“Sobre o Conceito do Rosto do Filho de Deus”, peça de Romeo Castellucci a ser apresentada amanhã, foi a base do encontro “Ver para a Crer” no Rivoli. Cada vez sou mais adepto, não tanto de debates, mas de conversas. Foi o que aconteceu ontem. Houve uma boa partilha sobre a presença de Deus e da Religião na Arte. De si, a arte tem muito de provocação e parece-me que deve levar a bons questionamentos. Sem ter de haver imediatas explicações, quase como que em racionalismo científico, o “ver para crer” artístico pode abrir novas perspectivas. Esta peça interpela, é incomodativa e dura. Mas, pelo que partilhávamos, não por uma aparente blasfémia ao Rosto do Filho de Deus, mas pelas perguntas que levanta sobre como vivemos, p. ex., a humanidade ou a relação com Deus. Quando se estuda os textos bíblicos, como o fez Romeo Castellucci, percebe-se que a ruptura das imagens relaciona-se com a desinstalação. Afinal, os gritos diante de Deus, podendo roçar a blasfémia, acabam por ser sinal de fé, que não é “kitsch”, envolta em pietismo, mas que arrisca às perguntas e ao movimento dinâmico da busca. Agradeço muito ao Tiago Guedes e à Dina Lopes, pelo convite, à Helena Teixeira da Silva, pela moderação, e ao Pedro Sobrado e Silvano Voltotina pela partilha de ideias. Amanhã há mais conversa, depois do espectáculo, com a presença dos artistas, no Teatro Municipal do Porto - Rivoli.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário