terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Vi(r)agem



Avelina Ferraz


[Coisas boas na vida de um padre] Há ano e meio, fui desafiado a escrever um texto para um livro integrado no projecto “(Re)Inserir na Trofa”, da Associação Asas. Esta Associação, em outros projectos, acompanha pessoas que desejam libertar-se do vício de álcool e drogas. 23 rostos e histórias, 23 escritores e textos, com Vi(r)agem como pano de fundo. Recebi a história da Rosário. Li, fiz silêncio. Reli, novamente silêncio… até perceber como daria corpo às palavras. Em retiro, numa das noites escrevi-o de seguida. Houve trocas de mails, apurando aqui e ali. Até que o “Quando alguém nos espera…” ficou definitivo. Hoje foi o lançamento do “Vi(r)agem”, com o encontro entre nós escritores e respectivos rostos sobre quem escrevemos. Foi emocionante. Nós tínhamos em mãos a intimidade de quem não conhecíamos… e eles sabiam disso. Sentia-se o misto de solenidade e timidez nas nossas trocas de olhares, em busca de quem seria quem. Chegou a minha vez. A Rosário e eu apresentámo-nos. A timidez foi-se dissipando com a conversa solta, entre os autógrafos e sorrisos. As palavras, além do corpo nas histórias escritas, ganharam corpo nos rostos que se conheceram. Pensar que a passagem do livro de Isaías na Missa de hoje termina desta forma: “Eis o vosso Deus. […] Como um pastor apascentará o seu rebanho e reunirá os animais dispersos; tomará os cordeiros em seus braços, conduzirá as ovelhas ao seu descanso.” A Rosário já trabalha e casou com o António, dando mais valor ao “é sempre bom quando nos espera alguém que nos ama.” Ficou combinado um café.



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