1850. No meio disto tudo, de bom, sobra alguma pluralidade, espelho da sociedade portuguesa actual, os enfermeiros Igor e Juan, são ajudados pela Dulcineia e uma Cabo-Verdiana que não fixei o nome.
Tenho a mania de só ver televisão, para descansar durante 5-10m, ontem tropecei no programa do António Barreto, precisamente sobre os fluxos migratórios em Portugal. Depois uma inflexão, apareceu um sujeito a defender os horizontes que a guerra colonial abriu. "Graças à guerra eu e muitos de nós vindos do interior, aprendemos a ler e a escrever". As fábricas de conservas também prosperaram... no entanto há sempre alguém que perde.
Por falar em atuns, a Sushimania está a dar cabo da população mundial desta espécie (o Azul)... Pensem nisso quando pedirem o próximo Temaki!

Irreversível

Parece-me claro! Há avanços tecnológicos que não fazem parte da moldura de desenvolvimento técnico da Humanidade. Vamos tarde, mas a tempo de corrigir todas as prevaricações ao ambiente cometidas no último século. Talvez o mundo global de hoje tenha uma solução, talvez não precisemos de tantos carros e aviões, linhas telefónicas e sinais emitidos à distância, fábricas de lixo pop ou electrodomésticos que ajudam o Homem a ser ainda mais preguiçoso e sedentário do que a sua natureza manda. Talvez sem tanta informação sejamos mais felizes.
Vai custar a imensa gente, desfazer-se de algum bem estar em beneficio das gerações vindouras. É nesta gente que reside o atraso e o principal risco do planeta.

Breves

"Na minha voz trago a noite e o mar
O canto é a luz de um sol negro e dor
É o amor, que morreu na noite do mar"

O Caetano vai voltar e nunca é demais.

Este domingo no CCB os E.S.T., uma das bandas responsáveis por traçar novos caminhos de evolução para o Jazz, um pouco mais a norte (são suecos) e com cara pálida. É o fenomeno Tiger Wood/ Eminem a chegar ao Jazz - os novos swingers da arte - quem disse que determinada arte é património genético de uma raça?

No jardim do casino do Estoril, Horace Andy, entre outras coisas o responsável pelo ritmo Reggae dos Massive Attack... e porque estamos a falar de uma das bandas mais à frente da história, sem que disso ele precise, o homem é um fenomeno, os ritmos na linha vão aquecer.

Deixamos sair o Nani, o Ricardo (graças a Deus), o Carlos Martins, o Rodrigo Tello e sabe Deus quanto nos custou. Mas o Marco Caneira?!?!?! Aí sentimo-nos abandonados como num porto ital... Parece-me que o Miguel Veloso está seguro, ou seria demais e momento de parar com os voos do espirito santo.

Alguém viu o documentário sobre a vida de Frank Sinatra? Excelente e mais um caso, como descartar o génio da maldade? Ainda vamos descobrir que afinal, Hitler era bom o suficiente para um Priztker...

Série "Músicas que arrepiam" XV

Gaivota
(Katia Guerreiro)

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Funeral Blues

Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He is Dead.
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.

The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the woods;
For nothing now can ever come to any good.

W.H. Auden

The lion King

Pura magia, uma imaginação delirante na concepção das figuras, na representação dos gestos, na música...E ao mesmo tempo de uma aparente simplicidade, infantil e denso, enfim, um prodigio. Um grande, fantástico espectáculo a marcar uma visita a Londres.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Partilhas reflectidas...






"Rabi, onde moras?" Ele respondeu: "Vem e verás!" (Jo 1, 38-39)


A busca... O desejo de encontrar o caminho, uma morada. O desejo de encontrarmos quem somos e o que fazemos diante do Mestre. E é ver, ver não só com os olhos físicos, mas com os do coração. Aí encontramos o outro, aquele a quem nos é pedida a entrega. Para e pelo outro. Levantar o cálice e a patena, com Aquele que ali está Consagrado e dizer por, com e n'Ele! Quem é Ele? Não estará no rosto do outro que grita por nós? Acredito que sim... Mas como é que posso dar se eu próprio preciso de receber? Vem e vê... Tal como estás, tal como és... Se te chamo é porque acredito em ti. O mundo em que nos rodeamos pede-nos perfeição a toda a prova, além do mais solicita uma vida com tudo arrumado para se poder avançar... Pede-nos ainda que seja tudo rápido, rápido e ainda mais rápido. Como é que é possível? O ver tem de ser com calma. A descoberta pode ser instantânea, mas será saboreada? Avançar a caminho do futuro, mesmo na dádiva ao outro exige uma saída, não uma entrada.


Quem é o outro? Quem grita por mim? E não serei eu também outro? As relações estabelecem-se, os laços criam-se e construímos o Reino, na recíproca recepção e dádiva, numa linguagem nova, na linguagem do Amor. Que não tem defesas, que não arma ninguém. De facto, há relações com nós, atadas com o ramo da complicação. Curiosamente tenho-me libertado desses nós, à medida que vou integrando quem sou. Sem medos, nem vergonhas, numa liberdade e verdade que tenho alcançado neste caminho. E os outros têm sido importantes, muito importantes. Muitas vezes ainda fico perdido, quando estou diante de pessoas de quem não gosto. Surge logo o moralismo... Não posso! Mas, calma, não sou Deus, pretendo ser... Vou sendo Cristão, aos pouquinhos, porque tento ir vendo onde é que Ele mora. E nesse, de quem não gosto, tento renovar o olhar, tento ver aquela relação individual que tem com Ele. O Amar não é o gostar. O Gostar está preso à superficialidade do imediato, o Amar está integrado nas profundezas do ser... O Amar vai mais longe, o Amar dá a vida. Deus é Amor, Deus dá a Vida! Daí, não sou Deus, não consigo dar a Vida na totalidade... Mas espero, espero um dia, porque vou vendo e vou sendo aos poucos um com Ele, um com os Outros que também são Ele. O corpo que se faz carne, a Carne que se transfigura em Corpo! O corpo perde-se para a carne, a Carne perde-se e estabiliza-se no Corpo!


Amar, a fusão do perder para encontrar! Eu acredito que posso encontrar, deixando de lado o moralismo e vendo que sou criatura amada para amar sem medos, seja quem for, mesmo que custe...

terça-feira, 10 de julho de 2007

Romantismo da Savana

Insistentemente o mano africano chamava-me para o ajudar a enviar um sms pelo site... :

"Querida o meu sofrimento é lamentável por ti não jantei. Resolve o meu problema menina para eu ficar tranquilo"

Podia ser um verso rap

Série "Músicas que arrepiam" XIV

On Earth As It Is In Heaven
(Ennio Morricone)

«When you get old in life, things get taken from you...well but thats....thats part of life...but, you only learn that, when you start losing stuff…
...and I know, if im gonna have any life anymore...Its because I'm still willing to fight and die for that inch...because, thats what living is!»
In, «Peace with inches speech», Al Pacino

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Impressionante!

Festa dos Tabuleiros
Tomar
08 de Julho de 2007
(foto de Luís Catarino)
«Vive-se hoje, com a conivência do primeiro-ministro, um clima de asfixia e intolerância democrática.»
Zita Seabra, a propósito das nomeações e exonerações na Administração Pública
Jornal de Notícias, 06/07/2007

sábado, 7 de julho de 2007

Série "Músicas que arrepiam" XIII

Vapor Barato
(Gal Gosta e Zeca Baleiro)

"Ando tão à flor da pele
Que qualquer beijo de novela me faz chorar..."
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sexta-feira, 6 de julho de 2007

Hoje

Rodrigo Leão e o seu Cinema Ensemble actuam na Torre de Belém, em Lisboa. O concerto está marcado para as 22h00, é de entrada livre e conta com a presença de uma série de convidados de luxo. Terá como base O Mundo: 1993-2006 , a colectânea que reúne as grandes canções de Rodrigo Leão, e contará com as participações de Beth Gibbons (vocalista dos Portishead), Pedro Oliveira (vocalista dos Sétima Legião) e Ângela Silva. Em palco estarão também mais de 30 músicos da Sinfonietta de Lisboa, dirigidos pelo maestro Vasco Pearce de Azevedo e com arranjos de Pedro Moreira.

O melhor de Bethânia

"Mandado de despejo aos mandarins do mundo
Fora tu reles esnobe plebeu
E fora tu, imperialista das sucatas
Charlatão da sinceridade e tu, da juba socialista, e tu qualquer outro.
Ultimatum a todos eles e a todos que sejam como eles. Todos.
Monte de tijolos com pretensões a casa
Inútil luxo, megalomania triunfante
E tu Brasil, blague de Pedro Álvares Cabral que nem te queria descobrir.
Ultimatum a vós que confundis o humano com o popular
Que confundis tudo!
Vós anarquistas deveras sinceros
Socialistas a invocar a sua qualidade de trabalhadores para quererem deixar de trabalhar.
Sim, todos vós que representais o mundo, homens altos passai por baixo do meu desprezo
Passai, aristocratas de tanga de ouro,
Passai frouxos
Passai radicais do pouco!
Quem acredita neles?
Mandem tudo isso para casa, descascar batatas simbólicas
Fechem-me isso à chave e deitem a chave fora.
Sufoco de ter só isso a minha volta.
Deixem-me respirar!
Abram todas as janelas
Abram mais janelas do que todas as janelas que há no mundo.
Nenhuma ideia grande, nenhuma corrente política que soe a uma ideia grão!
E o mundo quer a inteligência nova
O mundo tem sede de que se crie
O que aí está a apodrecer a vida, quando muito, é estrume para o futuro.
O que aí está não pode durar porque não é nada.
Eu, da raça dos navegadores, afirmo que não pode durar!
Eu, da raça dos descobridores, desprezo o que seja menos que descobrir o mundo novo.
Proclamo isso bem alto, braços erguidos, fitando o Atlântico
e saudando abstratamente o infinito."

segundo o "Ultimatum" de Álvaro de Campos (escrito em 1917)

quinta-feira, 5 de julho de 2007

É hoje!!

"Amor é sede depois de se ter bem bebido."
João Guimarães Rosa

Maria Bethânia
Dentro do mar tem rio

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05 e 06 de Julho de 2007 - 22H00
COLISEU DOS RECREIOS
Lisboa

Cadeiras de Orquestra: 60,00€
1ª Plateia: 55,00€
2ª Plateia: 45,00€
Balcão Central: 40,00€
Balcão Lateral : 30,00€
Galerias em Pé: 20,00€


«(…) Se tiver um filho ainda que morra não morro
e desde então é a certeza da minha imortalidade e da minha presença (…)»
António Lobo Antunes, in Visão de 5 de Julho de 2007

quarta-feira, 4 de julho de 2007

O Thyssen de Belém

"Não se deve começar um artigo com uma citação. Mas penso que vale a pena recordar a mensagem da Presidência da República sobre o acordo celebrado entre o Estado português e Joe Berado. Vão encontrar um documento que levanta uma série de dúvidas legítimas sobre o acordo celebrado entre o Estado e o empresário madeirense.
(...) O que se passou na segunda e na terça-feira no CCB estava escrito nas estrelas. A Presidência da República tinha alertado, os juristas do Ministério da Cultura também e no CCB cheirava a esturro há muito tempo. Mega Ferreira tinha sido claríssimo numa entrevista que deu à TSF há alguns meses: a colecção é boa, deve ficar em Portugal mas o CCB não é o sítio certo para a expor. Foi isto que ele disse na altura.
Quando se entra nos pormenores jurídicos ou organizacionais ficamos ainda mais surpreendidos: a coexistência de duas Fundações no mesmo espaço é uma aberração jurídica e está condenada a eternizar um conflito. Mega foi a primeira vítima mas haverá mais. E, em bom rigor, Mega devia ter sido mais consequente e sair do CCB. Porque o CCB deixou de existir para dar lugar ao Centro Berardo de Belém. A triste história das bandeirinhas que esvoaçam na entrada é exemplar. Berardo queria bandeiras, Mega não. Berardo ganhou e vai ganhar sempre. Neste negócio Berardo pôs o Estado de gatas porque sabe que a sua colecção é muito boa (graças a Francisco Capelo, que soube fazer e entretanto se zangou com Berardo e zarpou para outras paragens) e que Portugal não podia arriscar perdê-la. A colecção Berardo é demasiado boa para se manter no exíguo espaço que tinha em Sintra. Mas podia ter ocupado um dos muitos edifícios do Estado ou da Câmara de Lisboa que se estão a degradar ao desbarato. As obras num edifício digno seriam pagas muito depressa pela receita do novo Museu. Não só se ficava com um edifício restaurado como se criava um novo polo de atracção na cidade de Lisboa, coisa que Belém já é pelo Museu dos Coches, pelos Jerónimos, pela Torre de Belém, pelo Padrão dos Descobrimentos, pelos pastéis e pelo CCB.
As críticas de Pedro Lapa, director do Museu do Chiado, foram certas e nada azedas. Ele tem razão em ficar apreensivo quando vê o Estado dotar anualmente a colecção Berardo de meios financeiros para continuar “às compras”, enquanto muitos museus (quase todos) não têm dinheiro para comprar nada.
Portugal precisava do Museu Berardo, como Berardo precisava de Portugal porque só cá é que é Rei. O museu devia ter sido feito noutro espaço porque o Centro de Exposições do CCB faz falta ao País e desapareceu na segunda-feira. O CCB foi entregue a uma pessoa. Segue-se o Estádio da Luz. Berardo quer ser o Thyssen de Belém, o Abramovich da segunda circular, o Mondavi do vinho português."

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Happy 4th of July

Também quero um processo ou uma investigação

É o caso do blogger que foi processado pelo Primeiro-Ministro em consequência dos seus posts sobre a sua licenciatura virtual, é o caso do professor que foi alvo de um processo disciplinar por, eventualmente, ter proferido umas quaisquer declarações que desagradaram ao executivo, foi o caso da directora de saúde no norte que foi exonerada do cargo, foi a recriação da figura do “bufo” na Administração Pública e agora, quando todos pensávamos que a coisa tinha acabado ou acalmado, os manifestantes anti-sócrates que participaram numa manifestação em Guimarães poderão vir a ser processados e o Ministério Público de Guimarães está a investigar o caso. A investigar o quê? O dress code dos manifestantes? A possível existência de dentes de ouro entre os presentes? O uso de pulseiras do bom-fim-da-baia?. É só impressão minha ou Hugo Chávez já governa em Portugal?
Devia haver uma nova máxima para quem, nos blogs, escreve mal do Primeiro-Ministro e do Governo: também quero um processo! Pela solidariedade.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Série "Músicas que arrepiam" XII

Volver
(Estrella Morente)

"Volver... Con la frente marchita
La nieve del tiempo
la aclaro en mi cien

Sentir... que es un soplo la vida
que veinte años no es nada
que febril la mirada
Hurrante entre la sombra
Te busca y te nombra

Vivir... Con el alma ferrada
A un dulce recuerdo
que lloro otra vez"

Objecto de Desejo II


Sei que o Natal ainda está longe mas gostávamos muito de ter a peça que a foto mosta a fazer-nos companhia lá em casa. É da Joana Vasconcelos e gostamos tanto que estamos com vontade de cometer uma loucura só para a ter... Enfim, o Natal é quando um homem quiser por isso, se alguém aí quiser, já sabe...

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Numa breve entrevista publicada hoje, 2 de Julho de 2007, no jornal Metro, Telmo Correia afirma “Serei Vereador em qualquer caso”, mas impõe-se uma pergunta: Será de facto eleito vereador? Esperemos que sim, a bem da diversidade política.

Lady Chatterley e o Homem dos Bosques


Às vezes há um sopro de frescura no modo como se tratam temas estafados. É o caso da adaptação do romance de D.H.Lawrence, O Amante de Lady Chatterley, que Pascale Ferran traduz num filme lindíssimo sobre o desejo, a atracção física, as mil e uma formas subtis ou explícitas como se comunica, como se sublima ou se realiza. Um filme límpido, sem escândalo nem falsas inocências, poético e desconcertante na sua simplicidade.
A história dos dois amantes, por mais conhecida, lida e relida que seja, surge como nova logo às primeiras imagens, na doçura dos gestos, na intensidade dos olhares, nos diálogos contidos e intensos.
A natureza é a grande estrela, enquadra e actua, domina e ampara, esconde e revela, sucede-se impiedosa como se fosse indiferente a quem a habita mas é ela que regula e dita as regras, tornando as convenções absurdas e inúteis.
Já tinha saudades de ver um bom filme falado em francês.