[Secção pensamentos soltos em início de novo tempo de Emergência Nacional] Voltei para o canto onde tenho ido escutar o silêncio. Levei um ícone da Trindade. Em contemplação, imaginei-me sentado na mesma mesa a colocar-lhes muitas perguntas. As mesmas que me vão chegando nos momentos de escuta, em voz ou mensagens, de desabafos. Sem auto-enganos, estes tempos são exigentes.
“Onde estás?”
Talvez seja a pergunta com maiores desejos de resposta. Curiosamente, a primeira pergunta que surge na Bíblia é “onde estás?”. Deus procura o ser humano que quis ser rapidamente como Deus, comendo o fruto da árvore do conhecimento. Deus não se cansa de nos procurar, importando-se connosco, como nos recordou o Papa Francisco há uma semana. Já passou uma semana desde aquele momento histórico da bênção extraordinária. Voltei às suas palavras. A tempestade continua. O entardecer continua. A noite continua. E é o ser humano que agora, como noutros tempos densos de trevas históricas, pergunta: “onde estás, Deus?”
A resposta, silenciosa de palavras, gritante de gestos, acontece em particular naquele momento em que Jesus na cruz, suspirando, entrega o Espírito. O Espírito de serviço, de criatividade, de colaboração, de ímpeto ao crescimento de alma, de liberdade, de comunhão… que chora com os que choram, que anima os que dão tudo para que o outro viva no hospital, que ri com os que elevam o astral a quem está em casa, que serena quem tem de tomar decisões difíceis, que convida cada pessoa a amar como Ele ama. E hoje, para a grande maioria das pessoas, o grande gesto de amor é ficar em casa. [Ícone escrito por Tânia Pires, atelier Sabbat]
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