Eduardo Pires
[Post escrito com a devida autorização] Das bonitas experiências que tenho vivido como director de turma, uma tem sido a relação com o F. Logo no primeiro encontro, quando fui à sala anunciar-lhes que era o novo DT, apercebi-me da sua reacção de distância. Quando os cumprimentei, não queria tocar-me. Fiz um pequeno teste, para confirmar se seria impressão minha, e aproximei-me em jeito de dar-lhe um abraço. Saiu a correr. Respeitei. Na primeira aula, fui dizer a cada um o quão espectacular é. O F. diz-me: “mas eu sou perfeito!” Ao que me dirijo para toda a turma: “alguém tem dúvidas que o F. é perfeito?” Fui juntando pequenos momentos de dar-lhe atenção e espaço, para poder manifestar as suas opiniões. Ele é MUITO inteligente, com a impressionante capacidade de reter MUITA informação. Aos poucos, era ele que já vinha dar-me a mão para e cumprimentar-me em pequenos “murrinhos” amigáveis. Na última aula, desenhou um grande coração no quadro com um “EU” dentro. “Stôr, vai apagar a minha obra prima?” “Óbvio que não!”, respondi, “não é todos os dias que posso ver beleza à minha frente!” Ele riu-se de satisfação. Já tive de levá-lo ao meu gabinete, para ter uma conversa mais em particular e também dar-lhe pequenos raspanetes. Não se importa, pois “o stôr gosta mesmo de toda a gente e de mim também.” Hoje tocou-me no ombro: “DT, não passou pela nossa sala. Tem de lá ir todos os dias!” Assim o farei. O F. tem-me ensinado muito, também no respeito da diferença, em particular de quem vive o síndrome de Asperger.
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