quarta-feira, 4 de maio de 2022

Minha Mãe, Maria


[Secção vida] A minha Mãe não gosta que se saiba o aniversário. O que, obviamente, respeito. Por isso, este não é um texto de parabéns pela vida. Também não me apeteceu escrever sobre ela no Dia da Mãe. Por isso, este não é um texto de feliz dia da melhor mãe do mundo. Mas faz muito sentido homenagear esta Mulher, a minha Mãe, Maria.


Há nela uma mistura de doçura, cuidado, preocupação e atenção, junto com alguma melancolia, mágoa e tristeza por não ter realizado sonhos. A vida. Dito com aquele sentido de silêncios, em que as oportunidades de estudos, o seu sonho, não eram para todos. Pequenina de tamanho, agarrou-se ao trabalho e fez do trabalho vida. Quando me falam de espiritualismos vários, na suposta falta de fé de determinadas classes, com supostas visões de sociedade, aterro com as perguntas de horizontes descartados que também a minha mãe me foi contando. Não é fatalismo. Mas marca. Tal como marca o amor que encontrou com o meu Pai, José. A sua determinação levou a que tomasse em mãos o desafio de amar fortemente na doença e na tristeza, dando saúde de alma no cuidar, no apaparicar, e alegria em dias transformados. O seu olhar fala de história a ser sanada e de futuro a ser desbravado. Por amor, suavizou teimosias, permitindo viagens e leituras renovadas da existência. Pequenina, já disse, de tamanho, mas tão grande de entrega, de delicadeza, de vida. Em cada dia agradeço a Deus por esta Maria, minha Mãe.


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