[Coisas de Campo de Férias, que podem acontecer em qualquer altura] Estávamos na roda, a almoçar. A directora levanta-se e põe dois de castigo, de costas e a dizer: "Não volto a gozar com as pessoas!" Riam à gargalhada. Ela continuava com ar sério. Eu observava. Às tantas, levanto-me e de ar e tom de voz igualmente sério, aliás, bastante sério, digo-lhes: "Dá para parar de gozar?" Ainda assim riam. O tom de voz aumentou na seriedade e tornou-se bastante directivo. Faz-se silêncio profundo na roda. Dei-lhes um raspanete. Fizeram o que lhes estava a ser pedido, mas já sem qualquer gozo. Sentámo-nos todos. Continuou o almoço. Precisei de ir à dispensa e a directora veio ter comigo: "Paulo, estávamos na brincadeira." "Mas, mas... estavas com ar muito sério e, apesar de achar estranho pelo grupo que temos, achei que te estavam a faltar ao respeito." "Pois, não. Que fazemos?" "Oh, claro que vou à roda pedir desculpa a todos e a eles dois de forma especial. Assumo a minha indelicadeza, erro, estupidez." Fui à roda e pedi a palavra. "Acabámos de viver um momento em que fui infeliz. Não percebi a brincadeira. Fui precipitado, abusando da minha autoridade natural, por ser o mais velho e, ainda por cima, padre. Quero pedir desculpa a todos, em especial a vocês dois. Fui injusto." Eles descomprimiram com um grande suspiro de alívio. Demos um abraço. E o almoço continuou... com a doçura da melancia (estava mesmo boa) e da certeza que sigo em caminho de aprendizagem, não só de perdoar, mas também de pedir perdão.