quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

O amor que cria




[Secção pensamentos soltos no dia de S. Francisco Xavier em tempo de Emergência Nacional] Estes dias tenho buscado de forma particular o silêncio para me encher de luz e amor. E assim ganhar espaço de coração para a escuta das palavras e dos movimentos que falam da agitação destes tempos, tentando dar paz. Recebo este modo de evangelizar, enquanto penso em S. Francisco Xavier que foi além fronteiras, anunciar a força do amor de Deus.


Ainda me está a ecoar algo bonito que o meu afilhado Francisco me disse ontem: “se há coisa que não gosto nada é quando alguém diz ‘bem feito’ a outra pessoa que lhe aconteceu algo de pouco simpático”. É isso! De que adianta dizer esse bem feito vingativo? É libertar energia de frustração. Apenas isso. Faz tanta falta a educação emocional, em que cada pessoa pode conhecer-se desde as emoções. Ao perceber isso, sairia das fronteiras da sua agitação interior, de cansaços, tristezas, raivas e frustrações acumuladas, sendo capaz de se ir libertando e assim perceber o imenso que tem desde o verdadeiro bem que pode fazer. Sim, sei, lá vem a minha ingenuidade, mas acredito que se cada pessoa atravessasse as suas dores de alma, mais vida aconteceria em colaboração uns com outros. O cansaço de combates de existência tem efeitos duros, perversos, que nos desgastam. “O ódio é fogo como o amor, mas o amor cria e o ódio nos destrói”, disse José Mujica, no seu discurso de despedida do parlamento uruguaio.


Para não seguirmos na destruição: Precisamos da Educação. Precisamos da Saúde. Precisamos da Cultura. Precisamos da Arte. Precisamos da Restauração. Precisamos das Viagens. Precisamos do Turismo. Precisamos da Indústria. Precisamos da Agricultura. Precisamos da Política. Precisamos do Ambiente. Não a competirem, mas a colaborarem. Precisamos de reflexão séria, onde, desde a possível distância, depois de libertar o emocional, se pense várias frentes em conjunto a sociedade na riqueza da sua diferença. S. Francisco Xavier tinha tudo para ser um homem de grande fama e poder. “De que vale ganhar o mundo inteiro se se perder a alma”, foi o versículo que levou a perceber que há algo mais importante que poder e fama: anunciar o amor que cria. 


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