Leland Bobbé
(Versión en español en los comentarios)
Quando desço a Rua Fuencarral ou a Preciados (centro de Madrid), encontro quase sempre pessoas a pedir sócios (= €) para ACNUR, Oxfam Internacional, Aldeas Infantiles SOS, Cruz Vermelha, Fundación Josep Carreras, etc. Normalmente, por uma questão de respeito, paro, pois grande parte das vezes aquelas pessoas são votadas ao desprezo de tanta gente. Infelizmente não posso ajudar, o qual explico, depois de dizer que, de alguma forma, também contribuo com a minha própria vida (directa ou indirectamente) em muitas situações que estas instituições também ajudam. Ontem voltei a parar. Desta vez a história é um pouco curiosa. Estavam 4 travestis a pedir para uma Associação de ajuda a pessoas com osteogénese imperfeita (também conhecida como doença de ossos de vidro). Com eles estavam duas raparigas que sofriam da doença. Enquanto descia, um abordou-me:
- Olá “guapo”! Tens um minuto?
-Sim.
Explicou o propósito da recolha de fundos, se queria ser sócio etc. e tal. Respondi-lhe que não poderia ajudar, pois não me iria fazer sócio da associação.
- Ah, és italiano?
- Não, sou português.
- Estás cá a trabalhar?
- Não, estudo.
- Posso saber o quê?
-Sim, claro. Estudo Teologia.
E com ar de muito espanto:
- Não me digas que vais ser padre?
-Sim, vou e já sou diácono.
A sua reacção facial mudou, como se tivesse saído uma máscara, mesmo por detrás de toda a maquilhagem. E já sem voz de festa:
- Não estás a gozar comigo, pois não?
- Porque haveria de o fazer?
- Hmmm, não é suposto uma pessoa como tu parar e falar, por exemplo, comigo. Não estava à espera.
Soltei uma gargalhada.
- Oh, mas... porque não? Porque és travesti? Oh... És uma pessoa, que neste momento está a trabalhar por uma causa e já está.
E desenvolveu-se ali uma conversa de meia dúzia de minutos. Percebi que era uma pessoa em busca da fé. E no final disse-me, ainda com a sua voz natural e de forma sentida:
- Obrigado por teres parado e me escutares.
- Espero que consigam uma boa recolha. Já costumo rezar pelas pessoas que sofrem, mas esta noite, de forma especial, rezarei pelas que sofrem desta doença de ossos de vidro.
- Posso-te pedir que rezes também por mim?
-Claro, com gosto. “¡Suerte!” Adeus.
E abana a cabeça, ajeitando os cabelos e voltando a “máscara”:
- Adeus “guapetón”... ai, desculpa a minha falta de respeito!
Deu uma gargalhada artística. Eu dei outra e segui caminho.
De facto, o possível título deste acontecimento é mesmo: “Actos dos Apóstolos 10, 34”, ou seja: “Pedro tomou a palavra: ‘Verdadeiramente compreendo que Deus não faz acepção de pessoas’”
"Dios no hace acepción de personas" (Hch 10,34)
ResponderEliminarCuando bajo la C/ Fuencarral o la Preciados, encuentro casi siempre personas a pedir asociados (= €) para ACNUR, Oxfam Internacional, Aldeas Infantiles SOS, Cruz Roja, Fundación Josep Carreras, etc. Normalmente, por una cuestión de respecto, paro, pues gran parte de las veces aquellas personas son votadas al desprecio de tanta gente. Infelizmente no puede ayudar, lo que explico, después de decir que, de alguna forma, también contribuyo con mi propia vida (directa o indirectamente) en muchas situaciones que estas instituciones también ayudan. Ayer volví a parar. Esta vez la historia es un poco curiosa. Estaban 4 travestis a pedir para una Asociación de ayuda a personas con osteogénesis imperfecta (también conocida como enfermedad de los huesos de cristal). Con ellos estaban dos chicas que padecían de esta enfermedad. Mientras bajaba, uno me llamó:
- ¡Hola guapo! ¿Tienes un minuto?
- Sí.
Me explicó el propósito de recaudar fondos, se quería hacer asociado, etc. y tal. Le contesté que no podría ayudar, pues no me iría hacer asociado de la asociación.
- Ah, ¿eres italiano?
- No, soy portugués.
- ¿Estás por acá a trabajar?
- No, estudio.
- ¿Se puede saber qué?
- Sí, estudio Teología.
Y con aire muy sorprendido:
- ¿No me digas que vas a ser cura?
- Sí, voy a serlo y ya soy diácono.
Su reacción facial cambió, como si tuviera salido una mascarilla, incluso por detrás de todo el maquillaje. Y ya sin voz de fiesta:
- Estás de broma conmigo, ¿no?
- ¿Porqué lo habría de estar?
- Hmmm, no es supuesto una persona como tú para y hablar, por ejemplo, conmigo. No lo esperaba.
Suelto una carcajada.
- Oh, pero... ¿porqué no? ¿Porqué eres travesti? Oh... Eres una persona, que es este momento está a trabajar por una causa y ya está.
Y se desarrolló una charla de un par de minutos. Percibí que era una persona en búsqueda de fe. Y, al final, me ha dicho, todavía con su voz natural y de forma sentida:
- Gracias por haber parado y escucharme.
- Espero que consigan una buena recaudación. Ya suelo rezar por las personas que sufren, pero esta noche, de forma especial, rezaré por quienes sufren de esta enfermedad de los huesos de cristal.
- ¿Puedo pedirte que también reces por mí?
- Por supuesto, con gusto. ¡Suerte! Adiós.
Y, meneando la cabeza, ajustando los pelos y volviendo la “mascarilla”:
- Adiós guapetón... ai, ¡perdona mi falta de respecto!
Dio una carcajada artística. Yo solté otra de las mías y seguí camino.
De hecho, el posible título de este acontecimiento es: “Hechos de los Apóstoles 10, 34”, es decir, “Pedro tomó la palabra: ‘verdaderamente comprendo que Dios no hace acepción de personas’”
Gostei muito de ver o respeito com que trataste (desculpa-me o tu, mas em Espanha já estás habituado) alguém considerado diferente.
ResponderEliminarNo passado os leprosos eram hostilizados, hoje são os homosexuais, entre outros.
Parabéns e já tinha saudades de ler as tuas opiniões tão cristalinas.
Paula
vidademulheraos40.blogspot.com.
Obrigado!! :)
EliminarUi, e sim, venha o tu... Apesar de agora estar em Paris. (Sim, acabei os estudos por Madrid e agora faço Mestrado em Paris). :)
Sim, hoje a "lepra" é muito diferente... e há que star atento, muito atento.