domingo, 25 de janeiro de 2015

Rosa... sem espinhos: reais e metafóricos




Li Hoang Long


Dava mais um dos meus passeios. Encontrei a D. Maria [nome fictício]. “Olá, está boa? Já há algum tempo que não a vejo pela Missa.” “Sabe como é sr. padre, a vida… a vida…” Reparei que tinha uma mancha estranha perto do olho. Apercebeu-se do meu olhar e prontificou-se, antes que fizesse qualquer pergunta: “tropecei em casa e bati no móvel.” Nestes dias tenho andado mais sensível e emocionei-me. Saiu-me: “D. Maria, posso dar-lhe um abraço?” Ela percebeu que eu percebi que não tinha sido móvel nenhum, mas uma mão. Não sei se fechada. Não sei se aberta. Mas foi uma mão que lhe fez aquela mancha. Aceitou o abraço e chorou. Chorámos. “Tem tempo, sr. padre?” Como não havia de ter. E conversámos. Recordo esta história por ler que esta semana foram 4 mulheres assassinadas em Portugal. Quantas mais começam a ser pouco-a-pouco assassinadas na sua dignidade? Hoje, na Missa, numa tradição na paróquia, os casais renovaram os votos de matrimónio. Na homilia sugeri aos maridos para oferecerem uma rosa às suas mulheres. Não disse, mas subentendia-se: sem espinhos… reais e metafóricos.

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