quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Aos [meus] professores





Queridas professoras, queridos professores,

Pode parecer estranho ou ridículo. Talvez desajustado, mas gostaria de vos agradecer publicamente. Agradecer de coração terem passado pela minha vida. Hoje fui ver O Substituto. Duro, intenso, real. Todos os que estão directa ou indirectamente ligados a educação deveriam vê-lo. É um valente “murro no estômago”. O ampliar da realidade presente no filme pode a ser a imagem do grito que de muitos sai. Se os que governam no âmbito educativo conhecessem de facto a realidade, o olhar para contas feitas ou por fazer seria diferente. Nem o professor seria mais um objecto, como uma cadeira ou uma mesa, nem os alunos seriam postos numa carreira de competitividade, esquecendo os valores mais altos de ser humano, nem a Escola se transformaria em mais uma empresa ou “depósito de filhos” em busca de lucros e objectivos.

A meio do filme comecei a recordar os meus antigos alunos, depois, e de forma bem definida, quem me ensinou a ser para além das matérias. Surgiu-me o forte desejo de agradecer. Talvez se dirá que a entrega faz parte de ser professor. No entanto, também o agradecimento faz parte do reconhecimento dessa mesma entrega, por vezes em dias duros, que não apetece nada ouvir os desaforos, enfrentar a má educação, ou ver o desalento ante a aprendizagem.

Há momentos que ficam na memória de muitas aprendizagens. Sobretudo o recordar o gosto com que as aulas eram dadas. Sim, enquanto via o filme apetecia-me agradecer o que recebi de cada um e cada uma de vocês. Sobretudo quando também tenho na pele a experiência de ser professor, de tentar educar e ensinar, enquanto se escuta no aluno outra realidade para além do caderno que não trouxe, ou da resposta agressiva e desobediente. Fui professor e, obviamente, também tinha vida fora das aulas: exterior e interior. Muitas vezes apeteceu-me dar um valente estalo, uma ou outra vez a voz saiu mais forte, mas há um carinho que fica, a estranha sensação de que se recebe mais do que se dá, literalmente. 

Dentro de dias tenho exame de “Virtudes”. Curioso estar em estudos sobre a fé, esperança e caridade e de seguida aterrar neste filme. A realidade na actualidade pede-nos isso mesmo: cultivar a confiança, no encontro do sentido, na entrega ao outro... sem ser em lugares idílicos, mas no concreto da História.

Com um Abraço, o meu Obrigado a cada uma, a cada um!

2 comentários:

  1. Fiquei com vontade de ver esse filme. O do Adrien Brody... e o outro, dos teus alunos! Abraçooo!

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  2. VAI ver!! É duro, mas muito bom! Sim, como digo, sais com a sensação de um valente "murro" no estômago...

    Quanto ao dos meus alunos... já há argumento, a realização... hmmm, em processo! ;)

    Abraçooo!!!

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