sábado, 24 de novembro de 2018

Padrões




[Secção pensamentos soltos] Os padrões são repetições de feitios em cores ou acontecimentos de vida. São algumas as vezes que, no exame de consciência, na reflexão e oração, apercebo-me de repetir o modo de funcionar em determinadas relações. Ido ao fundo disso, com toda a verdade que me é possível, vejo o que possa estar desajustado, levando-me à aprendizagem inicial de como reagi diante de algo, em geral não muito simpático. Os padrões têm o seu quê de cíclico, normalmente provocados por auto-enganos. Podem ser interrompidos quando se dá nome à realidade. Esse dar nome é temeroso, obrigando-nos, em reverência, a descalçar em terra sagrada que somos. Leva-nos ao momento inicial da criação quando Deus diz ao primeiro humano que nomeie o que o circunda. Ou seja, é doloroso por termos de atravessar o divino em nós e isso significa atravessar também a sombra, com todos os medos, vergonhas, maus silêncios, frustrações, resignações. Dar nome a isso tudo, com o respeito pelo tempo próprio, é romper com a repetição desajustada. Dando nome, torna-se conhecido. Começamos assim a ser nós a controlar. Aos poucos, faz-se um retalho de memórias curadas e o padrão ganha tons de compaixão.


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