Kátia Guerreiro enche a minha sala com a sua voz quente e apaixonada. O vento lá fora parou, o ar frio acentua a imobilidade das estrelas e, através das janelas, o campo grávido da Primavera parece dormir.
Nem o suave crepitar da lareira só em brasa me retém o pensamento. Voa com as asas da fadista até Goa, voa desvairado até se fixar naquele instante, naquela igreja, onde ouvi a Kátia a rezar cantando o fado Nossa Senhora das Dores. Uma tarde quente, a luz lá fora a romper a penumbra no templo, as nossas almas suspensas da música em pura emoção.
Oiço-o aqui e estou lá. A música ligando dois pontos no infinito, o poema a imaterializar-nos, a desprender-nos a alma, a voz a misturar a vida até isolar apenas aquele momento, dando à memória o sopro mágico da realidade.
Querida Moura,
ResponderEliminaresse é um daqueles momentos que me orgulho de ter vivido ao seu lado. Figura na nossa biblioteca de emoções em comum! E que momentos. Obrigado por mais esta confissão de um passado feliz. Obrigado por me fazer viver tudo de novo através da sua escrita!
Pois é, Pedro, os bons momentos não devem ser confiados só à memória, há que escrevê-los e descrevê-los para se perpetuarem. No futuro haverá certamente muitos momentos felizes, em boa parte somos nós que os fazemos ou que os reconhecemos como tal!Esteja atento, cá fico à espera dos seus registos felizes...
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