terça-feira, 26 de abril de 2016

"Vou renovar todas as coisas"




Ana Beatriz Ribeiro


Fiquei com o “vou renovar todas as coisas”, lido na Missa deste domingo, a passear pelo pensamento. Como é que acontece esta renovação de tudo? A história mostra-nos como há momentos cíclicos e parece-me que esta fase que atravessamos lateja por renovação. De algum modo é incómodo, estranho, onde a incerteza diante de tanto aumenta a sensação de não se ter chão, tendo em conta a velocidade das mudanças. Atravessar a escuridão é necessário, pondo em causa caminhos antigos e encontrar novas perspectivas de encontro à humanização. É caminho de amor, que implica enfrentar a sombra da alma. Por outras palavras, enfrentar os medos, as culpas impostas, a vergonha instalada, que levaram a que se abafasse a natureza a que cada qual é chamado. Daí que a fé esteja ligada de forma bastante forte ao amor próprio, infelizmente em grande quebra. Dá que pensar as imensas formas de chamar a atenção, nesse desejo de se ser amado. Como não creio num deus paternalista, vejo este “renovar todas as coisas” como libertação de formas de viver a fé que infantilizam. O mais fácil é cumprir regras. O mais difícil e exigente é saber questionar-se, amando(-se) e não quer ficar por aí.

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