Dulce Antunes
Ontem foi mais um dia de acção de graças. A Missa Nova em Lisboa fica-me pelos rostos que representaram, resumiram, sintetizaram a amizade que sinto com tanta gente, de realidades tão diferentes, com a igualdade presente na humanidade. Como disse na homilia, a presença da diversidade de membros no Corpo que se pode traduzir na Amizade. Na amizade que ajuda a dar Paz, a viver a Paz. Aquela que se consegue a partir da autenticidade, naquele caminho de coragem de amar a Deus tal qual como se é. Há dias com mais facilidade, outros com mais dificuldade, outros em que a descrença fala mais forte. Sim, a Paz tem-me andado às voltas, por tanto. Confesso, e mudo de tema (a vida tem sido assim) que é um misto estranho de sensações: escrevo a alegria que sinto, mas também tenho vivido a tristeza e a impotência diante das atrocidades que o fundamentalismo tem cometido. Não é o islamismo contra o cristianismo, ou israelitas contra palestinianos (e vice-versa), é a estupidez ao mais alto nível, que não consegue compreender a riqueza da diversidade humana. Emociono-me ao ler sobre mais mortes pela fé, de pessoas que têm de abandonar das suas casas em nome do fundamentalismo que apenas mata a dignidade humana. Sinto-me pequeno, tão pequeno… As pessoas têm-me dito que sou um conciliador, que consigo agregar pessoas diferentes. Não é torná-las amiguinhas, como se fôssemos todos “tótozinhos”… não, tem que ver com este lado da concórdia que pode levar à Paz. Por isso, faço o que posso fazer: rezo. E agora, como padre, sempre que posso celebro Missa pela Paz e pela Justiça, fazendo silêncio e recordando tantas pessoas. Ontem, na Missa em Lisboa, acenderam-se velas pelos tripulantes, pilotos e passageiros que faleceram este ano. Mas também reservei uma por todas as pessoas que vivem a perseguição, a guerra e a morte. Como escrevia há dias, não podendo acabar com as guerras e os fundamentalismos lá longe, faço os possíveis para trazer luz e paz aos corações que me são confiados.
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