segunda-feira, 30 de março de 2020

Caminho de perdão




[Secção pensamentos soltos sobre pedras] “Quem não tiver pecados que atire a primeira pedra”. É das afirmações de Jesus mais conhecidas. Não sei se das repetidas, mas das mais conhecidas, sem dúvida. Sempre que este texto é proposto, em retiros ou na liturgia, como hoje, apanho pedras. Sim, no plural. Pedras que gostaria de atirar a alguém. Hoje não foi diferente. 

As pedras ganham nomes. As memórias feridas, por algo que me fizeram, pelos meus julgamentos precipitados, pelo meu orgulho de me achar detentor de razão, pela minha pequenez ou falta de coragem de falar ou calar nos tempos certos, latejam diante do olhar de Jesus no momento em que contemplo esta cena. Às vezes de forma calma, outras, em velocidade vertiginosa, os acontecimentos avivam-se novamente e pergunto-me, perguntando-Lhe, como viver o perdão. É difícil e exigente. Tal como estes tempos o estão a ser. A resposta ecoa no silêncio: reconhecer que o caminho de perdoar e ser perdoado não é um automatismo ou heroísmo, pois é preciso perceber o lado justo e responsável das coisas, em conjunto com o que verdadeiramente é importante no processo de liberdade. E, apesar de ainda não conseguir, quero dar passos em fazê-lo com aquele olhar sereno pleno de ensinamento de nenhuma condenação, levando a que todos aqueles (todos nós?), do mais velho ao mais novo, saíssem. 

Apesar de terem nomes, repito o mesmo no final de cada oração: deixo-as cair. Ao mesmo tempo, com consciência dos muitos passos ainda a dar na liberdade, peço ajuda a Jesus para ser capaz de tirar totalmente as pedras do meu coração. 


[Partilho também as pistas de de oração, em audio de 2 minutos e algo, que propus para hoje nos Apontamentos de Fé no Ponto SJ]





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