domingo, 6 de março de 2022

O mal atravessado de bem


[Breves notas muito pessoais] Dos exercício espirituais mais exigentes que já fiz foi ir ao deserto da alma em oração e colocar de frente o mal que posso fazer. Quando tentei pela primeira vez fazer isto, não consegui. Mal fechei os olhos para, tal como Jesus, enfrentar Satanás, senti enorme repulsa, medo, vergonha. Percebi que estes exercícios não vão de heroísmos, mas de aprendizagem inspirada pelo Espírito a encontrar o tempo que se ajusta. Até que chegou o dia. Foi duro, muito duro. Mas sabia que tinha de o fazer para crescer em humanidade. 


E dar-me conta, de entranhas, que:

Posso maldizer. Posso desbaratar os meus dons. Posso criar conflitos. Posso contribuir para guerras. Posso magoar. Posso ferir. Posso fazer o mal. Posso matar. 


Tomar consciência disto é duro, mas profundamente libertador. Não me escondo atrás de máscaras de isso-é-para-os-outros, mas rasgo a minha sombra com a verdade. E daí surge luz. Quando se avizinham a raiva, a zanga, o ódio, não nego, assumo, integro e entrego a Deus. Ao saber que posso aquelas coisas todas negativas, também está nas minhas mãos, sem ingenuidade, optar pela vida, por pôr os dons a render, por bendizer, por promover a paz, por curar, por fazer o bem. 


Como já escrevi outras vezes, temos tanto poder em decidir por palavras e gestos que poderão ser de morte ou de vida. E cada pessoa, sem comparações, sabe o que realmente pode fazer em bem para si e para o próximo. A conversão leva-nos sempre à vida maior e autêntica, em amor. Sejamos luz. Sejamos Paz.


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