[Breves notas muito pessoais] Das coisas que mais me tem ajudado a crescer é o libertar-me de auto-enganos. Sobretudo diante de pensamentos, desejos e vontades mais sombrios. Antes de começar o processo mais psico-terapêutico, já aflorava essa libertação com o percurso espiritual. Ainda assim, quer queiramos quer não, somos marcados por um inconsciente colectivo demasiado moralista, levando a que aumente a vergonha quando surgem realidades internas que saem fora do expectável ou idealizado como tendo de ser perfeito. A tendência é aumentar a culpa e o peso.
Quando olhamos a realidade tal qual é, libertando-nos dos tais auto-enganos mais ou menos subtis, consegue-se ir percebendo a raiz de dores, mágoas, frustrações. Não é fácil. É duro. Muito duro. E precisamente por essa dureza, violência interna até, devemos fazê-lo diante de alguém com experiência e que nos escute nesses meandros sombrios sem nos julgar. Há coisas que não é para conversas de amigos.
Todos os conflitos externos começam por conflitos internos. Em geral, porque estão ignorados, incompreendidos, desprezados, mal orientados ou negados. O maior inimigo do ser humano e de muitas das suas dimensões é a ignorância. Quando damos nome, mesmo que feio e que não fique bem na figura social, familiar e religiosa, começamos a ganhar força para integrar, impedindo que se espalhe em soberba ou arrogância. Ao serenar os conflitos internos, damos tempo e espaço, por um lado, à compaixão e misericórdia (que não são lugares de pena e comiseração mas de respeito pela lutas internas da outra pessoa), por outro lado, livre de vingança, ao sentido de justiça que impede deflagrar o mal.
Por isso ser fundamental a educação emocional, o conhecimento de si, para lá de julgamentos imediatos. Examinar a consciência é a oportunidade de, com verdade diante do que é sem rodeios, permitir seguir o caminho da luz a atravessar as sombras da existência. Tenho para mim que muitos conflitos pequenos ou grandes diminuiriam, tal como diminuiria a necessidade de armas. Sejamos Luz. Sejamos Paz.
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