domingo, 30 de janeiro de 2022

Escola de Famílias - (In)Fidelidade





[Notas soltas sobre a Escola de Famílias à volta da (in)fidelidade] Quando tenho de falar de temas humanos mais polémicos ou considerados tabu, deparo-me sempre com a necessidade de voltar ao básico. Volta que resulta muito da escuta e observação da realidade. Vou usar absolutos com o perigo de generalização, mas aqui vão: Todos queremos ser bons, especiais, únicos. Todos queremos ter famílias maravilhosas, perfeitas, dignas de publicação, com imensos filtros a dar leveza. Todos queremos não ter qualquer tipo de problemas. Todos queremos que não haja sofrimento no mundo e se for na vida pessoal mais ainda. Surgem as idealizações e as expectativas, junto com as comparações que impedem a constatação da realidade atravessada de luz e sombra. 


Voltar ao básico é recordar que somos seres de relação, manifestando-se em relações, elas mesmas atravessadas de: emoções, sentimentos, provocados pelo instinto de sobrevivência; educação e cultura; racionalidade; e espiritualidade. A fé, antes de irmos para a transcendência, estabelece-se desde o afecto de pele a pele quando nascemos, abrindo-se a realidade de confiança e/ou desconfiança conforme a realidade de vida que vivemos. Ser fiel, antes de ser algo moral, tem de ser trabalhado ao nível existencial. 


A traição e a infidelidade, na sua complexidade, muitas vezes estão ligadas a idealizações de realidade e, mais ainda, ao desconhecimento emocional diante do que se vive na imperfeição, nos desajustes, no sofrimento. O reencontro, a reparação, a reconciliação são possíveis, mas exigem muito trabalho individual e a dois. 


Ontem, falei um pouco mais de tudo isto. Antes, foi partilhado um forte, sentido e bonito testemunho de desencontro e de reconciliação e de seguida estivemos em conversa a Juliana, o Gonçalo e eu sobre como é trabalhar a fidelidade desde o discernimento, apoiados também em Deus. É de extrema importância falar de temas complexos com maturidade e respeito, como ajuda à humanização também da relação-família, ela mesma estruturante da sociedade. Deixo o link para quem quiser ver toda a sessão: https://youtu.be/3x2LycDL9Dg



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