Desmaterialização?
Li não sei onde que quase 50% dos jovens europeus entram em blogues e que essa é uma maneira de estabelecem contactos e de se relacionarem, criando uma imensa rede de conversas, troca de ideias e modas.
Parece que o futuro próximo nos condena ao virtual, que dentro de poucos anos teremos que andar com um computadorzinho às costas e que é através desse aparelho mágico que se fará quase tudo. Um jovem pai dizia-me há pouco tempo que brinca às Barbies com a filha pequena e eu, ingenuamente, ri-me e perguntei que penteados é que inventa para boneca. Não inventa, disse-me ele, escolhe no menu e clica, o mesmo com a cor das unhas, as roupas, etc, a menina fica entretida a ver a transformação da boneca e já sabe quais são os quadradinhos no écran que dão os efeitos que pretende.
Mas, ao mesmo tempo, o futurólogo (verdade, é assim que o apresentam) Alvim Toffler diz que a “4ª vaga” é a que traz o fim da massificação e o regresso ao indivíduo. As pessoas, individualmente consideradas, o caso particular, isso sim, será o mercado do futuro. Back to the basics, mas agora acumulado com a possibilidade de chegar a muita gente ao mesmo tempo, só com um clic, ou seja, é preciso voltar a encontrar o espaço para a personalidade, para o ser em carne e osso, para as suas particularidades únicas e impossíveis de desmaterializar.
Virtual ou real, ou os dois de preferência, dizem-nos os sábios de hoje, de acordo com a sabedoria de sempre. O contacto humano, a presença física ou a posse do que é material, não são substituíveis, apenas podem ser apoiados e alargados com tudo o que se pode alcançar no espaço virtual – o conhecimento, sobretudo, dos livros, das cidades, da história, dos pensamentos – mas, se ficarmos por aí, cedo vamos perceber que temos as mãos vazias.
É por isso que pertencer a um blogue começa por ser uma aproximação, uma espreitadela para ver se podemos passar a “pertencer” para além do mero “conhecer”. E esse é verdadeiramente a grande revolução, conseguirmos desenvolver e manter os laços a partir de um ponto de encontro que se aborda como sendo, e porque é, apenas virtual.
Suzana Toscano é jurista. Actualmente é Assessora do Presidente da República
Li não sei onde que quase 50% dos jovens europeus entram em blogues e que essa é uma maneira de estabelecem contactos e de se relacionarem, criando uma imensa rede de conversas, troca de ideias e modas.
Parece que o futuro próximo nos condena ao virtual, que dentro de poucos anos teremos que andar com um computadorzinho às costas e que é através desse aparelho mágico que se fará quase tudo. Um jovem pai dizia-me há pouco tempo que brinca às Barbies com a filha pequena e eu, ingenuamente, ri-me e perguntei que penteados é que inventa para boneca. Não inventa, disse-me ele, escolhe no menu e clica, o mesmo com a cor das unhas, as roupas, etc, a menina fica entretida a ver a transformação da boneca e já sabe quais são os quadradinhos no écran que dão os efeitos que pretende.
Mas, ao mesmo tempo, o futurólogo (verdade, é assim que o apresentam) Alvim Toffler diz que a “4ª vaga” é a que traz o fim da massificação e o regresso ao indivíduo. As pessoas, individualmente consideradas, o caso particular, isso sim, será o mercado do futuro. Back to the basics, mas agora acumulado com a possibilidade de chegar a muita gente ao mesmo tempo, só com um clic, ou seja, é preciso voltar a encontrar o espaço para a personalidade, para o ser em carne e osso, para as suas particularidades únicas e impossíveis de desmaterializar.
Virtual ou real, ou os dois de preferência, dizem-nos os sábios de hoje, de acordo com a sabedoria de sempre. O contacto humano, a presença física ou a posse do que é material, não são substituíveis, apenas podem ser apoiados e alargados com tudo o que se pode alcançar no espaço virtual – o conhecimento, sobretudo, dos livros, das cidades, da história, dos pensamentos – mas, se ficarmos por aí, cedo vamos perceber que temos as mãos vazias.
É por isso que pertencer a um blogue começa por ser uma aproximação, uma espreitadela para ver se podemos passar a “pertencer” para além do mero “conhecer”. E esse é verdadeiramente a grande revolução, conseguirmos desenvolver e manter os laços a partir de um ponto de encontro que se aborda como sendo, e porque é, apenas virtual.
Suzana Toscano é jurista. Actualmente é Assessora do Presidente da República
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