Tania Ruda
[Secção pensamentos soltos… muito soltos] Está-me a ser bastante difícil escrever este texto. Nem sei bem explicar a sensação. Na homilia de hoje, diante de mais de 2000 pessoas, a grande parte alunos, falei da importância de sermos co-criadores na construção de um mundo melhor. A importância inclui a consciência de sermos o presente, no aqui e no agora, da humanidade, levando-nos a pôr os meios, na formação humana, académica e técnica, para amar e servir nessa co-criação. Falava de coração… cada vez mais direccionado para a educação, que, de todo, não é uma brincadeira. Por um lado, tendo a base no que e em Quem acredito, falei com o desejo de alimentar a esperança e a confiança. Conheço já bastantes vidas que tinha diante. Por outro, falei com o aperto de ter acordado com a percepção de que o medo ganha cada vez mais terreno no mundo. Basta um pouco de bom senso para perceber como os extremos são sempre preocupantes. Ainda mais, quando se fundamentaliza…. tanto a existência como a inexistência de Deus. Parece-me cada vez mais, graças ao medo em crescendo, que nos afastamos de algo grande enquanto humanos: a liberdade. Por medo, prefere-se a ultra-segurança… que pode estar presente na regra, na doutrina, em muros, em segregações, em limitações da identidade e da cultura, ao ponto de se poder considerar a exclusão, até mesmo a morte, de alguém como caminho viável para afirmar idealismos, nacionalismos, “religiosismos”. Para se educar contra o medo, é preciso tomar consciência também dos monstros que todos levamos dentro e combatê-los, para que a confiança impeça que nos tornemos reactivos, à defesa, fazendo do outro um alvo a abater. Esse medo avança, alimentado por faltas de formação, de educação, de valores que ajudem a pessoa a ganhar pensamento próprio alicerçado em Humanidade. Cada vez mais estamos situados entre escolhas de “mal menor”, quando deveriam ser de “bem maior”. Parece-me que a globalização aumentou o “ambiente aldeia”, em que as “mentes pequenas” crescem a partir de ódio, de inveja, de tremendas faltas de respeito em nome da “minha opinião”. Hoje, houve e há muita surpresa com o “mundo estranho”. No entanto, pena é que as graves lacunas na educação, em especial nas áreas das ciências humanas, não provoquem tanta inquietação. Todos somos o presente da humanidade, chamados a co-criar, a construir um mundo melhor, onde o medo em crescendo possa ser substituído pela confiança e pela esperança. Que se perca o medo, mas nunca de vista que “todas os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade (…) sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.”
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