Arco em sete partes
A 27ª edição da Feira do Arco inaugurou num novo espaço concebido pelo arquitecto espanhol Juan Herreros que substituiu os já familiares pavilhões 7 e 9 pelos pavilhões 12, 14 e 14.1, divididos em dois pisos. Mas as novidades não pararam por aqui. Houve um grande esforço de mudança, embora nem sempre de forma consensual, nomeadamente naquilo que diz respeito à criação artística e à apresentação de projectos comissariados por vários curators internacionais.
Então, vejamos:
· Brasil país convidado. A presença brasileira sentia-se por todo o lado, fosse nas galerias, nos corredores ou nos colóquios. Este convite, que representa uma viragem estratégica para a América latina, surge na sequência do convite dirigido ao México, em edições anteriores. De entre as dezenas de obras de arte expostas ficam-nos ecos de bons artistas brasileiros, pertencentes a diferentes gerações e, em particular, da instalação da dupla brasileira Dias & Riedweg que através da projecção vídeo numa sala com o pavimento simbolicamente forrado de balanças amarelas e verdes, abordou questões interrelacionais e de construção da identidade, temática recorrente na sua obra.
· Pavilhões 12 e 14. O programa geral incluiu 168 galerias e embora uma grande percentagem continuasse a ser de galerias espanholas, a Alemanha, Áustria, Reino Unido, Estados Unidos, Portugal e, este ano, o Brasil constituíram outros pólos fortes. Com uma vasta área de exposição e circulação as galerias sucediam-se com um bom nível de qualidade, apresentando obras maioritariamente de arte contemporânea. Por opção de Lourdes Férnandez, Directora do Arco, a participação de galerias clássicas ou mais tradicionais foi muitíssimo reduzida, sendo quase impossível encontrar as habituais obras de artistas históricos que marcaram grande parte do século XX. Talvez este seja um dos motivos pelos quais a Galeria 111 foi este ano excluída. Ainda assim, era possível encontrar obras de Louise Bourgeois, Piero Manzoni ou Lucio Fontana, na Galeria Karsten Greve.
· Pavilhão 14.1. A estreia de uma nova programação de acentuada componente experimental criou grande expectativa mas, por constrangimentos de espaço, não saiu ganhadora. No mesmo local concentraram-se o Arco 40, Expanded Box, Solo Projects e Performing Arco, a representação brasileira, as colecções institucionais e as editoras de arte. Pese embora o facto de o acesso ser difícil e a circulação também, quando comparada com o programa geral esta secção transmitia uma muito maior vitalidade. Aliás, merece destaque o projecto El Cazador, do artista cubano Carlos Garaicoa.
· Forte presença asiática. Embora em número reduzido, as galerias asiáticas, provenientes sobretudo de Tóquio e Xangai, distinguiram-se pela qualidade das obras e pela forma como estas eram apresentadas. Destacamos a Galeria Shugoarts e os trabalhos em fotografia de Tomoko Yoneda, que transmitem uma espécie de melancolia esclarecida.
· Artistas estrangeiros nas galerias portuguesas. Felizmente parecem ser cada vez mais as galerias portuguesas, nomeadamente a Galeria Cristina Guerra, Filomena Soares e Lisboa 20 que, de forma sistemática, trabalham com artistas internacionais. No entanto, as escolhas que fizeram para esta mostra recaíram quase todas em artistas nacionais. Talvez a estratégia tenha sido boa já que Ricardo Valentim, representado pela Galeria Pedro Cera, foi o grande vencedor do II Prémio Brugal de Arte Emergente, com uma fotografia da série “Start”.
· Artistas portugueses em galerias estrangeiras. Uma surpreendente quantidade e diversidade de artistas portugueses estavam representados em galerias internacionais. É o caso de Jorge Queiroz na Thomas Dane (UK), Jorge Molder na Oliva Arauna (ESP), Julião Sarmento na Fortes Vilaça (BRA), Pedro Calapez na Max Stella (ESP), João Onofre na Toni Tapiés (ESP), Fernanda Fragateiro na Elba Benítez (ESP), Gabriela Albergaria na Vermelho (BRA), Pedro Cabrita Reis na Mai 36 (SUI) e João Louro na Christopher Grimes (EUA).
· Madrid Abierto. Uma vez mais a cidade de Madrid recebeu o Arco com uma programação cultural específica que, para além de exposições nos principais museus, surpreendeu com quatro instalações site specific em vitrines dos grandes armazéns El Corte Inglês. Á semelhança da experiência realizada em 1963 e retomada em 2005, foi convidado um curator, Alfonso de la Torre, que seleccionou quatro artistas para trabalhar o tema “En torno a lo Transparente”. A abertura do novo edifício da CaixaForum, com desenho da dupla de arquitectos Herzog & de Meuron, e a apresentação da sua colecção constituiu outro dos highlights. Desta vastíssima oferta cultural também faziam parte dois novos espaços cuja programação merece ser seguida: a Casa Encendida e o Matadero Madrid.
Imagem:
Galeria Fucares, Pav. 14
© Madalena !!!!!!
A 27ª edição da Feira do Arco inaugurou num novo espaço concebido pelo arquitecto espanhol Juan Herreros que substituiu os já familiares pavilhões 7 e 9 pelos pavilhões 12, 14 e 14.1, divididos em dois pisos. Mas as novidades não pararam por aqui. Houve um grande esforço de mudança, embora nem sempre de forma consensual, nomeadamente naquilo que diz respeito à criação artística e à apresentação de projectos comissariados por vários curators internacionais.
Então, vejamos:
· Brasil país convidado. A presença brasileira sentia-se por todo o lado, fosse nas galerias, nos corredores ou nos colóquios. Este convite, que representa uma viragem estratégica para a América latina, surge na sequência do convite dirigido ao México, em edições anteriores. De entre as dezenas de obras de arte expostas ficam-nos ecos de bons artistas brasileiros, pertencentes a diferentes gerações e, em particular, da instalação da dupla brasileira Dias & Riedweg que através da projecção vídeo numa sala com o pavimento simbolicamente forrado de balanças amarelas e verdes, abordou questões interrelacionais e de construção da identidade, temática recorrente na sua obra.
· Pavilhões 12 e 14. O programa geral incluiu 168 galerias e embora uma grande percentagem continuasse a ser de galerias espanholas, a Alemanha, Áustria, Reino Unido, Estados Unidos, Portugal e, este ano, o Brasil constituíram outros pólos fortes. Com uma vasta área de exposição e circulação as galerias sucediam-se com um bom nível de qualidade, apresentando obras maioritariamente de arte contemporânea. Por opção de Lourdes Férnandez, Directora do Arco, a participação de galerias clássicas ou mais tradicionais foi muitíssimo reduzida, sendo quase impossível encontrar as habituais obras de artistas históricos que marcaram grande parte do século XX. Talvez este seja um dos motivos pelos quais a Galeria 111 foi este ano excluída. Ainda assim, era possível encontrar obras de Louise Bourgeois, Piero Manzoni ou Lucio Fontana, na Galeria Karsten Greve.
· Pavilhão 14.1. A estreia de uma nova programação de acentuada componente experimental criou grande expectativa mas, por constrangimentos de espaço, não saiu ganhadora. No mesmo local concentraram-se o Arco 40, Expanded Box, Solo Projects e Performing Arco, a representação brasileira, as colecções institucionais e as editoras de arte. Pese embora o facto de o acesso ser difícil e a circulação também, quando comparada com o programa geral esta secção transmitia uma muito maior vitalidade. Aliás, merece destaque o projecto El Cazador, do artista cubano Carlos Garaicoa.
· Forte presença asiática. Embora em número reduzido, as galerias asiáticas, provenientes sobretudo de Tóquio e Xangai, distinguiram-se pela qualidade das obras e pela forma como estas eram apresentadas. Destacamos a Galeria Shugoarts e os trabalhos em fotografia de Tomoko Yoneda, que transmitem uma espécie de melancolia esclarecida.
· Artistas estrangeiros nas galerias portuguesas. Felizmente parecem ser cada vez mais as galerias portuguesas, nomeadamente a Galeria Cristina Guerra, Filomena Soares e Lisboa 20 que, de forma sistemática, trabalham com artistas internacionais. No entanto, as escolhas que fizeram para esta mostra recaíram quase todas em artistas nacionais. Talvez a estratégia tenha sido boa já que Ricardo Valentim, representado pela Galeria Pedro Cera, foi o grande vencedor do II Prémio Brugal de Arte Emergente, com uma fotografia da série “Start”.
· Artistas portugueses em galerias estrangeiras. Uma surpreendente quantidade e diversidade de artistas portugueses estavam representados em galerias internacionais. É o caso de Jorge Queiroz na Thomas Dane (UK), Jorge Molder na Oliva Arauna (ESP), Julião Sarmento na Fortes Vilaça (BRA), Pedro Calapez na Max Stella (ESP), João Onofre na Toni Tapiés (ESP), Fernanda Fragateiro na Elba Benítez (ESP), Gabriela Albergaria na Vermelho (BRA), Pedro Cabrita Reis na Mai 36 (SUI) e João Louro na Christopher Grimes (EUA).
· Madrid Abierto. Uma vez mais a cidade de Madrid recebeu o Arco com uma programação cultural específica que, para além de exposições nos principais museus, surpreendeu com quatro instalações site specific em vitrines dos grandes armazéns El Corte Inglês. Á semelhança da experiência realizada em 1963 e retomada em 2005, foi convidado um curator, Alfonso de la Torre, que seleccionou quatro artistas para trabalhar o tema “En torno a lo Transparente”. A abertura do novo edifício da CaixaForum, com desenho da dupla de arquitectos Herzog & de Meuron, e a apresentação da sua colecção constituiu outro dos highlights. Desta vastíssima oferta cultural também faziam parte dois novos espaços cuja programação merece ser seguida: a Casa Encendida e o Matadero Madrid.
Imagem:
Galeria Fucares, Pav. 14
© Madalena !!!!!!
*Madalena Reis é colaboradora da revista L+Arte (e mãe da Vitória)
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