[Secção pensamentos soltos com coisas de corpo em Domingo de Ramos único] A revista Time antecipou-se à minha publicação. E muito bem. Elegeu como pessoas do ano os profissionais de saúde, pondo na capa as fotografias das marcas na cara. Brinco com o antecipar, pois há dias, com a devida licença, pedi a um amigo enfermeiro para partilhar as fotos que me enviou. Na altura, pensei, vai ser para o texto de Domingo de Ramos.
- Paulo, as marcas contam como pontos para o Céu?
Enquanto vi as fotos o meu pensamento voou para as chagas de Cristo. Não querendo ser simplista, tanto umas como outras, são sinal de entrega maior.
- Contam, sim.
Respondi, rapidamente, como em desejo de o abraçar de forma agradecida.
Contudo, atrevo-me a ir mais longe. Estas marcas são Céu. Obviamente não entendendo o sentido de paraíso mítico, onde só há descanso e prazer. São Céu na medida em que cada um, cada uma que as tem revela a entrega maior de vocação, no cruzar a linha do impossível, diante de algo nunca vivido. Não são seres etéreos, mas de carne. Precisamente por essa carne, ficam as marcas de quem põe solenidade, risco, tudo de si, em nome da vida. É, são marcas de Paixão. A mesma que levou a que o véu do templo se rasgasse pondo Deus face a face com a humanidade. O Deus próximo chora a dor dessas marcas. Não as pode evitar por não querer fazer do ser humano uma marioneta nas suas mãos. Depois de se ter feito carne, assume todas as dores e revela a entrega como sinal de presença. Para quê? Para que cada um de nós, ao ver essa entrega, se desafie na sua vocação neste tempo novo, dando o melhor de si, ajudando como pode: uns é com marcas de corpo e de alma, outros com marcas de alma, outros ficando em casa para não provocar marcas a ninguém.
Tenho rezado em cada dia de forma intensa por vocês. Estas marcas são de humanidade que a todos nos atravessa. Nestes tempos duros, não se trata de heroísmos, mas de disponibilidade para que, mesmo na impossibilidade de evitar morte, a Vida tenha a última palavra. Obrigado a cada um e a cada uma de vocês! Mas o grande agradecimento que somos chamados a dar é, podendo, ficar em casa.
- Contam, sim.
Respondi, rapidamente, como em desejo de o abraçar de forma agradecida.
Contudo, atrevo-me a ir mais longe. Estas marcas são Céu. Obviamente não entendendo o sentido de paraíso mítico, onde só há descanso e prazer. São Céu na medida em que cada um, cada uma que as tem revela a entrega maior de vocação, no cruzar a linha do impossível, diante de algo nunca vivido. Não são seres etéreos, mas de carne. Precisamente por essa carne, ficam as marcas de quem põe solenidade, risco, tudo de si, em nome da vida. É, são marcas de Paixão. A mesma que levou a que o véu do templo se rasgasse pondo Deus face a face com a humanidade. O Deus próximo chora a dor dessas marcas. Não as pode evitar por não querer fazer do ser humano uma marioneta nas suas mãos. Depois de se ter feito carne, assume todas as dores e revela a entrega como sinal de presença. Para quê? Para que cada um de nós, ao ver essa entrega, se desafie na sua vocação neste tempo novo, dando o melhor de si, ajudando como pode: uns é com marcas de corpo e de alma, outros com marcas de alma, outros ficando em casa para não provocar marcas a ninguém.
Tenho rezado em cada dia de forma intensa por vocês. Estas marcas são de humanidade que a todos nos atravessa. Nestes tempos duros, não se trata de heroísmos, mas de disponibilidade para que, mesmo na impossibilidade de evitar morte, a Vida tenha a última palavra. Obrigado a cada um e a cada uma de vocês! Mas o grande agradecimento que somos chamados a dar é, podendo, ficar em casa.
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