sexta-feira, 8 de julho de 2022

Laços familiares



[Secção pensamentos soltos sobre laços familiares] A família é lugar base da sociedade. Aí, do melhor ao pior, aprendem-se os modos de estar. A educação, desde o pegar ou não ao colo, o tipo de comida, a presença ou ausência de pai, mãe, irmãos, avós, tios, primos, acontece desde essa grande complexidade. A família não é uma abstracção, mas uma realidade concreta, a que cada elemento tem algo a dizer para o crescimento de todos.


É maravilhoso podermos dizer que tudo corre bem, que temos a melhor família do mundo, tirar fotografias de grupo alargado, com toda a felicidade. Que bom quando assim é. No entanto, todo o lado sombrio da família também precisa ser trabalhado. Não tem de ser uma fatalidade. Será duro certamente, sobretudo nos casos que se tem de manter o “bom nome da família”, muitas vezes à custa de mentiras e de violência. Mas, assumir o caminho de cura familiar, passa por um trabalho individual e de grupo. Cada pessoa reconhecer o seu lugar de dom e de limite. Também perceber que os cordões umbilicais têm de ser cortados, já que ninguém é extensão de ninguém. 


Tenho acompanhado famílias que se permitem curar. Para tal, arriscam a reconhecer as suas luzes e sombras. Mas, é fundamental perceber que o outro, seja pai, mãe, filho ou filha, avô ou avó, irmã ou irmão, tio ou tia, primo ou prima, não são posse de um estatuto existencial, mas relação que devem encaminhar para a liberdade e amor. Quando isso acontece, libertando-se os compadrios e nepotismos, os rancores e mágoas, toda a sociedade ganha com a maturidade familiar.

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