terça-feira, 27 de janeiro de 2015

70 anos




Kacper Pempel/Reuters


As datas redondas têm maior peso. 70. 70 anos da libertação dos campos de morte. Campos que matavam porque não se era perfeito, em raça dita pura. O fanatismo do homem que conseguiu arrastar multidões a partir da emoção contra o diferente, contra o que a seus olhos não era puro, impedindo assim a existência. Talvez hoje se escute, como já li, “que seca, hoje vai tudo falar de Auschwitz… do holocausto”. Sim, que se fale, que se recorde, e muito, mantendo viva a memória, tal como ainda estão vivas muitas pessoas que têm o infame número tatuado no braço, essa marca de pele que tentava anular o nome, a existência. Foram milhares de judeus, de cultura e religião, centenas de negros, de homossexuais, simplesmente por serem quem eram, e de cristãos que se opuseram frontalmente a essa chacina. 70 anos parece que foi há muito tempo. Mas, na história da humanidade foi “ontem”. Recorde-se também, para impedir que o ódio volte a tomar terreno entre nós, tentando seguir Lévinas, filósofo judeu francês, que apesar de ter perdido toda a família nesses malditos Campos, escreveu que somos infinitamente responsáveis pelo Outro, inclusive pelo carrasco. Lendo isto, faço silêncio, mantendo vivo o sentido de humanidade.

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