terça-feira, 5 de abril de 2022

Raridades


Nuno Gonçalves


[Notas soltas com coisas na vida de um padre] Somos rodeados de preconceitos e estereótipos. Sejam de nós para os outros, sejam sobres nós. A idealização de padrões relacionais, profissões, vocações, está muito presente na construção do que se espera do outro. Por vezes, faz sentido: espera-se que o professor ensine, a médica ajude a curar, o padre celebre e acolha. Outras vezes, não: ser super-algo-para-agradar. Depois, vêm as surpresas: ah, o padre dança, ah o padre fala com naturalidade sobre temas tabu, ah o padre é normal. Mais do que julgamentos da realidade, somos chamados à humildade do descobrir e perceber o que faz sentido no que ajuda a humanizar. E podemos ganhar tanto. É no respeito, desmontando estereótipos, que vemos a outra pessoa como pessoa que é. O que me ri quando vi esta fotografia. Imagino o pensamento do senhor enquanto me filmava a dançar: “tenho de guardar este cromo na colecção de personagens raras”. Que bom seria se todos nos descobríssemos raros e felizes, ajudando-nos uns aos outros na alegria. Haja vida!

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