segunda-feira, 9 de maio de 2011

Portugueses e Finlandeses (ou outros)!



Anda a circular um vídeo sobre “o que os finlandeses precisam saber sobre Portugal”.

Vejo o vídeo e, confesso, não fico lá muito animado, sobretudo por vir de uma entidade pública, tendo sido apresentado num Congresso.

Primeiro: não me parece que estejamos em alturas de puxar a um patriotismo exacerbado, sobretudo quando vem de um orgulho ferido, por não nos querem ajudar. Como se fosse a obrigação de primeira ordem. Será assim? Hoje em dia parece que “temos direito a tudo e mais alguma coisa”, mas reconhecer os erros da falta de cumprimento dos deveres não se fala. Preocupa-me que tenhamos de chegar a ponto de ter de pedir ajuda externa e ficarmos ofendidos por estarmos sujeitos (bem, agora foi aceite) a que digam não. Há quanto tempo andamos a receber ajuda externa? Sobretudo para desenvolvimento da agricultura, da formação humana, das redes comerciais, etc., etc. E, olhando para os resultados, que foi feito realmente com a totalidade de dinheiro recebido até hoje? Sem dúvida que houve aplicação, no entanto, chegaríamos a este ponto se tudo fosse aplicado como deveria ser?

Façamos o exercício: A empresta dinheiro a B, dizendo que é para fazer algo concreto. Entretanto, o tempo passa e, além de A pedir mais dinheiro a B, o que tem a fazer é feito a um ritmo muito lento, desordenado. Até usa algum desse dinheiro para outra coisa que não o primeiro projecto. E continua a pedir mais dinheiro a B... sem que haja frutos do projecto inicial. Até quando? Talvez B consiga ter outra percepção e dirá, um dia, que acabou o empréstimo e pede o que lhe deve. E, como a quantidade é muita, já não será só o próprio A a pagar, também os filhos e talvez os netos.

Segundo: Não sei já foi visto por muitos, mas já temos um vídeo de resposta dos finlandeses. E, claro está, “quem ri por último...”. Eles estão bem, não têm problemas de resgate e, se têm alguns conhecimentos de História Universal, acabaram por rir de algumas coisas ditas no “nosso” vídeo.

E leva-me ao terceiro ponto: Os dados apresentados pelo vídeo revelam alguma, para não dizer muita, imaturidade em aceitar a realidade como ela está. E vê-se pela forma como os dados são apresentados: sem uma reflexão prévia, pois analisando algumas afirmações acabamos por perceber que deveríamos ter vergonha em mencionar algumas coisas. É verdade que temos de nos orgulhar pelas descobertas, mas... ter orgulho por termos o menor número de patentes? Pela população portuguesa, sobretudo com excelentes qualificações, sair cada vez mais de Portugal? É certo que Cristóvão Colombo anunciou primeiro a Portugal que tinha descoberto a América, mas... teve de ir a Espanha, pois Portugal não financiou o projecto. Alguém me explica qual o orgulho de “não termos ganho nenhum concurso da Eurovisão”?

Bem, não vou analisar cada ponto.
Mais uma vez concluo que estamos numa altura em que as coisas são vistas e as decisões são tomadas sem grande reflexão. Foram já cometidos muitos erros de governação, infelizmente não admitidos, o que torna tudo ainda mais chocante. Então, não contribuamos para a vergonha nacional, escrevendo e enviando vídeos assim, seja a quem for.

Está na altura de exigir aos nossos governantes de fomentarem uma boa formação na educação, de investirem na investigação (na diferentes áreas científicas e artísticas), na Cultura (que é um dos factores de humanização) e de, uma vez por todas, deixarem de gozar com a cara dos Portugueses.

6 comentários:

  1. Psiu!!!! Pedro!!! Sou eu , Ana Paula , amiga da Elzinha , lembra da gente ?!!! Beijos!!! Adorei seus dois blogs!!!!

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  2. sinceramente, a única coisa que me apraz dizer a esse respeito, é que o vídeo de resposta ainda conseguiu ser mais medíocre.

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  3. Paulo viva, concordo com o que escreves, mas defendo que devemos defender-nos da imagem | ataques que temos vindo a sofrer. Não iria buscar "exemplos" históricos, mas algo como Apresentar os recursos "Kapital Humano" que temos hoje, e temos do melhor no Desporto, na Cultura (em vários campos senão todos das artes), na Ciência, na Diplomacia, na Industria (texteis, cortiça, embarcações recreio e desportivas, etc), Agricultura com produtos muitíssimo apreciados, etc etc ... apenas não nos podemos orgulhar da classe política. Mas isto é algo a que não estamos habituados a fazer, é crónico, nem defendemos o que é nosso nem tão pouco o consumimos.

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  4. sad eyes: pode ser medíocre, no entanto, a irónica mensagem final acaba por nos calar. Saliento que não gostei do tom. Aliás, não gostei, como se nota pelo post, do vídeo português, nem do finlandês. Assim não vamos a lado nenhum...

    Morgado: Estou contigo. Também acho que nos devemos, mais que defender, mostrar, como dizes, que há muita riqueza a vários níveis no nosso país. E que esse mostrar não seja em forma de ataque, que seja em forma de apresentação, sem sermos melhores, nem piores. Há que valorizar positivamente o que temos e somos... E temos e somos muito, mas infelizmente é abafado pela mísera classe política que temos, que só denigre, ainda mais, a nossa Cultura.

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  5. Parabéns pelo blog!!! Já sou seguidora :)Também tenho um de poesias, Espaço Poético. Se quiser conhecer e me seguir lá, será um prazer! www.deborasader.blogspot.com

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  6. Parabéns pelo seu Blog. As reflexões são muito inspiradoras. Continue assim, sem parar, sem cansar!

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