domingo, 18 de novembro de 2018

Juízos finais




Abigail Fahey


[Secção pensamentos soltos] O final dos tempos, a hora, o momento, só o Pai é que sabe. Isto recorda-nos Marcos no Evangelho de hoje. Ao rezar o texto, saindo da primeira sensação que possa ter sido incutida de “medo-do-fim-do-mundo-ao-modo-cinematográfico”, apercebi-me das muitas horas finais que passei. Tempos de passagem, de embates de limite, com medos, sim, muitos. A visão muito mitológica de juízo final, com as imagens de destruição, podem impedir o caminho de descoberta de Deus que é Pai com entranhas maternais, na profundidade de amor por cada um de nós. Por outras palavras, Deus que salva e não deus que condena. Afinal, envia Miguel, o chefe dos anjos. Mika-El: aquele que protege, que defende. Essa é a base da relação com Deus: a salvação. Significa isto uma desculpabilização dos maus actos, atitudes, comportamentos, em especial os que advém de jogos de poder? De modo algum. Pelo contrário, deve despertar a noção de responsabilidade, em que cada pessoa possa desbravar o caminho do seu coração e remover o que está petrificado e podre, impedindo o respeito pelo próximo. Essa é a hora da conversão. Este processo por vezes necessita de choque, de abalo tal que leve a questionar até mesmo a existência de Deus. No fundo, os tempos finais, apocalípticos, devem apontar à remoção de todos os ídolos, de tudo o que impeça a visão e escuta de quem Ama totalmente ao ponto de entregar o Filho como final de todos os sacrifícios. O juízo final, esse último, acontece cada vez que decidimos seriamente amar mais. Aí somos obrigados a novo nascimento, em saída de nós mesmos em direcção a quem sofre, a quem precisa, aproximando-nos mais da essência divina.

2 comentários:

  1. Elvira10:59

    Bom dia....Lindas palavras,obrigado pelas partilhas..Abraço

    ResponderEliminar