Trabalho em papel de Ali Harrison
[Notas sobre corpo, em especial ovários, em política] É preciso falar muito seriamente sobre corpo. Não é novidade. Ser humano é ser corpo. Para mim, enquanto cristão, amplia mais a beleza desta essência: Deus fez-se carne. Todos os orgãos corporais fazem parte desse ser, não são mera funcionalidade materialista. Integram sentido total. Por isso, tomar a decisão de retirar um orgão implica sério discernimento. Fazê-lo por questões políticas, religiosas, ainda mais sem liberdade ou consentimento da pessoa, é um atentado à dignidade humana.
Tal como possam haver leis com carácter eugénico, como o aborto específico de pessoas com deficiência, também imaginar que se conceba a possibilidade de uma lei que determina a remoção dos ovários de uma mulher como castigo, multa, pena, o que for, além de triste e aberrante é não ter consciência de sentido de corpo, pelo menos em antropologia do corpo, sociologia do corpo e de teologia do corpo de século XXI. Ou seja, é não ter consciência de humanidade. Logo, desumano. Logo, oposto à afirmação pró-vida.
Uma visão materialista ou coisificada do ser humano, seja de pendor de direita ou de esquerda, é sempre desumana. Repito: é preciso falar muito seriamente sobre corpo, também muito em especial nos meios políticos.
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