Fábio Teixeira
[Secção desabafos, com texto modificado de outro de há dois anos. Lembrei-me dele por, além de continuar a fazer sentido, estar a reviver o mesmo sentimento de confusão diante dos acontecimentos do mundo.]
[Suspiro] Daqueles profundos, depois de pensar: “Que andamos aqui a fazer?”. Que ando aqui a fazer? Não, não se limita à pergunta existencial, filosoficamente talhada para um ensaio ou registo de argumentos políticos. “Que andamos aqui a fazer?” é das perguntas que exigem reflexão por carregar nuances de muitos acontecimentos que cada pessoa vive. E que o mundo vive. É difícil, muito difícil, pensar e viver o justo nos tempos que correm. Na era da informação, onde tudo se sabe, instala-se o “está mal, porque não me dá jeito”, entrando ou pela opinião "porque-sim" ou pela crítica fácil… onde a Memória vai-se desvanecendo para o canto sombrio da existência. Dói estudar História, Sociologia, Antropologia, Filosofia, Literatura e, sim, Teologia, adquirindo a gramática ou o esqueleto da reflexão. O Comunismo fez mal, o Socialismo fez mal, a Monarquia fez mal, o Fascismo fez mal, a República fez mal… o poder da falta de Liberdade faz sempre mal. A Liberdade constrói-se entre perder e ganhar, saindo de si. E é difícil perder. Mais que ganhar. Consegue-se democracia onde os que perdem ganham força para denunciar as injustiças dos que ganharam. Se a força tem como base o rancor, o ódio, a ânsia de proveito próprio, apesar da letra mudar dá-se o virar de disco a tocar a mesma música. Se a força tem como base o querer dar Vida ao outro, a partir da colaboração, já não interessa a competição, mas a vontade de que todos, mais que vencedores, sejam. Talvez aí deixe de ser necessário emigrar, fugir, refugiar-se. “Que andamos aqui a fazer?” Da minha parte, a deixar-me “ser do tamanho do meu sonho”. E saindo de ilusões, a ajudar como posso aqueles que me são confiados a ser gente livre, para além da raça, da cor, do sexo, do credo, do dinheiro, da nação.
Sem comentários:
Enviar um comentário