domingo, 7 de agosto de 2022

Crianças e Campo(s)


[Secção pensamentos soltos depois de celebrar Missas em Campos de Férias] A primeira coisa que me apetece dizer: tirem as crianças de dentro das casas, levem-nas para a terra, a escavá-la e assim descobrir a beleza das raízes; a subir árvores e assim descobrir o imenso do céu; a banhar-se no rio e envolverem-se de água a atravessar a alma; a encontrar amigos e amigas que, em conjunto, constroem respeito mútuo, compreensão e serviço.


Já foram alguns anos a animar Campos de Férias. Eu era (sou?) conhecido como aquele que “odeia crianças” (dito a revirar olhos), fazendo com que não me largassem. A táctica das cócegas é sempre maravilhosa. De tal maneira vem esse ódio, que estes dias celebrei o casamento de uma animada de há 18 anos, tinha ela 11 anos. Há grande riqueza nesses dias sem telemóvel, videojogos, comida ultra-nem-sei-o-quê, mas cheios de actividades, momentos de reflexão, pó, lama, banhos, noites de encanto. Sim, onde as crianças não têm de ser adultos em miniatura. E vi isto nestes Campos em que fui celebrar Missa: crianças felizes. Cheias de terra e pó e de alegria. Percebi numa das dinâmicas, que, a partir do tema geral, foram vendo novas todas as coisas.


As crianças ensinam-nos, a nós adultos, que não temos de estar em constante produtividade, a provar a existência, a comparar constantemente tudo para sermos os melhores. É possível brincar e aprender a respeitar. É possível parar e aprender a servir. É possível mergulhar e aprender a escutar. Levemos as crianças para a terra, deixando que Deus as modele para a alegria. Obrigado a todos os animadores que tornam tudo isto possível. Também vocês são o rosto de Deus para todos estes participantes. E a vida acontece.


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