terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Palavrões




Nancy Bumpus

[Secção desabafos] Se as crianças dizem palavrões? Sim, dizem. Ouve-se aqui e ali, no pátio da escola, na rua, no autocarro, no café ou em casa, de forma mais ou menos cultural, como ofensa ou libertação de tensão. Pode ser dito “caneco”, “flor amarga”, “filho de mel” ou outro neologismo qualquer para ir a esse palavrão que se quer evitar. Justifica-se com isso usar no ensino escolar? Recordo sempre o riso envergonhado quando lemos, no meu ido 9.º ano, “a puta da badana” no Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente. O importante é perceber que na educação nem tudo é válido, nem tudo é evitável, mas tudo pode e deve ser conversado de acordo com a idade e a maturidade. Afinal, não lidamos com massas informes, mas pessoas concretas com maturidades e histórias de vida muito diferentes. Mais uma vez, a educação não pode ser uma deliberação de gabinete… implica muito de terreno, com trabalho pessoal e colaborativo entre educadores (nesta palavra incluo encarregados de educação, docentes e não-docentes) e alunos. Depois, discussões em praça pública a partir de superficialidades de parte a parte apenas provoca o que vai sendo cada vez mais natural: gritos, berros, acusações. Quem perde? Todos nós! Para ganhar, que haja reflexão séria… não tanto pelas leituras do Plano Nacional de Leitura, mas pela percepção de que a Educação é mais séria do que se quer crer na construção da Sociedade.

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