terça-feira, 27 de março de 2012

[Em Manutenção.





Igreja de São Francisco Xavier y São Luís Gonzaga - Ventilha - Madrid

(Versión en español en los comentarios)


Não o blog, mas quem nele vai escrevendo. Um vírus, não informático, com parte da sua família, resolveram achar que a minha pessoa é um bom sítio para alojamento. Mas há inquilinos indesejáveis. Estes são um deles e estou a tratar do rápido processo de despojamento: descanso, descanso e descanso. Já poderia chover à séria em Madrid, limpando os ares da cidade. Todos sabemos que dias de sol não faltarão.] 
No entanto, tenho aproveitado para dormir e despreocupar-me, por uns momentos, do periférico. 
Este fim-de-semana foi muito intenso com as ordenações, diaconais de três companheiros jesuítas e sacerdotal de outro. Por questões logísticas de ajuda à celebração, fiquei todo o tempo no fundo da Igreja. Estar de frente para a grande cruz, sobretudo no momento em que os ordenandos se deitam no chão para as ladainhas (oração onde se invocam as Santas e os Santos), enquanto junto com todas as pessoas rezávamos por eles, fez-me pensar que mesmo faltando apenas um ano, se Deus quiser, ainda há todo um caminho a percorrer. 
Em tempos, entendi a minha vocação como uma carreira [até mesmo de poder]. Muito deste entendimento já foi dissipado. É que isto de ser padre não tem nada que ver com carreira, mas com serviço. Infelizmente, são muitas as vezes que me esqueço disso, mas, estando de frente para aquela grande cruz, voltou muito claramente a recordação. 
Curioso, ou sem curiosidade nenhuma, adoeci. Não, não foi um desígnio de Deus. De vez em quando, as manutenções até vêm bem. Algumas, por supuesto, não as quero. Mas, se por tanta agitação interior chegou, há que aproveitá-la. É preciso muito silêncio diante desta certeza: “Pois também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por todos.” (Mc 10,45).
Afinal, até chove em Madrid.



quinta-feira, 22 de março de 2012

Diálogos Ocultos (II)




(Versión en español en los comentarios)

- Hoje apetecia-me levar-te pela mão, deixando que os movimentos torneados ganhassem outra cor.
- O que te impede?
- Sim, tens razão, nada... a não ser o medo disto ou daquilo, de além ou aquém-mar, dessa falta de aragem que os pensamentos e os sentimentos têm.
- E então? Continuarás nisso... ou deixas-te embalar? 

[Estende a mão]
- Ah, como é bom deixar que os ventos levem o sem sentido dos preconcei... hmm, que mão suave a tua!

quarta-feira, 21 de março de 2012

21 de Março - Poesia!




(Versión en español de mi texto en los comentarios)

Escolho este poema para celebrar este dia por conjugar tanto do que vivo: novos olhares sobre outras faces; a busca do Senhor da Vida, no que morre ou me faz "morrer" tento ir para além da temporalidade; o vazio da máscaras da personalidade; Portugal e Espanha; a interpretação da História, pessoal e comunitária; a arte presente no respirar das palavras e no escondido dos sentimentos.



terça-feira, 20 de março de 2012

[Gn 1, 1]




James Field

(Versión en español en los comentarios)




O tempo reserva o espaço.
Encontram-se numa bondade
imperfeita.
Em passos perde-se o medo
de ser frágil. Isso dá o eterno
sentido das coisas.
Ser, mais que parecer,
virtude - esperança - encontro.



segunda-feira, 19 de março de 2012

Gaudium et Spes 44




"Garden#10" de Shinichi Maruyama

(Versión en español en los comentarios)



Um dos trabalhos que tenho em mãos é sobre a Constituição Pastoral Gaudium et Spes (GS) do Concílio Vaticano II. O texto é de uma beleza e actualidade impressionantes. Esta Constituição fala do diálogo da Igreja com o Mundo. Recomendo a leitura.
Neste momento, o número 44 da GS é o que me está a dar mais que pensar. Pela primeira vez, num documento oficial, a Igreja reconheceu a ajuda que necessita do Mundo. Deixo aqui todo este número (o sublinhado é meu).
44. Assim como é do interesse do mundo o reconhecimento da Igreja como realidade social e fermento da história, também a Igreja reconhece o quanto recebeu da mesma história e da evolução do género humano.
A experiência dos séculos passados, os progressos científicos, os tesouros escondidos nas várias formas de cultura humana, permitem conhecer mais a fundo a natureza humana, abrem novos caminhos para a verdade e são de igual proveito para a Igreja. Esta última aprendeu, desde os começos da sua história, a formular a mensagem de Cristo por meio dos conceitos e línguas dos diversos povos, e procurou ilustrá-la com o saber filosófico. Tudo isto com o fim de adaptar o Evangelho à capacidade de compreensão de todos e às exigências dos sábios. Esta maneira adaptada de pregar a palavra revelada deve permanecer como lei de toda a evangelização. Deste modo, com efeito, suscita-se em cada nação a possibilidade de exprimir a mensagem de Cristo segundo a sua maneira própria, ao mesmo tempo que se fomenta um intercâmbio vivo entre a Igreja e as diversas culturas dos diferentes povos. Para aumentar este intercâmbio, necessita especialmente a Igreja - sobretudo hoje, em que tudo muda tão rapidamente e os modos de pensar variam tanto - da ajuda daqueles que, vivendo no mundo, conhecem bem o espírito e conteúdo das várias instituições e disciplinas, sejam eles crentes ou não. É dever de todo o Povo de Deus e sobretudo dos pastores e teólogos, com a ajuda do Espírito Santo, saber ouvir, discernir e interpretar as várias linguagens do nosso tempo, e julgá-las à luz da palavra de Deus, de modo que a verdade revelada possa ser cada vez mais intimamente percebida, melhor compreendida e apresentada de um modo conveniente.
Como a Igreja tem uma estrutura social visível, sinal da sua unidade em Cristo, pode também ser enriquecida, e de facto o é, com a evolução da vida social. Não porque falte algo na constituição que Cristo lhe deu, mas para mais profundamente a conhecer e melhor a exprimir e para a adaptar mais convenientemente aos nossos tempos. Ela verifica com gratidão que, tanto no seu conjunto como em cada um dos seus filhos, recebe variadas ajudas dos homens de toda a classe e condição. Na realidade, todos os que, de acordo com a vontade de Deus, promovem a comunidade humana no plano familiar, cultural, da vida económica e social e também política, seja nacional ou internacional, prestam não pequena ajuda à comunidade eclesial, na medida em que esta depende das realidades exteriores. Mais ainda, a Igreja reconhece que muito aproveitou e pode aproveitar da própria oposição daqueles que a hostilizam e perseguem.

domingo, 18 de março de 2012

Diálogos Ocultos (I)





(Versión en español en los comentarios)

Há umas semanas, em jeito de brincadeira, comecei a escrever pequenos diálogos a partir de um ou outro acontecido no dia e também inspirado pelas músicas dos Danças Ocultas. Vou deixando por aqui...
No(c)turno das 7
Em conversa, ele disse:
- Ando em tanta volta cá dentro, por vezes nem me reconheço!
Ela perguntou:
- Quem és? 
Sem hesitar, respondeu: 
- Alguém em crescimento!
Sem quase deixar acabar a frase, devolve-lhe: 
- E isso não é pouco.

sábado, 17 de março de 2012

"Feitos em Portugal"



Está neste momento a começar um programa que vale a pena ver e acompanhar. Pode ser uma inspiração para estes tempos que trazem algum gosto amargo de falta de Esperança.
Caso não seja possível vê-los no dia da emissão, os mesmos poderão ser vistos aqui.

quinta-feira, 15 de março de 2012

domingo, 11 de março de 2012

Lendo os outros...




Porque me identifico muito, para não dizer totalmente, com este post: 
E parece-me muito apropriado para um Domingo de Quaresma.




sexta-feira, 9 de março de 2012

7 anos d’o.insecto






O 7 guarda o misterioso significado de plenitude. 
Os 7 dias da criação, as 7 cores do arco-íris e as 7 notas musicais são apenas alguns exemplos da presença deste número denso e o que o mesmo pode evocar. O que pode parecer um fechamento, a plenitude, também pode ser visto como um tempo de reflexão. 
Este blog começou há 7 anos. 
A partir de uma sana inveja e manifestando o contentamento de ter um blog, o Pedro Rapoula deu início a’o.insecto. A partir daí foi um continuo partilhar. Primeiro a solo, depois juntando mais vozes. O tiago card, o Morgado Louro, a Moura, a Azul Comum, o João Mattos e Silva e eu. Estas vozes foram configurando a variedade deste blog. Falou-se de política, design, dança, poesia, música, desabafos, citações, desporto em geral e futebol em particular, teologia, filosofia, reflexão mais espiritual e/ou humana. Não posso esquecer os muitos convidados especiais que por aqui passaram, sobretudo quando manifestaram o seu carinho aquando dos 3 anos (outro número igualmente denso) d’o.insecto
Hoje sou eu que deixo o meu pensar sobre estes 7 anos. Afinal, tenho sido quem mais publica nestes últimos tempos. Já me dizem: “vi o teu blog”. Mesmo sendo ultimamente mais meu do que propriamente nosso, atendendo à sua realidade colectiva continuo a dizer o “blog onde participo”. Gosto desta imagem da participação. Participar é estar, é fazer parte de. Quem me conhece, sabe a importância que dou ao tema da relação humana. Recordando o que escrevi aqui pela primeira vez, em simplicidade disse que queria viver uma experiência de reciprocidade em caminho. Assim, considero-me parte de um projecto que, apesar das muitas mudanças, tem as marcas de uma história da colaboração de muitos, de forma especial do fundador. Pensemos, por exemplo, no nome do blog e no grafismo que se mantêm, para que de algum modo, sem que seja de forma saudosista ansiando pelo regresso ao jeito sebastianista, fique a boa recordação da presença do Pedro, com os seus escritos e sensibilidade.
O dia de aniversário condensa o tempo, a história. Recorda-se o passado, dando corpo aos desejos, aos projectos, aos sonhos. Nestes 7 anos podemos falar mais do que de plenitude (não me parece que o.insecto tenha culminado a sua voz), de um tempo de viragem. Não esquecendo que é um blog colectivo, e assim gostaria que continuasse, quero continuar a escrever e a partilhar ao meu estilo. Não escondo que por vezes me sinto meio perdido, afinal, a plenitude mesmo que tocada pelo 7, não está alcançada. Por isso, sigo em aprendizagem... em conversão, manifestando-a no que aqui vou deixando. 
Sim, a experiência da conversão é um ponto de viragem. Na conversão, por mais pequena ou forte que seja, a plenitude é tocada. Como que um encontro onde é revelado um novo conhecimento da realidade. Obviamente, esse conhecimento não é (e ainda bem) total. Bem vivido impele a outros conhecimentos, até mesmo a uma mudança e a um novo olhar sobre a realidade. A amplitude do conhecimento aprofunda a sabedoria, baixando as defesas, acolhendo mais, permitindo que se faça a justa selecção do que verdadeiramente importa, até a uma nova conversão... até à plenitude completa.
Não posso deixar de agradecer de forma especial a alguns amigos bloguistas que, junto à minha história e meus acontecimentos quotidianos, me inspiram, fazem pensar, “desinstalam-me”, no melhor sentido do termo: o João Delicado,sj no Ver para além do Olhar, o José Ricardo Costa no Ponteiros Parados, a Laura Abreu Cravo no A Alma Conservadora, os meus companheiros sj filósofos no Companhia dos Filósofos, a Ivone Costa no A Ronda dos Dias, o Nuno Delicado no bulicenas, o Nuno Branco,sj e José Maria Brito,sj no Toques de Deus, o Alfaiate n’ O Alfaiate Lisboeta, o José Barbosa Borges no Um Kaddish por Portugal, a Laurinda Alves no A substância da vida e muitos dos que escrevem no Delito de Opinião e no Escrever é triste.
Felicitar o.insecto é felicitar a cada uma e a cada um que lhe deu e dá corpo: em escritas, em inspirações e em leituras. É isto: Parabéns!

terça-feira, 6 de março de 2012

Outro modo de ser



É isto, para o dia de hoje... 
Outro modo de ser, em continua (re)descoberta. 

sexta-feira, 2 de março de 2012

Tarde no Retiro


Pat Wallace

(Versión en español en los comentarios) 



Há momentos que ficam registados no gesto. A conversa solta entre os dedos, no corriqueiro quotidiano que se torna diferente à medida que o sol se eleva e aquece os prados. De arte e de corpo, em separado e em relação, era a nossa conversa. E assim continuou a história.



quinta-feira, 1 de março de 2012

essejota.net: 4 anos!




A mensagem de António Valério,sj, Coordenador Geral do site essejota.net, a propósito do 4.º aniversário.

Políticos, artistas e religiosos online à volta da esperança

Personalidades tão diversas como o eurodeputado Paulo Rangel, os cantores Tiago Bettencourt e Carminho, o porta‐voz do Papa ou o escritor Jacinto Lucas Pires juntam‐se numa iniciativa online para apresentar o seu olhar sobre a esperança. A página web www.essejota.net, da Companhia de Jesus, propõe celebrar deste modo o seu quarto aniversário.

“Ainda há esperança?”. O P. Alberto Brito, sj, Provincial dos jesuítas em Portugal, dá o mote à pergunta, a que procuram responder as reflexões de Isabel Jonet, Paulo Rangel e do jornalista António Marujo. A actriz Cleia Almeida, uma das protagonistas do premiado “Sangue do Meu Sangue”, apresenta um filme, o cantor Tiago Bettencourt comenta um vídeo, o fotógrafo Luís Ferreira Alves mostra‐nos uma imagem, o cartoon é de Luís Afonso e a jornalista Paula Moura Pinheiro fala acerca de um quadro. O livro sugerido por Pedro Mexia, um poema de Manuel António Pina, vencedor do Prémio Camões 2011, a música escolhida pela fadista Carminho e a história contada pelo escritor Jacinto Lucas Pires abrem horizontes acerca de um olhar optimista sobre o futuro. Esta edição conta ainda com a participação do jesuíta irlandês Michael‐Paul Gallagher, professor na Universidade Gregoriana em Roma, e uma entrevista ao porta‐voz da Santa Sé, P. Federico Lombardi, para além de uma surpreendente reflexão de uma Carmelita que, do interior do convento, olha para o mundo como quem o conhece profundamente.

Neste momento, em que tanto se fala de crise e de falta de esperança, esta edição especial do essejota.net reúne colaborações de pessoas de vários quadrantes políticos, artísticos, sociais e religiosos que apresentam diversas perspectivas acerca de um tema que toca as preocupações dos portugueses.

O www.essejota.net pretende ser um espaço onde se pode encontrar uma nova forma de falar do mundo, do mistério humano e da fé. A partir das suas secções, trabalhadas quinzenalmente por uma equipa de 110 voluntários, que vão desde a arte ao entretenimento, da reflexão sobre acontecimentos da actualidade a textos de aprofundamento da fé cristã, o essejota.net propõe aos seus leitores um olhar atento e esclarecido sobre a realidade, numa linguagem acessível e adaptada às interrogações das gerações mais novas.