sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Comportamentos em tempo de pandemia



[Secção pensamentos soltos sobre comportamentos em tempo de pandemia] Somos chamados à vida. Tenho isto cada vez mais claro. No entanto, este caminho para a vida é muitas vezes posto à prova desde o instinto da sobrevivência. Manifesta-se pelas necessidades de alimentação, de defesa e de procriação. Este instinto acompanha-nos ao longo da nossa existência de forma mais abrupta ou mais subtil, dependendo da realidade que nos circunda. As nossas dimensões psicológica-emocional, racional, relacional e espiritual ajudam-nos a sentir onde ele aparece e a perceber como se pode humanizar, saindo do registo da sobrevivência para o da vida. E isto precisa de tempo, de muito trabalho interior, empático, de profunda liberdade e consciência do outro. 


Nestes últimos tempos, em que em humanidade nos temos deparado com situações limite, somos confrontados com a sobrevivência. É profundamente natural. Está lá. No entanto, igualmente é o racional de modo a impedir que a, desculpem a palavra, animalidade tome lugar e nos ataquemos uns aos outros de forma selvática, como infelizmente temos assistido com muitos exemplos. Estamos muito cansados e, se não estivermos atentos, é caminho para surgirem os medos (e tantos são) e assim se activarem as defesas e entrarmos em atitudes e comportamentos, por palavras e gestos, reactivos, contribuindo para populismos. Se permitirmos a racionalidade dialogar com as emoções, dando tempo e sentido, então seguimos o passo de acção humanizante e humanizadora.


Respirar fundo, fazer silêncio, avivar a consciência e assim perceber onde se está a ser reactivo: Como respondo? Como conduzo? Como vivo o confinamento? Como sinto realmente os medos? Sinto que os “meus” direitos estão acima de tudo e os outros não importam, atacando nas palavras e gestos? Com as respostas, pensar, reflectir, recordando que cada um de nós, apesar de ter o seu lugar, não é o centro do mundo, e fazer a sua parte em acção por palavras e gestos que tenham o outro em conta, contribuindo para uma sociedade madura, adulta, integradora, inclusiva, chamada à Vida.


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