Nossa Senhora do Leite, na Gruta do Leite, em Belém - Palestina
[Secção pensamentos soltos em Dia da Mãe] Das relações mais complexas, senão mesmo a mais, é a mãe-filho, em particular, filha. Complexa não significa má nem boa, significa cheia de pormenores bio-psi-socio-espirituais.
A palavra amém, vinda do hebraico ‘aman, usada como confirmação, reconhecimento de verdade do que foi dito, tem como primeira acepção o vínculo de confiança materna-filial. O útero e o cordão umbilical começam por ser lugar e troca de presença e tanta informação que permite a vida. Junta-se o desejo e com o nascimento bastante oxitocina, também conhecida como hormona do amor, para esse vínculo ser fortalecido com o cuidar, ajudando o novo ser a crescer, também em liberdade. Aqui toca-se o ponto: ajudar a crescer em liberdade. Não se forma apenas um cordão umbilical, mas muitos cordões como resultado dos vínculos, dos modelos de educação, de projecções, de idealizações, que têm necessariamente de ser cortados. Todos. É fácil perceber que se o cordão umbilical não é cortado, ambos morrem. Então, o mesmo acontece com os outros cordões. Tal não significa desprezar, ignorar, anular a relação, apenas transformá-la de modo a que ambos cresçam em maturidade, levando à responsável liberdade. Afinal, o amor não prende, liberta. E o amor materno-filial deve tornar-se o lugar de reconhecimento, agradecimento, cuidado e conforto sem qualquer cobrança.
Quando se ama livremente deseja-se a vida da outra pessoa para lá de ser uma extensão da nossa. Faz todo o sentido dizer que as nossas mães são únicas, no melhor e no pior, porque únicos somos todos, no melhor e no pior. E fazendo crescimento na maturidade, tal abre-nos portas para uma maior compreensão e respeito, não só nas relações materno-filiais, como em todas as outras. Feliz dia da Mãe.
Sem comentários:
Enviar um comentário